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Entrevista do Zico que todo dirigente do futebol mineiro deveria ler e guardar

Amigos,

aproveito este período do ano para limpar gavetas e ler ou reler coisas que guardei porque não deu tempo de fazê-lo no decorrer do ano.

Como assinante que sou do O Globo e Folha de S. Paulo, além dos nossos jornais de Belo Horizonte, tem dia que não dá para ler com calma os assuntos de maior interesse e vou empilhando páginas para ler depois.

Essa entrevista do Zico ao Globo no dia 11 de dezembro é sensacional e deveria ser lida por todo dirigente de clube.

Foi sobre os 30 anos da conquista do mundial interclubes em 1981, onde ele dá a receita para se montar times vencedores, e também como se desfazer dessa receita, citando o próprio Flamengo.

Entrevista publicada uma semana antes do Santos tomar aquela surra histórica do Barcelona. Zico refresca a memória de quem só “descobriu” o time catalão naquele jogo, como se fosse a maior novidade do mundo. Uma semana antes, é bom repetir! 

Reforça a tese que defendo: Atlético, Cruzeiro e América já estiveram no caminho das grandes glórias, mas o abandonaram e vêm se dando mal.

É simples: jogador feito em casa sempre vai dar mais retorno, dentro e fora das quatro linhas. Alinhados a jogadores vindos de fora, porém, que se identificam com o clube e a sua torcida.

Cita Jorge Valença, que tinha pegas sensacionais com Tita; fala dos grandes enfrentamentos com o Atlético daqueles tempos; conta casos do goleiro Raul; das arbitragens, seleção brasileira, vida pessoal, enfim, uma aula.

A entrevista, concedida a Pedro Motta Gueiros,

é longa, mas vale demais a pena: 

* ‘Antes de tudo, eu era um torcedor do Flamengo’

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Esse é o legítimo manto sagrado rubro-negro?

ZICO: Essa é a camisa verdadeira da maior conquista do clube. Deve ter passeado em alguma mostra no Japão, ela andou um pouquinho, porque tinha esparadrapo (no lugar da braçadeira de capitão) e caiu. O time estava muito bonito, foi a única vez que jogamos com o nome nas costas.

Os fanáticos, que celebram o Natal no dia do seu nascimento, devem reverenciar essa camisa como o Santo Sudário. O que acha dessa maluquice?

ZICO: Vejo como maluquice mesmo. É muito perigoso, ainda mais hoje dirigindo uma seleção de fanáticos, no Iraque. Tenho o maior respeito, sei da importância que eu tive para muitas pessoas, é legal, mas tudo tem limite. Agradeço pela reverência, mas acreditar nisso seria problemático.

Quando nasce o esquadrão?

ZICO: A gente ganhou unidade em 1977, quando perdeu o titulo para o Vasco nos pênaltis. O Tita entrou só para bater, mas acabou perdendo. Saímos dali, fomos todos para o Barril 1800, no Arpoador, time e comissão técnica. Acabamos até criticados pela Boca Maldita: “Porra, jogador perde e vai sair?”. Fomos principalmente para dar força a um jovem, que estava começando. Em vez de ir cada um para o seu lado, foi todo mundo no ônibus. O Jorge Ben fez até uma música (“Cadê o Pênalti?”) no ônibus naquele dia: “Cadê o pênalti?/que não deram para gente/no primeiro tempo”. Foi um lance em que o Osni foi derrubado e o juiz não deu. Era final do segundo turno. Se a gente ganhasse, haveria dois jogos. O Vasco foi campeão direto. No ano seguinte, aconteceu o contrário. Ganhamos 1978, dali começou a história dos títulos.

O time surgiu da tradição rubro-negra de toque de bola ou são vocês que fundam essa escola?

ZICO: Acho que a gente cria, porque cada um tem sua característica e a vantagem de quem comanda é saber usar isso. O grande mérito do (técnico Cláudio) Coutinho foi saber comandar essa escola, e depois o Carpegiani deu sequência, por estar dentro dela. Começou com a nossa geração, eu, Júnior, Rondinelli, Cantarele, Jaime… Depois veio a do Andrade, Adílio, Tita e Júlio César. Em seguida, Mozer, Leandro e Figueiredo até que as três gerações se juntaram naquele time. Ainda viriam Bebeto, Jorginho, Zinho, Leonardo, Aílton, Zé Carlos, Aldair. O processo continuou até a geração do Marcelinho, Júnior Baiano… que acabou tendo mais sucesso fora do Flamengo. Foi desperdício, não souberam juntar. Liberaram a geração que estava depois da gente, de Bebeto e Jorginho, e perdeu-se um elo. Dali em diante, só Sávio, Juan e Júlio César.

Você vê a aquela escola reviver no atual Barcelona?

ZICO: Claro que vejo. É parecido. O que o Barcelona faz hoje a gente já fazia: não rifar a bola, não ter esse negócio de chutão. Se puder sair jogando, sai sempre. Todo mundo joga quando está com a bola. Sem a bola, todo mundo marca. Talvez, o Barcelona ainda marque melhor A gente marcava em bloco. Pela escola europeia, eles têm mais sentido de marcação individual, só o Messi que não. Você vê que o Villa e o Pedro marcam pra cacete.

Além de técnica, têm muita força para marcar na frente…

ZICO: Se a gente estivesse jogando hoje, estaria com a mesma força física. O Tita e o Lico não marcavam pra cacete? Eu e o Adílio, a gente cercava. Meu irmão, Antunes, dizia: “Se vier muito para trás, vai perder o que tem de melhor”. Se eu não tivesse produtividade na frente, quem ia jogar por mim? Mas várias vezes eu voltava para tirar a bola da nossa área. Tinha quer dar bico, eu dava.

Movimentar-se sem a bola era a melhor forma de ficar com ela?

ZICO: Caso a criatividade não conseguisse resolver, a gente tinha alguns treinamentos de movimentação, coisas ensaiadas, como no basquete. Exemplo: a bola estava com o Leandro e com o Tita na direita. Eu e o Adílio, a gente penetrava. Se a bola não chegasse ali, a gente tinha que recuar para essa bola ser girada novamente com o Andrade, para ir pelo outro lado. Numa virada de jogo, a gente já sabia que haveria uma ultrapassagem do Lico com o Júnior Já sabia que um ia dominar e o outro, passar.

