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Mineiros estão sendo solidários também no baixo astral dos seus times

Uma das melhores análises da situação dos nossos times no Brasileiro.

Do Marcio Amorim, americano, a quem agradeço e publico na íntegra:

* Não sei se a frase dita em bincadeira é assim: “o mineiro só é solidário no câncer”. Se não for, façamos de conta que é. Lendo os comentários no espaço que você nos reserva, tenho notado que são solidários também na falta do futebol. Aquela rivalidade tão ferrenha, quando a fase é boa, arrefece na desgraça ou na aproximação dela como agora. Os times de Belo Horizonte estão de mal a pior.
Este clima de sofrimento merece algumas considerações:
1 – O fator “mando de campo” tem sido determinante nas fracas atuações de todos eles;
2 – A falta de ambição em relação a título ou de melhores colocações desaguaram em contratações equivocadas de atletas sem o nível desejado e exigido pela Série A. Há jogadores, nos três times, com atuações risíveis, oscilando para ridículas. Evito citar nomes em respeito ao profissional. Porém, qualquer torcedor saberia relacioná-los;
3 – Entre tantos equívocos, posso citar o caso do América que, além de não ter usado o mineiro para laboratório, principalmente de revelações caseiras, manteve durante muito tempo o técnico que não conseguia dar padrão de jogo ao time, ficando 9 rodadas, chafurdando na lama. O fato de ter perdido para o América de Teófilo Otoni, que posteriormente levaria goleadas homéricas de Atlético e de Cruzeiro, já seria suficiente para não apostar nele no Brasileiro e para dispensar mais da metade do plantel. Foram equivocadamente mantidos;
4 – O Givanildo, tão criticado por muitos, é um grande técnico. Dar padrão de jogo como ele fez a um grupo com tantas e tamanhas deficiências é digno de destaque. Hoje o América joga. Antes, assistia e corria sem rumo dentro de campo;
5 – É a Arena do Jacaré o campo que melhor atende ao América. Torcida pequena que fica no entorno dos bairros do Horto, Floresta, Funcionários, Santa Efigênia e, em sua maioria com idade mais avançada, não pode deslocar-se com tanta freqüência até Sete Lagoas. Muito menos para lugares mais distantes. Eu, que vou a todos os jogos, mesmo sozinho e já “pagando meio ingresso”, sinto-me um irresponsável quando estou retornando, muitas vezes depois de decepções homéricas. O risco é muito grande;
6 – Levar jogos para tão longe como Uberlândia é um desrespeito ao torcedor de BH. Pode até ser que Atlético ou Cruzeiro tenham torcedores lá. Com certeza, o América não tem ou tem pouquíssimos o que é a mesma coisa. O jogo com o Santos deveria ser Em Ipatinga,  pela proximidade já que ida e volta são 440 km. Uberlândia são mais de 500 só de ida. O jovem torcedor trabalha e/ou estuda e não pode estar sempre prestigiando, voltando tarde da noite, com o dia seguinte à sua espera;
7 – O torcedor atleticano ou cruzeirense de outra cidade não é a mesma coisa que um torcedor de BH. Aqui existe um entrosamento entre os torcedores de cada um, cantando músicas já ensaiadas, entoando gritos comuns a todos os jogos. Fora de casa não é o mesmo;
8 – O Flamengo que tem torcedores em todos os cantos do país fica frágil quando joga em Volta Redonda e Macaé, locais em que amargou derrotas que não estavam nos planos do Luxa.
Poderíamos ficar aqui escrevendo uma tese sobre as nuvens negras que ameaçam o futebol mineiro. Fiquemos por aqui com uma pequena mas importante observação: todos achavam que o maior saco de pancadas do Brasileirão seria o América. Vejam na tabela de classificação que quem mais perdeu, por enquanto, foi o Atlético. América e Cruzeiro têm o mesmo número de derrotas. O fato de ser lanterna há tanto tempo é irrelevante para o desfecho final, porque, a partir do 17º todos têm um mesmo destino e não apenas o 20º: A Série B.

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Comentários:
11
  • Márcio Amorim disse:

    Ao Dudu, ao Marcão e ao Clayton “Coelho” e a todos que fizeram comentários de apoio, meus agradecimentos.

    Clayton! Menos, meu irmão! Leio tudo que publicam e dá para perceber a capacidade de muita gente, incluindo a sua. O sucesso do blog do Chico é, também (além da capacidade profissional dele, em que se destaca a imparcialidade), ter participantes educados, equilibrados e cultos.

    Falei apenas o óbvio.

    Alguns que discordam do fator mando de campo, lembro-lhes que não foi dito que apenas isto está levando os clubes ao fracasso. Também isto.

    Aos que citam os exemplos de São Januário, Pacaembu ou Engenhão, lembro-lhes que não se trata de Maracanã ou Morumbi, mas estão nas cidades em que os times que estão por cima têm as sedes e as torcidas.

    O Santos mandava os seus jogos no Pacaembu e, assim que ficou na zona do rebaixamento, voltou para a Vila. Sinal de que faz diferença.

    Bom debater com vocês.

  • Cesar disse:

    Atlético e Cruzeiro estão nesta situação porque cometeram erros parecidos:
    – Atlético apostou em jogadores ultrapassados e perdeu jogadores que podiam fazer a diferença.

    – Cruzeiro apostou em jogadores jovens desconhecidos de times pequenos e se deu mau, tem um que veio da Bahia como grande revelação e sequer entrou em campo até agora.

