Não foi fácil apresentar apenas 10 nomes entre centenas que poderiam estar na lista.
A participação de vocês que frequentam o blog e twitter foi fundamental, para diminuir as eventuais injustiças e dividir o sentimento de culpa por não ter incluído ou tirado grandes nomes.
Da minha lista original, com o coração partido, saíram três, porque outros foram surgindo, devido a lembrança de vocês, de fatos que pesaram na balança.
No frigir dos ovos prevaleceu aquilo que considero sinônimo de Clube Atlético Mineiro: raça, paixão, talento, muito suor e raízes mineiras.
São estes os fatores que pesam para que o torcedor atleticano goste ou não de algum jogador.
É isso que faz com que o Galo continue sendo um dos maiores clubes do Brasil.
Alguns nomes ficaram de fora devido a pressão dos fortes argumentos a favor de Kafunga e João Leite, por exemplo.
Doeu deixar de fora Kafunga, mas entre ele e João Leite, vi o João jogar.
Comecei minha vida de repórter entrevistando este belorizontino tenaz, que superou todo tipo de adversidade para ser titular do time durante tantos anos.
E como deixar quatro goleiros numa lista de dez craques, onde há tantos atacantes e meias geniais para entrar?
Nelinho era outra convicção que eu tinha. O melhor lateral que vi no Galo, o maior chutador do mundo. Nunca vi outro igual, nem na época dele, nem agora.
Mas chegaram argumentos irresistíveis para incluir o Carlyle, genial e genioso, dentro e fora de campo. Vindo do Vale do Jequitinhonha (Almenara), para brilhar com a camisa atleticana e seleção brasileira, em 1948. Não tive o privilégio de vê-lo em ação, mas a história conta que seus gols eram incríveis e que ele foi um dos responsáveis por atrair um grande público feminino para a torcida do Galo.
Para as outras duas vagas de goleiro que saíram da minha lista original, entraram na briga Marques, Guará e Ubaldo Miranda.
A pressão da nova geração alvinegra incluiu Marques, de cara. Nos últimos anos foi o que mais encarnou o espírito atleticano. Além da dedicação ao time, este paulista de Guarulhos adotou Belo Horizonte como a sua cidade para viver e constituir familia. Cativou tanto os atleticanos que foi eleito deputado estadual com 153.225 votos, depois de campanha política discreta, bem ao seu modo de ser.
Os outros nomes que eu tinha foram quase um consenso geral, ficando uma única dúvida para a qual recorri de última hora novamente aos leitores do twitter e blog:
Guará “o Diabo Loiro” ou Ubaldo Miranda, o artilheiro que era carregado pela massa do Independência ao centro da Capital?
Deu Guará, cujo pai não queria que saísse de Ubá para jogar futebol de jeito nenhum.
Marcou 163 gols pelo Atlético, apesar de carreira tão curta. Parou aos 25 anos. Depois de um choque de cabeças, com o zagueiro Caieira, num clássico contra o Cruzeiro, ficou internado 23 dias. Levou oito meses para voltar aos gramados, porém, sem a mesma mobilidade e genialidade.
Virou símbolo de garra e grande futebol, daí a homenagem do maior prêmio do esporte mineiro, o “Troféu Guará”, promovido pela Rádio Itatiaia.
Muitos blogueiros e twitteiros pressionaram para que três dos maiores que já vi na vida não entrassem na lista.
A rivalidade e radicalismo contra o Cruzeiro, faz com que muitos atleticanos não perdoem Reinaldo, Éder e principalmente Cerezo por terem jogado lá.
A ira maior é contra o belorizontino Toninho Cerezo, que era um dos maiores símbolos do amor eterno ao Galo e “traiu” a esta paixão. Uma “escapada”, porém, que salvou o Cruzeiro de um rebaixamento no Brasileiro, e isso pesa até hoje para os radicais.
Mas não há como apagar a história, ainda mais tão recente. Seria a mesma coisa que a União Soviética fazia com aqueles que ela bania do poder e passava a tratar como inimigos do regime. Simplesmente os tirava das fotos, dos filmes e dos textos como se isso fosse capaz de apagar o que eles fizeram juntos no passado.
Ou como fez Adelchi Ziller nos anos 1980/90 em uma das Enciclopédias do Atlético, de sua autoria. Cortava os seus desafetos das fotos ou mutilava as mesmas. Não esqueço de uma foto do time Campeão de 1971, onde o ponta Ronaldo, foi cortado. Grande jogador, tornou-se diretor de futebol do Galo, nos anos 1990, mas contrariou interesses do Adelchi, ganhando a sua inimizade.
Cerezo foi fantástico; jogou demais. Um dos 10 maiores.
Segundo Romário, Reinaldo foi o melhor centroavante que ele viu jogar. E eu vi este pontenovense driblando e marcando gols que nem o fenomenal Romário conseguiu.
Éder era chamado de “a bomba de Vespasiano”, não por causa da atual Cidade do Galo, onde ele não chegou a treinar, mas porque é natural da cidade que fica na divisa com Belo Horizonte. Foi o segundo maior chutador que vi na vida: força e precisão. Só Nelinho para competir com ele.
Cobrava corner como poucos, com direito a muitos gols. Seus lançamentos não saem da memória de quem viu.
Dario foi show, com seus gols incríveis e suas frases antológicas. Carioca, também adotou Belo Horizonte como sua, mesmo tendo jogado nas maiores cidades do país, à exceção de São Paulo.
A história conta que Zé do Monte, volante, nascido em Abaeté, foi a personificação da raça alvinegra. Que não dormia quando perdia um jogo. Atuou de 1946 a 1955. Jogava machucado, sangue escorrendo testa afora. Era comum ver as lágrimas descendo do seu rosto quando um jogo estava acabando e a derrota era iminente, mas ele não parava de correr e gritar com os companheiros enquanto o árbitro não apitasse o fim do jogo.
Pelo que já li e ouvi dos mais velhos, possivelmente Mário de Castro, mineiro de Formiga, foi o maior jogador da história do Atlético, mesmo com carreira tão curta: parou aos 26 anos para se dedicar à medicina.
Primeiro jogador fora do eixo Rio-SP a ser convocado para a seleção brasileira, para a Copa do Mundo de 1930. Disse que só usaria outra camisa que não fosse a do Atlético se tivesse a garantia que seria titular. A então CBD respondeu que ele seria reserva de Carvalho Leite, do Botafogo, e ele não quis saber da seleção.
Marcou 203 gols em apenas 90 jogos com a camisa do Atlético!
Portanto, depois de muita troca de ideias e controvérsias, os nossos 10 maiores do Galo:
João Leite
Zé do Monte
Cerezo
Éder
Reinaldo
Dario
Carlyle
Guará
Mário de Castro
Marques
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