Muitas vezes o Júnior virava meia e Adílio surgia na ponta…

ZICO: Exatamente. O Mozer virava lateral-esquerdo e o Andrade, zagueiro para cobrir o Júnior. Do outro lado, o Marinho fazia lateral, e o Andrade fechava. Com o Coutinho, a gente cansou de fazer treino sobre isso. Sem bola. De ir para a Gávea e ficar só se movimentando, de um lado para outro. Era chato, mas é o tal negócio: o time tinha que jogar em bloco, porque a gente não marcava direito. Se eu saísse para ir na bola, sabia que seria driblado. Então, ía de uma forma que o adversário adiantasse um pouco a bola, para outro roubar. O Coutinho delimitava um espaço. Deu o bote, está todo mundo perto. O problema eram alguns times que viravam o jogo de uma lateral a outra. Complicava, mas não era todo time que ia arriscar.

Naquela goleada por 4 a 1 para o Palmeiras em 1979 no Maracanã foi assim?

ZICO: Ali, não. A gente estava em cima para empatar e levamos dois gols, aos 44 e 46 do segundo tempo. Ainda não tinha tanto acréscimo nem plaquinha. Bateu falta, fez o terceiro. Deu a saída, o quarto. Aquela derrota teve muita repercussão na troca do Coutinho pelo Telê (Santana, que dirigia o Palmeiras) na seleção. Mas a nossa derrota mais vergonhosa foi contra o Botafogo, da Paraíba, por 2 a 1 no Maracanã em 1980. Domingos Bosco, saudoso supervisor, era um cara espertíssimo. Depois do jogo, ele sumiu com a minha roupa e começou a dizer que o Maracanã era uma vergonha, que tinham roubado a roupa do Zico. Fez um factóide.

Os jogos com o Atlético-MG, que decidiram o Brasileiro de 80 e a vaga na semifinal da Libertadores, tinham técnica e tensão máximas. Mesmo entre companheiros de seleção, havia muitas diferenças?

ZICO: O Adílio conta uma história que mostra isso. Os dois times viajaram no mesmo avião para o jogo-extra em Goiânia e o terceiro goleiro deles tinha passado pelo Flamengo. Quando o Adílio foi cumprimentá-lo, o cara disse: “Estamos proibidos de falar com vocês.” O pior racha era entre o Jorge Valença e o Tita, eles se engalfinhavam.

O que aconteceu naquela noite em que o jogo terminou no primeiro tempo? Por que o Atlético teve quase todo o time expulso?

ZICO: Até estranhei quando o (juiz José Roberto) Wright parou o jogo e chamou os dois capitães: “Olha aqui, o primeiro que der por trás eu vou botar para fora, podem avisar seus times”. Eu fui lá, reuni o Flamengo, e o Cerezo fez o mesmo com o Atlético. Não deu cinco minutos, o Reinaldo me deu uma tesoura, eu estranhei: “Porra, não é possível”. Às vezes, o juiz fala alguma coisa, e o cara não acredita. Teve um, não sei se foi o Éder ou o Palhinha, que falou: “Tu não é (sic) homem de me botar para fora”. Aí vai lá, expulsa. Sinceramente, com pureza d’alma, em nenhum momento fiquei feliz de ter ganho daquela forma. Para quem passasse, a chance do título era muito grande. Dos 22 em campo, doze deviam ser da seleção, para que acabar daquela forma? O Flamengo não foi ajudado em nada.

Depois, vocês sofreram juntos na Copa de 82. Faltou algum rubro-negro naquela seleção?

ZICO: O Adílio era um jogador que poderia estar lá. Era muito liso. Com a bola, tinha essa coisa que falam do Messi. Quando botava no pé, era difícil de tirar. O futsal ajudou muito. Quando pegava naquele cantinho do campo, eu sabia que ele ia passar, fiz muito gol assim. A gente tinha uma jogada: quando ele entrava pela meia direita, eu acompanhava pela esquerda. Sem olhar, ele já podia dar a bola. Do outro lado, a mesma coisa. Ficava sempre paralelo a ele. Sabia que o passe vinha. O Adílio era muito rápido para levar o time da defesa para o ataque. Isso me ajudava, porque eu não precisava voltar tanto. Uma coisa completa a outra. Tem que saber do que seu companheiro é capaz e onde ele vai resolver. A gente sabia.

Fizeram vários gols assim…

ZICO: No primeiro jogo da final da Libertadores, eu venho da esquerda, o Adílio dribla pelo meio, rola a bola e eu toco no canto. Contra o Colorado tem um gol bem parecido, e outro no Botafogo, em que eu toco por cima do goleiro. É o Adílio quem vem pela direita e me dá a bola no meio. No primeiro gol lá no Uruguai (na finalíssima), é ele quem tenta fazer isso primeiro. Aí a bola sobra, o Andrade me devolve e eu faço de virada.

Fale do goleiro Raul…

ZICO: A gente brincava muito com ele: “Raul, aí só vai uma bola, mas tem que pegar”. Ele mesmo falava que não era de se jogar muito: “Se não vou pegar a bola, vou me jogar para quê?” Estava num período da carreira que não podia se desgastar tanto. Já tinha feito uma cirurgia na coluna. Tanto é que a gente chamava ele de Paletó Velho, todo amassado. Mas tinha muita personalidade.

Leandro…

ZICO: Foi o primeiro brasileiro que eu vi ser tão bom com a perna direita e com a esquerda. Era um cara que chegava no fundo e não jogava na área: te olhava e dava o passe. Sabia dar o drible, cortava para dentro e metia de esquerda. Fazia as ultrapassagens bem com Tita. E se emocionava com qualquer coisa. Na conquista da Libertadores, ele sobe no carro, faz uma loucura lá no aeroporto. Parece um torcedor. Era uma identificação muito grande que a gente tinha com a torcida, com o time e com o clube.

Júnior…

ZICO: O capacete era qualidade pura, técnica pura. Um cara que tinha um espírito de liderança muito grande, não aceitava derrota em nada. Todo mundo sabia que o desejo dele era jogar no meio, mas foi o melhor na posição que não era dele. Na verdade, jogava quase que no meio, porque havia um grande sincronismo. O Júnior armava o time ali pela esquerda, enxergava tudo.