    E depois os dois apelam para jogadores do exterior que jogaram um pouco aqui foram embora, não jogaram nada la fora e voltaram para não jogar nada aqui. Só para exemplificar o Atlético contratou um jogador que fez alguns gols ao lado de Ganso, Neymar e Robinho, foi para exterior ficou La 13 meses sem fazer um gol sequer e todos inclusive a imprensa mineira ainda estão apostando nele, eu via o Time do Santos e para mim naquele time, no dito popular ele não fedia e não cheirava, o resto do time é que jogava para ele. O Cruzeiro fez a proeza de trazer um Zagueiro da Itália de mais de 30 anos que ninguém, inclusive toda imprensa brasileira sequer sabia que ele existia.

    O que faz uma pequena diferença a favor do cruzeiro é o Montilio contratado ano passado, sem ele com certeza estariam os dois abraçados na Zona de rebaixamento.

    O América, apesar dos esforços infelizmente virou tradição não permanecer mais do que um ano na 1ª Divisão.

  • Junior Gam disse:

    Este papo de Estadio é “balela” o Atletico foi rebaixado em 2005 com o mineirão lotado.

  • Clayton Batista Coelho ( "Claytinho - Só Boleiro do Nova Vista/BH" disse:

    Caro Marcio Amorim,

    Bravo ! Bravíssimo !!!

    Quando eu crescer, eu quero ser “quiném” vc !!! rsrs

    Abraços

  • Marcos 2011 disse:

    Sim meus amigos mineiros, Minas está seriamente ameaçada por uma tragédia que quase “varreu” o futebol da Bahia do mapa do Brasil em 2005. Nesse caso os times baianos não sofriam com falta de estádios em Salvador. Mas nesse caso já foi pior, pois Bahia e Vitória mal se recuperavam o golpe da queda para série B e foram de mãos dadas para série C.
    Graças à avareza do Perrella, à demagogia do Kalil e o pensamento diminuto dos dirigentes do América, o futebol de Minas está jogado em um buraco que ameaça abrir mais e mais…

  • Julio Celeste-Lagoano disse:

    Uma resposta simples para o porquê da diretoria americana mandar o jogo contra o Santos para Uberlândia: DINHEIRO, já que o número de americanos na Arena seria pequeno mesmo e a caída pra serie B praticamente certa então vão pensar só em arrecadar, mandando jogos pra perto da casa dos adversários para que esses com torcida maior possam encher o estádio. Dinheiro também é o que está acabando com o meu Cruzeiro, a diretoria sanguessuga só pensa em encher os seus bolsos.

  • Dudu GALOMAIO BH disse:

    Márcio Amorim “matou a pau”.
    Boas e pertinentes observações…

  • Gjunior disse:

    Boa tarde Chico e amigos.
    A falta de um estádio poderá ocasionar a maior tragédia do futebol de Minas. Tomara que as coisas mudem.

    Falando em mudar, tenho um site sobre as histórias da minha terra, chamada Alvinópolis. Dentre os colunistas, um amigo que mora em Toronto no Canadá, chamado Cristiano. Atleticano autêntico, publica colunas mensais das viagens que faz, sempre levando a bandeira do Galo pelos 4 cantos do mundo. Seu maior objetivo, um Galo de Prata.
    Gostaria que você desse uma olhadinha e veja o que acha.
    Quem sabe possamos encaminhar para alguém no galo.
    Grande abraço e obrigado.

    http://www.alvinews.com.br/coluna/Jornalismo/CristianoOliveira/Berlim2011/Berlim2011.htm

  • Cristiano de Almeida disse:

    Chico, concordo plenamente com seu texto e o que me deixa mais triste é que os times paulistas aos poucos podem tomar grande parte da serie A, ano que vem podemos ter apenas um ou até nenhum representante na serie A e os paulistas podem ter 7 representantes na serie A, quase 50% dos times.

  • Paulo Henrique disse:

    Concordo em partes.

    O mando de campo é importante, mas não pode ser usado para camuflar a incompetência dos dirigentes.

    Apesar da menor renda de bilheteria, o Galo está com mais dinheiro para contratar que nas temporadas anteriores. Porém, joga dinheiro fora. 70 contratações em dois anos e meio? 6 milhões de Euros pelo Guilherme? Jogadores nível série C? Me desculpem!! Mas não há mando de campo que resista a tanta incompetência.

    Qualquer pessoa com um pouco mais de esclarecimento, sabe que o Perrela usou e abusou do Cruzeiro para fins políticos particulares nos últimos dois anos. Como diria o Juca Kfouri “o Perrela faz bem ao Cruzeiro, mas o Cruzeiro faz muito mais bem ao Perrela”.

    E, por fim, a título de exemplo: os cariocas também estão sem o Maracanã, jogam com baixos públicos no Engenhão, mas estão todos os quatro lá na ponta da tabela.

    Diretores mineiros = incompetentes, com ou sem mando de campo.

    Isso sem falar na FMF…..

  • Brilhante texto! Sintetizou como poucos os sentimentos de todo torcedor mineiro. Faltou competência às 3 diretorias que comportaram-se como amadores; futebol de várzea é o que os 3 clubes mineiros estão praticando, e todos correm o mesmo risco: disputarem a famigerada série B. Muito cuidado, CAM, CEC e Coelho!
    – Quando digo “… todo torcedor mineiro”, por favor, considerem o time celeste como tal, esqueçam suas raízes… afinal, óbviamente está RADICADO em nosso Estado! rsrsrsrs…