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Coluna do jornal O Tempo de 20 07 09

Chico Maia

Melancólicos e coléricos

A imprensa do Brasil inteiro ainda avalia os motivos da perda do título da Libertadores pelo Cruzeiro dentro do Mineirão. Entre achismos e profecias do acontecido, tudo deve ser levado em consideração, não só pelo Cruzeiro mas por todo clube que almeja chegar a grandes decisões e conquistá-las. Li, vi e ouvi tudo o que pude das mais diversas regiões do país e até da Argentina.

No Brasil, procuramos saber porque os argentinos vencem a maioria absoluta das decisões contra os nossos clubes. Lá, as declarações dos jogadores e dirigentes resumem a situação: “os brasileiros são autoconfiantes além do normal”. A perda da Copa de 1998 para a França é um bom exemplo. Essa mania de achar que “já ganhamos” é uma praga! O Cruzeiro empatou o primeiro jogo em Buenos Aires e voltou comemorando como se já tivesse vencido a final.

Na tarde de quarta feira quase não acreditei no que estava ouvindo: Zezé Perrela, numa entrevista coletiva, se autoelogiando, dizendo dentre outras coisas que o único título que lhe faltava como dirigente é o de campeão do mundo, e que parecia que este seria o ano.

E o presidente do Estudiantes vendo e ouvindo aquilo, para mais tarde contar tudo aos seus jogadores! Uma injeção a mais!

Torcedores

Quem viu o ônibus do Estudiantes chegando ao Mineirão, inicialmente pensou que fosse mais um grupo de torcedores. Os jogadores tanto cantavam e socavam os vidros e teto do veículo, que mais parecia um ritual de guerra. Desceram do ônibus gritando e dando vivas ao clube. Realmente havia uma guerra para ser enfrentada, e o jogo já estava rolando para eles.

Experiência

Cassiá, ex-jogador do Grêmio falou sobre esse tipo de decisão: “Nessas horas o jogador não pode ser melancólico nem colérico; tem que ser racional”. E explicou: “melancólico é o que afina e se esconde do jogo; colérico é o que se enerva, quer partir para a briga, perde o controle da situação e acaba sendo expulso, prejudicando todo o grupo”. Foi o caso.

Manha

Os argentinos são os reis da catimba. Provocam, dão porradas, esperam o adversário se irritar e nunca se abalam com as porradas que levam. Verón entrou em campo com um esparadrapo no rosto, como se a cotovelada que levou do Ramirez em Buenos Aires tivesse deixado alguma marca. Não deixou, mas assustou ao meia do Cruzeiro que esteve nervoso do começo ao fim.

Colérico

Wagner também surpreendeu negativamente. Quis mostrar braveza aos argentinos e só se preocupou com isso. Mal demais. Dos três jogadores que a torcida mais esperava, apenas um jogou: Kléber. Parecia um argentino. Outro detalhe: a presença do governador Aécio Neves no vestiário antes do jogo. Para quê?


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Comentários:
3
  • Márcio disse:

    Achei estranha essa procura de um culpado para o fracasso azul na Libertadores (sua coluna de hoje e mais um milhão de outras pelo Brasil). Simples: O Cruzeiro foi melhor do que todos, menos do que um: O Estudiantes. Lá, o Fábio salvou o time de uma estrondosa e vexamosa derrota. Aqui, o Estudiantes passeou como se em casa estivesse. Aqueles argentinos eram e são os melhores e pronto! Conversa essa do Perrela quando diz que o Cruzeiro perdeu lá de 4 X 0, porque foi um jogo atípico. Não existe 4 X 0 atípico. É supremacia, é ser melhor, é goleada. O mais é lorota de quem havia reservado (será?) passagem para Du Bai. DU BAIrro Preto, isto sim. Agora é abrir o olhos porque a segundona não escolhe os participantes. Os mais espertos é que mandam os desatentos para lá. Mesmo os que não querem ir. E vamos parar de falar nisso. Se não houver coisas mais importantes para a nossa imprensa abordar, será muita pobreza de assunto…
    A nossa imprensa, aquela que não tem outro assunto, não tem visto o Moisés jogar na cabeça da área do Coelhão. Ontem, no Independência, um amigo meu, atleticano, dizia que ele – Moisés – o Zé Rodolfo e o Bruno Mineiro(?) não ficam lá nem até o fim do ano. Acho bom alertar os torcedores, atletas, comissão técnica e diretores do América que, daqui para a frente, o América pode perder todos os jogos, bastando-lhe ganhar tão somente um. Matemática simples: Pode perder o último desta fase, porque já está garantido. No mata-mata, pode perder um e ganhar o outro, desde que resguardado o saldo de gols a seu favor. Pronto. Está na B. O mata-mata restante não vale para nada, senão para definir posições do primeiro ao quarto lugares. Ser campeão, vice, terceiro ou último dos quatro não significa nada. É só um detalhe. Como você não vai ao Independência, posso garantir-lhe que vejo uma luz no fim do túnel. Vejo o criticado Evanilson dando um toque de classe no time – falta-lhe, claro, o vigor da juventude que se foi; O Irênio no comando, também sem o mesmo vigor físico de outrora e o eterno Euller – como corre, como sua, como dá sangue. Falam por aí (principalmente na minha casa) que o centenário do América (2012) pode ser comemorado com o time na Série A. Que os anjos verdes digam: Amém! Abraços.

  • Fred disse:

    Chico. A vitória do Estudiantes foi inquestionável, ponto. Mas o dia em que a Conmebol evoluir e passar a punir por imagens de TV agressões em campo como na Europa e no Brasil, o futebol argentino terá que mudar seu jeito de jogar ou não chegará a nenhuma decisão. Pisões, cusparadas, chutes, tapas, socos e toda sorte de “milongas” que os argentinos usam são tão toleradas na América do Sul que passamos a achar que isso faz parte do jogo. Nós é que temos que aprender a lidar com isso. Ora, isso é um absurdo. Se fossem corretamente punidos, times desfalcados nunca levariam os argentinos à decisão. Isso explica em parte porque há anos os argentinos só ganham alguma coisa aqui na América do Sul. Em Copas do Mundo têm sido um fiasco atrás do outro. Sem essa leniência que temos aqui, eles nunca avançam. E o curioso é que não precisam disso. Têm bola de sobra, mas colocaram na cabeça que catimbar e ofender é raça… e isso ajuda ganhar jogo. Na Conmebol de fato ajuda.

  • Flávio Henrique disse:

    Muito boa a sua coluna sobre a derrota do Cruzeiro pela Libertadores. Análise imparcial, olhar preciso e um comentário que não precisou de fazer média com ninguém.

    Um abraço, Flávio Henrique