Complete a escalação…

ZICO: Os dois zagueiros eram de muita firmeza. Bola no alto não tinha para ninguém. Antes mesmo, com o Rondinelli, era difícil de a gente tomar gol bobo. Nosso time era altamente ofensivo e não era tão vazado, ficava muito com a bola, tinha muito mais iniciativa. O Andrade era um cara de quem a bola saía limpa. Marcava e jogava, fazia gol, chegava ao ataque. Era colocação e precisão. Tinha passe e virada de jogo maravilhosos. Aí, havia o Tita e o Lico, um de cada lado. O Lico era de uma habilidade… dificilmente perdia a bola. Meu irmão (Edu) foi técnico dele no Joinville e o indicou ao Flamengo.

Por que o Lico só se firma nos 6 x 0 sobre o Botafogo, a cinco dias da final da Libertadores?

ZICO: Ele já tinha entrado no jogo anterior, no segundo tempo contra o Wilsterman (na vitória de 4 a 1 no Maracanã). Contra o Botafogo, o time começou com o Lico, aí metemos seis e encontramos o tipo de jogo que o Carpegiani queria. Liberam eu e Adílio, puxa Tita e Lico fechando o meio com Andrade, e deixa o Nunes caindo pelos dois lados. Então, tudo encaixou. Sintonia fina.

Além do grande futebol, a conquista sul-americana é lembrada pelo soco do Anselmo e pelas declarações do então presidente Dunshee de Abranches, de que foram oferecidos comprimidos de açúcar aos jogadores como se fosse doping para ter efeito emocional.

ZICO: Não tem sentido brincar com coisa séria, ainda mais o comandante. Pode ter sido um papo entre dirigentes no saguão do hotel. Claro que não chegou na gente. O negócio do Anselmo também foi muito ruim, acabou com a carreira dele. A maior porrada que a gente podia ter dado foi ganhar na bola.

Nunes não era só folclore…

ZICO: Pelo contrário. Vi poucos jogadores com a movimentação dele, de um lado para o outro para receber a bola. Chutava muito bem, tinha uma firmeza grande com as duas pernas. Eu dizia a ele que não precisava sair da área, nada de tabela: “A bola vai chegar, não se preocupa, só se posiciona. Quando eu pego a bola, fica atento que a primeira pessoa que eu olho é você. E quando for lá pelos cantos, mete para trás que tem eu e o Adílio entrando.” Ele entendeu bem, sabia o que tinha o que fazer.

No primeiro gol em Tóquio, ele vem roubar bola na intermediária e o time troca passes até dar tempo de você deixá-lo livre…

ZICO: Eu já tinha visto que ele estava lá. Quando pego a bola, a primeira pessoa que eu olho é o centroavante, sempre foi assim. É o cara mais perto do gol. Tem que matar logo. Só que às vezes eles perdiam e eu tinha que fazer o gol também. Mas o Nunes nunca foi de perder muito gol. Para aproveitar as chances, primeiro é preciso estar bem treinado. Depois, você tem que ser mais rápido, saber que, quanto menos toques na área, melhor para não deixar o goleiro se armar.

Seu gol contra o Grêmio na final de 1982 não ensina isso?

ZICO: Considero aquele um dos gols mais importantes. Domino, ela quica, e tum… Às vezes, você ajeita demais e perde tempo. Se não pudesse dar só um toque, tinha que dar dois mais rápido. Meus gols eram quase sempre com dois toques. O goleiro estava chegando, estava saindo… aprendi com o Antunes. Treinava muito isso: dominar com uma perna e bater com a outra.

Por usar cabelo parecido com o seu e querer vestir a 10, o Tita não tinha certa fixação contigo?

ZICO: Não era comigo, era a camisa 10. Era o desejo dele. Se soubesse disso bem antes, não teria problema. Joguei com a 7, 8, 9, 11… Ele ficava chateado só quando eu não jogava. Aí, os caras passaram a brincar. O Reinaldo era fogo. Uma vez na Itália, ele chegou para o Coutinho: “Quem vai entrar no lugar do Zico sou eu? Então quem vai jogar com a dez sou eu”. Só para implicar, para mexer, coisa de garoto, mas é o tal negócio. Por isso, o Tita acabou perdendo a chance da seleção. Ele fez dois gols contra a Venezuela, de repente, todo mundo se assustou, a gente jogando junto no Flamengo, e ele: “Eu quero jogar no meio.” Aí, o Telê ficou pau da vida. Com ele, e era uma vez só. Depois o Tita viu que foi desnecessário. Você podia tabelar com o Tita, porque a bola vinha redonda, era um dos jogadores que mais tinha técnica, sabia dominar, passar com as duas pernas, cabecear. Era muito bom em todos os fundamentos.

O mesmo Coutinho que preferiu a força do Chicão à técnica do Falcão em 1978 foi quem começou a fazer do Flamengo uma obra de arte. Como os conceitos dele foram se transformando?

ZICO: Primeiro, o Coutinho era muito ligado com negócio de Copa do Mundo, de Holanda e o cacete a quatro. Queria que a gente jogasse igual na seleção e perdeu um pouco a essência do Brasil. Uma vez, fomos jogar contra a seleção do Paraná antes da Copa. O Edu estava lá e virou: “Porra, vocês estão robotizados dentro do campo, ninguém cria nada, nem parece o Brasil”. Na Copa, quando o Coutinho me tirou, não teve problema, falei o que tinha a dizer e me pus à disposição, tanto que voltei. Nunca fui de tomar satisfação com treinador, só disse que o presidente da confederação não precisava anunciar a todos antes de ele falar para mim. Voltei para o Flamengo, acabou, boto uma pedra. A morte dele foi muito dura, a gente tinha uma amizade muito grande. Ele voltou dos EUA dizendo que o Flamengo seria campeão da Libertadores, e a gente foi. Era um cara que confiava no nosso time, então foi um trauma do cacete para todos. Ele foi um dos responsáveis pela montagem daquela equipe e pela forma de jogar. Todos reconheciam isso.

O trabalho tinha uma orientação multidisciplinar?

ZICO: Havia duas modalidades que o Coutinho usava muito, a primeira era a posse de bola do basquete. Lá, os caras têm 24 segundos para arremessar. No futebol, você não tem tempo para chutar em gol. Se puder chegar em cinco segundos, ótimo. Senão, fica com a bola. A bola é ouro. Então, você não vai dar o ouro para o bandido. A outra que era do boxe, do pugilista, que dá uma porrada. Se o cara bambeou, dá a segunda, se puder dá a terceira, derruba logo. Se deixa o cara respirar, ele levanta, mete a faca no seu peito, já era. Nosso time fazia um gol, e corria para tentar decidir logo.

O Flamengo à época era uma potência olímpica…

ZICO: O trabalho integrado nos ajudava muito. Quando me machucava, sempre fazia minha recuperação com o pessoal da natação. Tinha o basquete, atletismo, tiro, o pessoal da bocha… O conhecimento circulava pelo clube.

Entre a goleada no Botafogo e o título sul-americano, o Flamengo fez seis jogos em 15 dias. Como o time ganhou essa maratona?

ZICO: Foi ali que o Francalacci (preparador físico) criou o famoso pijama trainning, aquela coisa de você jogar, dormir, se alimentar e jogar. Ganhando títulos, gratificações e tendo tantas alegrias, todo mundo via que, se fizesse aquilo, o time só ia se dar vem. A gente tinha prazer de estar jogando sempre, de estar todo mundo junto, se cuidando. Por conta da reforma no gramado, treinamos no campo dois (soçaite, de areia) por uns cinco meses naquela época. Como o time jogava muito, era só recuperação e dois toques. A gente ganhou a Libertadores e foi jogar com o Volta Redonda.

Pelé foi ao Maracanã no jogo contra o Cobreloa. Ele tinha um olhar generoso para você?

ZICO: Nunca foi generoso como se tornou depois que eu parei. Sempre muito crítico, disse coisas que machucaram. Quando fui para o Udinese, deu entrevista dizendo que eu não era jogador para dar certo na Itália. Na época, respondi que “da boca do Pelé e de bunda de neném, ninguém sabe o que vem”. Mas para quê lembrar agora? A contribuição dele está acima disso tudo. O Pelé foi o maior de todos. Na primeira vez que o enfrentei, num empate em 0 a 0 no Pacaembu, passei o jogo todo olhando para ele. Quando jogamos juntos (num amistoso contra o Atlético-MG), deu para a gente tabelar, mas ele pipocou para bater o pênalti. (risos)

Quem foi melhor que você?

ZICO: Entre os maiores que vi, ponho Pelé, Garrincha, Maradona, Cruyff e Beckenbauer.

Destino marcante, o Japão é o lugar em que você foi mais longe?

ZICO: São coisas da vida. Lembro que a gente chegou lá às duas da tarde na véspera do jogo, aquele fuso ferrado. Acordei às seis e pouco e fiquei esperando o café. A Sandra estava comigo no quarto. Depois do café, acho que a gente ainda namorou um pouco. Hoje, já posso falar isso. No treino da véspera, eles chegaram depois, todo mundo estranhou aquele campo amarelo, mas não tinha buraco, era uma grama baixinha. A gente tinha muita informação do Liverpool, e eles não procuram nenhuma nossa, acho que isso fez diferença. Normalmente, a gente fazia a corrente no vestiário, mas daquela vez fizemos ali embaixo, antes de entrar em campo. Como os dois times estavam juntos, os ingleses pararam para olhar, mas não teve desprezo nem nada. A gente é que usou aquilo para se motivar, dizendo que eles estavam debochando da nossa reza.

Nos primórdios do marketing, por que sua camisa, em campanhas anteriores ao Mundial, era a única que tinha tarja para cobrir a marca da Adidas?

ZICO: Eu era patrocinado pela Silze. São certos problemas de relacionamento que você se aborrece. Depois, vi que estava errado, e o contrato foi modificado. Tinha também a questão do 13º salário, que vinha incluído nas luvas e era contra lei. Por orientação da diretoria, todos os jogadores tiveram que entrar na Justiça, e o Flamengo passou a pagar.

O Rio e o futebol profissional estavam se transformando…

ZICO: Em 1981, já morava na Barra. Casei em 1975, fui morar na Rua do Matoso até 1977. Para ir treinar, saía de casa, entrava na Haddock Lobo, pegava a Paulo de Frontin e estava na Gávea. Dez minutos na ida e na volta. Quando começou aquela coisa do Metrô, parecia que havia um terremoto no apartamento. Levava 40 minutos no mesmo percurso. Teve um dia que peguei um trânsito do caramba, fiquei irritado e liguei pra Sandra: “Não aguento mais, vamos ver um apartamento na Zona Sul.” Já tinha comprado cobertura na Barra, mas só ficava pronta em 1978.

Virou garoto de Ipanema?

ZICO: Foi uma merda, consegui alugar um três quartos num dos melhores pontos: Prudente de Morais, quase esquina com Garcia D’Ávila, do lado da praia. Minha mulher descia, ia passear com as crianças, andava tudo a pé. Quando ficou pronto, não queria mais ir embora. Na Barra, foi a única vez que fui síndico na vida, porque era o único morador. Aí, falei para o vigia que morava em baixo: “O síndico, vai ser você.” Ainda estava na faculdade, minha mulher com dois filhos, fiz uma maluquice do caramba. Saía da Gávea às cinco da tarde, ía pra Realengo estudar, para depois voltar.

Seus filhos nasceram juntos com as maiores conquistas….

ZICO: O Júnior é de 1977, e o Bruno, de 1978. A diferença é de um ano e um dia. Era o único mês que eu passava inteiro em casa. Fazia em janeiro, nascia em outubro, nossas férias, pô. O Thiago é que nasceu em janeiro, foi (feito) na Copa de 1982.

Qual era o lugar do jogador na sociedade?

ZICO: Jogador não saía em coluna social, não era celebridade, mas já era vigiado. Às vezes, saía que eu tinha bebido uma cerveja a mais. Como a gente estava ganhando sempre, então toda hora tinha festa, mas boate não era a minha. Eu ia muito no restaurante do Mário, no Leblon. Foi ali que eu vi o Djavan surgir. A gente ia a teatro, muito show no Canecão, assistia a todas as atrações internacionais.

Trinta anos depois, o que guarda de mais valioso?

ZICO: O que fica é ter ajudado o meu clube de coração a ganhar o título mais importante de sua história. Antes de tudo, eu era um torcedor. Não entrei no clube para ser profissional, mas para jogar bola pelo Flamengo, que era o meu time. O título é um filme que passa, mas não fico pensando, nem revendo os jogos. Não tem essa de que foi ontem, já faz tempo pra caramba, muita coisa já aconteceu com todos nós depois disso. Só lamento que a gente tenha sido campeão tão longe do nosso torcedor. No Maracanã, gostava de ouvir quando eles cantavam “Oh, meu Mengão”. Quando chegava naquela parte “conte comigo Mengão, acima de tudo rubro-negro”, a gente tinha que fazer um gol. O Cerezo brincava comigo que o jogo já começava 1 a 0 para gente, porque enquanto a torcida do Atlético-MG ainda cantava “é canja, é canja, é canja de galinha”, a nossa estava no “Bumbum, paticumbum, prugurundum”.

Ainda falta alguma coisa?

ZICO: Voltar a jogar no Maracanã. Já que o Brasil não vai passar por lá antes da final da Copa, eu quero ir com o Iraque.


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Comentários:
48
  • R. Marcel disse:

    A entrevista é Excelente. Como o próprio entrevistador afirmou: uma aula.
    Não ouso pontuá-la.
    Gostaria apenas de deixar um único registro.
    O pior da internet são os comentários…
    Gente sem um pingo de elegância, educação de pai e mãe. Gente cobrando na cara dura dos outros os donhos frustrados pela suas próprias medíocres. Esquecem que um dia todos prestarão contas, inclusive de suas néscias e levianas palavras.

  • Josantana disse:

    Um fracassado, perdeu pênalti e eliminou o Brasil na das copas do mundo mais fáceis de se vencer que já disputamos, e ainda envergonhou os brasileiros na Itália com sonegação fiscal.
    Produto da Globo. Só mais um. Seus títulos também, tudo “ganho”, nada conquistado!

  • joao jose disse:

    Têle não ter levado Adilio em 1982 foi erro grande.

  • JURANDIR LEONARDO DA SILVA disse:

    Quem viu o Zico jogar, aprendeu a ser Flamengo, foi o meu caso. Hoje agradeço a Deus por ter vivido aquela época maravilhosa, acompanhando a maior geração de craques que o Brasil já produziu. Hoje em dia não tem muito o que ver.

  • Paulo Correia Lima Neto disse:

    Minha opinião é a seguinte: Zico foi uma excelente profissional e continua sendo uma excelente pessoa. Todos os profissionais sérios do futebol, ou seja, os seus contemporâneos, mais experientes e mais novos, que de fato o conhecem, mais do que a todos, o admiram e o respeitam. É muito fácil achar muitas declarações positivas acerca do Zico, expressadas por Rivelino, Cláudio Coutinho, Reinaldo, Roberto Dinamite, Eurico Miranda, Sócrates, Falcão, Cerezo, Gérson, Leandro, Andrade, Júnior, Raul, Leonardo, Renato Gaúcho, entre muitos outros, inclusive grandes nomes europeus e argentinos. O Pelé, por exemplo, disse que depois dele, Zico foi o maior jogador. O Telê Santana disse que foi o melhor jogador que treinou. O Carpegiane disse que o Zico era até melhor que o Maradona, no sentido de ser mais completo. Enfim, profissionalmente, Zico é uma unanimidade brasileira, italiana e japonesa. Como pessoa, dividiu a sua glória merecida no Flamengo com seus companheiros de clube, ao dividir prêmios seus com o grupo. Levou muitas faltas, e não retrucou quase nenhuma. Perdoou publicamente o seu maior agressor em 1985, o Márcio Nunes do Bangu (que depois pelo Vasco foi também quebrado). Tal falta sofrida teve um prejuízo imenso em sua carreira brilhante. Depois de muitas horas de musculação e adaptação, em decorrência de suas limitações físicas provocadas, mostrou muita força de vontade e personalidade sóbria, agindo como um verdadeiro profissional, ajudando o Flamengo a vencer a Copa União de 1987. Honrando as tradições do lar português e educado no catolicismo, nunca quis ser idolatrado por ninguém, sendo um marido exemplar, um pai amoroso e um homem temente a Deus. Zico para mim é um exemplo de profissionalismo, sucesso e discrição. Portanto, concluo que ser o maior jogador do Flamengo de todos os tempos é um título muito merecido. Forte abraço a todos os leitores deste blog.

  • Clenio Soares da Silva disse:

    Não vi Pelé jogar mas vi ZICO o maior de todos em uma época recheada de craques, digo isto sem medo de errar. Obrigado ZICO pelas tardes e noites maravilhosas que vc me proporcionou.

  • André disse:

    Bom dia a todos!
    Como torcedor atleticano, mas antes torcedor de futebol, acredito que tive o privilégio de ver uma geração de jogadores brasileiros de inigualável talento entre os quais: Zico, Falcão, Sócrates, Júnior, Éder, Nelinho, Cerezo, Joãozinho (ponta esquerda do cruzeiro), Adílio, Cláudio Adào, Roberto Dinamite, Batista, Andrade, Luizinho, Oscar, Reinaldo, dentre outros… Recordo-me que jogávamos futebol de botão e tínhamos os times e sabíamos a escalação até dos rivais, haja vista que o jogador se identificava com o time ao qual pertencia. Recordar é viver de bons momentos, independente de qualquer erro do passado, que possa ter prejudicado qualquer um dos times, fico feliz por poder dizer que eu vi esses craques jogarem, isso não tem título que pague!
    Sou torcedor doente do GALO, acredito que a Libertadores é questão de tempo!!
    Forte abraço a todos os amantes do bom futebol!!
    GALOOO!!!

  • […] Pra encerrar, uma história de uma falha de um juiz que virou música famosa do Jorge bem. Nesta entrevista o Zico relata o […]

  • eduardo disse:

    Grandes jogos do mengão em DVD, acesse http://www.videofutebol.com.br

  • Dudu GALOMAIO BH disse:

    Tem gente que é cego mesmo.
    Não vamos parar no “carrinho” do Reinaldo e citar as outras “palhaçadas” praticadas pelo José Roberto Rato neste jogo.
    Aliás, pouco importa seu time de coração, o que qualquer pessoa com isenção de doença clubística sabe é que o mesmo entrou pra “operar” o time mineiro. Nisso os cariocas são mesmo diferentes, pois são capazes de tudo pra ver o nome do Rio acima dos demais (independente dos meios utilizados pra isso). Caráter e isenção, neste caso, ficam em último lugar. Vide “Caixa-Dágua”, Euricão e tantos outros

    Uma coisa é indiscutível: O Flamengo não teria nem 1/3 dos seus títulos se não fossem as presepadas do futebol. Indiscutível…

  • flavio azevedo disse:

    o arbitro q apitou o jogo é torcedor e conselheiro tricolor, portanto nao é rubro-negro. aquele carrinho que o reinaldo deu é para cartão vermelho e não tem discussão. é a regra! o choro é livre e parabéns pelos 40 anos sem titulos nacionais na elite!

  • audisio disse:

    Concordo com Klang,
    O Atlético foi roubado no Serra Dourada. Reinaldo jogou muito mais do que o Zico, não teve o marketing carioca, mas tecnicamente foi muita mais jogador! Pergunte ao Romário!
    Só não foi campeão da Libertadores e do Brasileiro porque o Flamengo era o time oficial da CBF e dos cariocas.

  • Alisson Sol disse:

    Como alguns já bem escrevem, é preciso separar as coisas:
    – O jogador Zico.
    – A pessoa Zico.
    – A entrevista em si.

    Zico foi um excelente jogador. Mas fracassou enormemente na seleção, perdendo penalidades que, se ele não fosse do Rio, teriam jogado-o ao esquecimento.

    A pessoa Zico eu não conheço, mas a “pessoa pública” que ele apresentou ao longo dos anos deixou algumas marcas que, de novo, eu não entendo. Zico foi Ministro dos Esportes no governo Collor, e isto passou ao largo na entrevista. Sua relação com o próprio Flamengo é coisa de deixar alguns dirigentes mineiros parecendo “mecenas”.

    E, ao final, vejam algumas das “perguntas” desta entrevista:
    – Quando nasce o esquadrão?
    – O Flamengo à época era uma potência olímpica…
    – Virou garoto de Ipanema?

    Nem dá para comentar. É estudo de caso de como fazer uma agrado no entrevistado a cada pergunta, ao invés de fazer questões que realmente merecem resposta.

  • Ramon Menezes disse:

    Qualquer semelhança com o que sai de bunda de neném é mera coincidencia hehehe
    “Nunca fomos ajudados em nada.” kkkkk

  • Paulo Koller disse:

    Zico foi um ótimo jogador (como este espaço é historicamente democrático, não consigo vê-lo como “craque”, no sentido literal da palavra – pois não me lembro de grandes exibições dele na Seleção contra outras Seleções ditas “grandes”, além de entender que a alcunha de “jogador do Maracanã” – maldosamente criada pea imprensa de SP – faz algum sentido…).

    Como pessoa: não o conheço pessoalmente, mas tendo como base suas entrevistas, sua irritação ao ser comparado ao Pelé (chiliquinho no Programa Supertécnico, com Milton Neves, na Band, anos 90 ao ser chamado de “Pelé da Gávea”), sua alienação ao argumentar que o Flamengo não foi beneficiado em nada pelos árbitros, o caso mal-explicado da sua saída da direção do Flamengo no ano passado e a inversão de ônus no fatídico Flamengo x Atlético de 1981, só posso concluir que se trata de um ególatra (mais discreto que um “Romário”, por exemplo), narcisista ao extremo, um pouco demagogo.

    Fato: se jogasse no Botafogo, seria 50% menos famoso; se os árbitros não influenciassem o Brasileiro de 83 (contra o Grêmio) e a Libertadores de 81, não teria 30% do “cartaz” que tem hoje.

    O respeito como ex-jogador. Não o admiro como pessoa.

  • Dudu GALOMAIO BH disse:

    Apesar de não ser má pessoa, se o Zico fosse tão correto teria vergonha de defender o Wright e o seu Flamengo, no maior escândalo de arbitragem do futebol brasileiro.

  • Dudu GALOMAIO BH disse:

    No mundo sempre tem os “eternamente bandidos” e os “eternamente santos”.

    Edmundo, Reinaldo, Serginho “Chulapa”, Romário, Leão e outros sempre foram tratados como craques mas sempre tiveram fama ruim como pessoa, na visão principalmente da imprensa (formadora de opinião).

    Já Zico, Tostão e outros sempre foram os “santinhos da mamãe”.

    Isso é bobagem. Assim como os primeiros não são tão ordinários, os últimos também tem podridão pra contar. Enche o saco essa história de “beatificar” alguns grandes ídolos…

  • Antonio Catão Jr. disse:

    Que Zico foi um craque não há dúvidas. Agora quanto ao seu caráter, até hoje ele evita de entrar na Itália, pois foi condenado por sonegação de impostos à época que atuava pela Udinese. Se colocar os pés em solo Italiano, é Xadrez!

  • Zico foi um dos jogadores mais completos que tive o prazer de acompanhar, e seu profissionalismo é digno de ser copiado por alguns ditos “profissionais” que atuam em MG; mencionar nomes é desnecessário, pois, os torcedores sabem quem são os chinelinhos, os fofoqueiros, os improdutivos…
    – Mas tentar “apagar” a mancha que ficou na história do bom futebol envolvendo o CAM e o Flamengo em 1980, é tentar desviar o que de fato ocorreu; o que ficou prá história é que àquele juiz foi tendencioso, mal-intencionado e mau-caráter. O que realmente ocorreu é que a CBF e a mídia do eixo maldito queriam classificar o CRF, e assim ocorreu!

  • walter negão disse:

    oi amigi, queremos sua abalizada opinão, se Berola Danilinho e Bernard podem jogar juntos.

    obrigado
    walter negão da radio america fm de várzea da palma.

    – várzea da palma mg

  • Afonso Ligório de Faria disse:

    Caro Chico Maia, meu abraço.
    Toda a imprensa está surpreendida com o bom futebol praticado pelo Barcelona e dizendo que o futebol brasileiro está superado.
    Já vi isto antes com a Holanda em 1974. Era um time de jogo compacto e objetivo. Todos os jogadores, os melhores da época, jogavam de forma compacta, com resultados de muitos gols. Naquela época afirmaram que o futebol brasileiro havia acabado e que a Holanda era imbatível. Isto é de momento. Depois de 74 ganhamos a Copas de 94 e 2002, sendo vice-campeões em 1998. E a Holanda?
    Atenciosamente,
    Afonso Ligório (torcedor de América, sempre!)

    – Belo Horizonte-MG

  • Klang disse:

    Como levar esse Zico a sério? Parei no “O Flamengo não foi ajudado em nada.” Fala com ele pra rever a final de 80, com aquele impedimento absurdo marcado do Palhinha e logo em seguida Reinaldo foi expulso por reclamar e ficar em frente à bola. No youtube tem o vídeo. Amém.

  • tom vital disse:

    Muito bom.Ótima entrevista…Pena que esse Mengão do Zico.Foi o mengão
    que não deixou o Grande Galo ser Campeão.

  • Venilson Fonseca disse:

    Chico, não sei o porque do título deste post: não vi nada demais naquilo que o Zico fala, como se ele fosse mais inteligente que todos. Não vi ele fazer trabalhos excelente em nenhum clube por onde passou. E também não acho que o Flamengo dele jogava como joga o Barcelona: mais um mito. Basta assistir um ou dois jogos no Youtube, do Flamengo daquela época, para perceber que as coisas não eram bem assim. Inclusive, em relação ao jogo contra o Galo, na Libertadores, ele mente descaradamente. De novo, basta assistir a este jogo no Youtube e comprovar. Além disso, te encaminho uma fala do Palhinha sobre este mesmo jogo, onde o Zico entende que não houve nada demais:
    “PALHINHA – O Wright entrou em campo para nos prejudicar. Expulsou o Reinaldo numa jogada que não era para expulsão. Logo a seguir o Eder foi expulso , alegando agressão sendo que o Eder trombou com o Wright.
    Pensamos que com nove em campo ainda dava pra encarar mas quando cheguei no meio campo vi que ele expulsou o Chicão tambem , eu não aguentei e mandei o Wright pra aquele lugar e falei que se ele queria prejudicar o Atletico era para me expulsar tambem. Me expulsou e então não teve mais jogo.”
    A íntegra está aqui: http://ftt-futeboldetodosostempos.blogspot.com/2010/09/o-craque-disse-e-eu-anotei-palhinha.html
    Abraços.

  • Alberto disse:

    Bons tempos, que não voltam!!

  • alex disse:

    No texto onde está escrito:

    “Até estranhei quando o (juiz José Roberto) Wright parou o jogo e chamou os dois capitães..”

    Leia-se:

    “Até estranhei quando o (flamenguista) Wright parou o jogo e chamou os dois capitães..”

    Aquele jogo não prejudicou só o Atlético, mas também todo o futebol mineiro.

    Como foi o jogo do Cruzeiro contra o Vasco em 1974.

  • Rodrigo Assis disse:

    Meu sonho é ver o Zico treinando o Atlético

    Precisamos de um técnico com mentalidade vencedora, sem medo do desafio de tirar-nos dessa fila de 40 anos.

    E que quando os jogadores nos momentos difpíceis olharem para o banco, vejam um cara que é reconhecidamente um vencedor, e naum um derrotado (Cuca, Roth, Dorival e etc…)

  • Renato Paiva disse:

    Saindo do post, o Mancini disse que o Atlético jogou como se fosse um jogo beneficente contra o Cruzeiro (http://www.mg.superesportes.com.br/app/noticias/futebol/atletico-mg/2011/12/26/noticia_atletico_mg,205367/mancini-afirma-que-classico-decisivo-foi-como-um-jogo-beneficente-para-atleticanos.shtml).
    Pergunto: alguém tem dúvida de que o jogo não foi beneficente? Beneficiou e muito ao próprio Cruzeiro.
    O que causa estranheza é o fato de o presidente Alexandre Kalil, que parece ser um camarada enérgico, implorar aos jogadores para que eles jogassem o jogo da vida deles, oferecer bicho gordo e o time jogar daquela forma. Me desculpem, mas não dá pra esquecer o ocorrido naquele trágico domingo. Abs.

  • sergio disse:

    Com relação ao que o Clayton disse acima, que não existem mais jogadores assim, penso que está difícil encontrar é gente de bom caráter. Em todo lugar. Quando eu era menino tive oportunidade de conversar pessoalmente com o Telê.Cara muito bacana, pessoa legal. É isso que falta hoje. Um abraço.

  • @cabrito2606 disse:

    Uai, Chico, cadê meu comentário que estava aqui?

    @cabrito2606

  • sergio disse:

    Na minha opinião um grande jogador, de Flamengo e Maracanã. Quem se lembra do jogo com a Itália em 1982? Até hoje tenho a impressão que o cara não entrou em campo. Gosto de lembrar do Romário em 1993, ele chegando no Rio na sexta, jogo no domingo com o Uruguai. O cara falou : vou classificar o Brasil. Precisávamos da vitória para ir para a Copa dos Estados Unidos. Partida difícil, dois gols dele, classificação. O resto da história todo mundo sabe. Um abraço.

  • Marcos 2011 disse:

    Essa entrevista de Zico serve de cala-boca para muitos atleticanos que ainda pensam que aquele grande Flamengo de início de anos 80 ganhava tudo na base de roubalheiras contra o Galo. Nem mesmo os erros grosseiros de arbitragem de Wright e Aragão tiravam o brilho e os méritos daquele ótimo time do Flamengo, onde o Zico, na ocasião, era o melhor camisa 10 depois de Pelé. Enquanto o time rubro-negro foi crescendo em torcida, títulos e prestígio nacional, o Atlético por exemplo foi diminuindo de tamanho, talvez de torcida, segue numa seca de grandes títulos e ainda amargou um rebaixamento à segunda divisão. E ainda tem atleticano que não vê o seu time diminuir pois ainda chora o episódio ‘Serra Dourada 81’.

    Infelizmente, hoje em dia, aqui em Minas não se cultiva o mesmo planejamento de times como o Barcelona de hoje, o Flamengo dos anos 80, o Inter de 2006, o São Paulo de Telê e o imortal Santos de Pelé. Nossos cartolas não tem amor nem zelo pelos clubes que dirigem: ou surrupiam o clube para se bancarem às custas do mesmo ou querem fazer média em twitters da vida para enganar o torcedor mineiro. Não vamos nos iludir nação mineira: enquanto Minas não parar de se preocupar com eixo Rio-São Paulo e repensar o seu futebol como um todo ficará ainda mais distantes destes estados e se rebaixará ao nível de estados como Bahia, Pernambuco e Goiás. Ainda mais que, segundo informações que tive, a hegemonia de paulistas e cariocas poderá virar de vez um monopólio no campeonato nacional, com os novos contratos assinados entre clubes e rede Globo.

  • mauricio souza disse:

    Outra do Cerezo, falando da torcida do fla, depois ainda fala que é atreticano

  • Marconi disse:

    Chico, bom dia,em primeiro lugar admiro seu trabalho e te acompanho desde a década de 80 ainda no Minas Esporte parabéns por ser um repórter sério e sem pirotecnia…
    Deixa eu dividir com você um fato que me aflige em relação ao Galo, a imprensa está divulgando a quatro cantos e a diretoria comprou a ideia de que o Atlético só precisa de contratações pontuais, na minha opinião isso serva para o Santos que precisa de um lateral esquerdo e um zagueiro não para o Galo que não tem um camisa dez, não tem ataque , não tem laterais e não tem goleiro ou alguem ainda acha que Mancini, Berola, Daniel Carvalho, Serginho, Richarlyson, André, Renan Ribeiro,Danilinho formarão um time para ganhar titulos…
    Vai ser mais um ano de sofrimento…
    Abraços.

    – Viçosa

  • Luciano Nogueira disse:

    Mas essa do Wright é brincadeira. Melhor seria ele dar uma desviada da pergunta. Naquele tempo, jogador nenhum era expulso por uma entrada, e a do Reinaldo nele foi de lado.

  • http://twitter.com/@cabrito2606 disse:

    Chico,

    Flamengo, Zico, Writh e Globo são os iguais que se atraíram para os mesmos propósitos. Na época, o clima tenso no pais da ditadura militar costurava os retalhos para transição de da ditadura militar, para a ditadura da informação, onde a Globo do Roberto Marinho recebeu a faixa presidencial que ainda comanda este pais com punhos de ferro.
    O time do Galo era a pedra no meio do caminho deste citados, onde a ordem era não vencer e não aparecer na telinha. O punho erguido do Rei simbolizava toda a oposição ao que se costurava e hoje a mortalha roxa veste este país dos pés a cabeça. Isto é o Brasil da pilm..plim.
    Zico era a figura vendida como modelo de subserviência e o Flamengo era a mentira em matéria de futebol que nascia torto, dando forma à este nosso futebol praticados por pedras disformes de “craques”, que os “traficantes”, por $$$$$$ empurra aqui e ali nos clubes já falidos pelo vício deste comércio lucrativo.
    O Barcelona, 31 anos depois, revelou este acetato batido pelo lambe..lambe do poder atual desta nação.
    Zico fantoche, não trairia seus iguais, portanto, não serve de exemplo para a liberdade do futebol deste Brasil da Globo.
    @cabrito2606

  • Geovany Altissimo disse:

    Esse jogo da libertadores e a final de 77 são os jogos que ainda não acabaram, pelo menos pra nos atleticanos. Estão entalados na nossa garganta, dureza viu.

  • J.B.CRUZ disse:

    Quando ZICO responde a pergunta do repórter, quem foi melhor que ele dizendo que foi: PELÉ GARRINCHA,CRUIFF, MARADONA e BECKENBAUER, nota-se um laivo de humildade, por que para seus admiradores(me inclua nessa)tranquilamente, depois de PELÉ e GARRINCHA, TOSTÃO é seguido lado a lado com ele(ZICO) e logo após completando o quinteto, surge na minha opinião, DIRCEU LOPES (o 10 de ouro) do futebol Mineiro…Todos GÊNIOS…..

  • Vicente Paulo disse:

    Em entrevista a radio Itatiaia o técnico do Atlético sub 17 que foi campeão, disse que os jogadores são maioria da região, entretanto somente um de BH. Enquanto não aproveitar os meninos aqui de BH, esses sim conhece e sabem a história de cada time daqui, abrir espaço para esses meninos como é o caso do Felipe Souto e Bernard, seria ter jogadores comprometidos com os nosso clubes mineiros. Na região de Belo Horizonte divisa com Ribeirão das Neves o que tem de meninos lá com potêncial é impressionante, entretanto não serve para Atlético, Cruzeiro nem América, se bem que o último tem alguns jogadores de lá que conheço. É “sacanagem”, desculpe o termo, com esses meninos quando vão fazer as famosas peneiradas nesses clubes. Discutir o que está acontecendo nas categorias de base é muito complicado, tem muito empresário ganho dinheiro com isso, então vamos ter critérios ao falar de identificação de jogadores da base com os nossos times.

  • EDUARDO BH disse:

    o flamengo não foi ajudado em nada contra o Galo no Serra Dourada?
    aí o Zico se deixou levar pela paixão…

  • samuel elias disse:

    Bom dia, gostaria de saber como adquirir e qt custa o ingresso para o jogo beneficiente dos amigos do Neymar nesta terca feira…

    Sem mais, agradeco..

    – prudente de morais

  • JERRY LEWIS disse:

    No Galo só uns 3 ou 4 pensam assim.

  • Herminio disse:

    Impossivel ler isso.Um dos piores já colocados aqui.

  • mauricio souza disse:

    Estou lendo que o Bicharllyson, está fazendo lobby para jogar ao lado do irmão. Boa oportunidade para o Galo mandar ele pro Vasco.

  • Aurélio disse:

    Como se o Zico fosse desmerecer a vitória falando que o Wright realmente prejudicou o Galo. Se bobear devem ser amigos.

  • Clayton Batista Coelho ( Claytinho - Só Boleiro do Nova Vista/BH ) disse:

    Infelizmente, aqui no Brasil, não existem mais jogadores assim.

  • Raff Catalan disse:

    Olá Chico, agradeço o anexo do meu vídeo ao post “Os royalties do minério e uma pergunta simples: para que serve o IPHAN ?”… Gostaria de solicitar uma correção, é “Raff” e não “Ralf” se possível, por favor.

    Infelizmente, estes debates sobre Conceição vão longe…

    Sobre a foto de “esta é a primeira visão que o visitante tem”… a visão mudou bastante já, pra pior. Parte da praça desmoronou córrego a dentro e outro casarão antes desse, aquele ali do “Kelé” também foi ao chão. Tenho esta foto e posso lhe encaminhar, só não consegui localizar seu email, se puder me passar.

    Grande abraço.
    Raff Catalan