Blog do Chico Maia

Acompanhe o Chico

A voz das urnas e a manutenção dos feudos nas entidades do esporte

Nesta segunda-feira de “ressaca cívica”, o negócio é comemorar a eleição de tanta gente boa país afora e festejar mais ainda a não eleição e principalmente a não reeleição de um monte de gente ruim.

Também há reeleições a lamentar, mas felizmente, minoria, na maioria das cidades.

A lamentar também a não reeleição de alguns poucos, gente correta, boa para a política, mas que não conseguiu novo mandato.

Parabéns a Conceição do Mato Dentro que deu ao Reinaldinho um mandato próprio de prefeito, já que atualmente apenas completa o mandato de outros que foram impugnados e cassados nestes quase quatro anos.

No Rio, aleluia, a torcida do Flamengo percebeu que a Patrícia Amorim apenas usava o clube para seus interesses políticos e deu um “sonoro não” a ela nas urnas, como diria o saudoso Leonel Brizola.

Caiu da média de 21 mil votos que teve nas duas eleições anteriores para menos de 12 mil, e dançou.

Em São Paulo, mesmo com a dinheirama toda do Ministério dos Esportes, o ex-ministro da pasta, Orlando Silva, foi outro derrotado nas urnas; o mesmo acontecendo com Marcelinho Carioca, que usou indevidamente a imagem de atuais jogadores e comissão técnica do Corinthians em sua campanha para vereador, mas também dançou.

Nas entidades esportivas é que “ditaduras” ainda resistem e a legislação ultrapassada ainda permite sucessivas reeleições, como a do Nuzman, por exemplo, no COB, sexta-feira passada.

Veja essa reportagem do portal Ig: 

* “Em seu momento mais contestado, Nuzman reeleito no COB” sexta

NUZMAN

Por aclamação, dirigente terá novo mandato aprovado pela Assembleia Geral da entidade, justamente quando vive uma fase de críticas e denúncias

Sem nenhum tipo de surpresa, o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) a vitória de Carlos Arthur Nuzman como presidente da entidade para os próximos quatros anos (2013/16). A chapa única, que tem como vice-presidente André Richer reeleita com apoio maciço do colégio eleitoral do COB, 32 dos 33 votos possíveis. Mas a vitória de Nuzman chega também em meio a um de seus momentos mais conturbados à frente do órgão que comanda o esporte olímpico brasileiro, envolvido em denúncias e críticas.

O primeiro golpe sofrido pela candidatura de Nuzman tem ligação direta com esta nova reeleição. No cargo desde 1º/7/1995, o dirigente vem sendo questionando de forma veemente nas últimas semanas pelo deputado federal e ex-jogador Romário, que vem usando a tribuna da Câmara Federal para criticar o continuísmo do dirigente. “O presidente do COB, Carlos Nuzman, tá querendo se reeleger mais uma vez agora em outubro. Se conseguir, também chegará duas décadas à frente do COB. E para quê?”, perguntou Romário, em texto publicado em seu site oficial, no último dia 17 de setembro.

Ao seu modo, Romário apenas ecoava um sentimento que já nascera dentro do próprio governo federal. Recentemente, em um evento no Rio de Janeiro, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, evitou declarar se eventualmente votaria em Nuzman na eleição do COB, mas defendeu que todas as entidades esportivas (COB incluso) estabeleçam um limite de tempo nos mandatos de seus dirigentes. O ministro, inclusive, chegou a sugerir que as entidades que não promovessem esta alternância de poder não recebessem recursos públicos.

O outro arranhão na imagem do presidente do COB tem a ver com outro ponto bastante contestado: o fato de ele acumular também o cargo de presidente do comitê dos Jogos Olímpicos do Rio 2016. Foi justamente o órgão que cuida da organização das próximas Olimpíadas que causou a maior dor de cabeça para Nuzman neste seu período pré-eleitoral, com o caso do roubo de documentos sigilosos do comitê de Londres 2012.

Funcionários do comitê brasileiro, que trabalhavam em um programa de transferência de conhecimento entre as cidades-sede, copiaram sem autorização arquivos com informações ligadas ao setor de segurança e infraestrutura. Os britânicos reclamaram oficialmente com Nuzman e o Rio 2016 se encarregou de devolver os arquivos copiados indevidamente. Nove funcionários foram demitidos do comitê por conta deste episódio. Mais uma vez, Romário não deixou a bola cair e bateu forte novamente no COB. “Está mais que comprovado a falta de decência desta entidade, o fato só escancara o que vem acontecendo com o esporte do Brasil”, escreveu Romário em seu site.

Diante da repercussão (internacional inclusive) negativa que teve o caso, Nuzman convocou uma entrevista coletiva para dar sua versão. Ao ser perguntado se pensava em pedir afastamento de um dos cargos – presidência do COB ou do Rio 2016 – o dirigente foi categórico. “No dia seguinte após o Rio de Janeiro ter sido eleito como sede dos Jogos de 2016, perguntei ao presidente do COI [Comitê Olímpico Internacional] se ele via algum problema de eu acumular as duas funções. E ele disse que não”, disse Nuzman.

Novamente o dirigente foi confrontado por Romário. Nesta última terça-feira, o deputado publicou em sua página oficial um duro discurso contra Nuzman, lançando suspeitas sobre o esquema de distribuição e venda de ingressos para os Jogos de 2016. Ele aproveitou e fez um apelo à presidenta Dilma Rousseff para que o assunto seja investigado. 

Oposição solitária

Na eleição desta sexta-feira, a única voz dissonante na eleição de Carlos Nuzman para novo mandato, a da CBDG (Confederação Brasileira de Desportos no Gelo), envolvida por sinal em uma nova denúncia contra o COB. Em reportagem divulgada pela “ESPN Brasil”, Eric Maleson, presidente da CBDG, afirmou que pessoas ligadas ao COB invadiram a sede de sua entidade. O COB chegou a emitir nota oficial, dizendo que era ele quem pagava o aluguel da sala, mas a CBDG mostrou ter um contrato de sublocação feito pelo COB. 

Blog Espírito Olímpico: COB realiza eleição inútil

Aparentemente alheio a este verdadeiro tsunami, Carlos Arthur Nuzman tem como maior trunfo para justificar sua permanência no cargo a fartura de dinheiro público aplicado no esporte olímpico brasileiro. Desde 2004, com a aprovação da lei Agnelo/Piva – que transfere recursos das loterias para as confederações – o COB repassou e administrou um total de R$ 797,7 milhões, segundo dados publicados no próprio site da entidade.

Os números também jogam a favor de Nuzman quando o assunto é número de medalhas conquistadas em Jogos Olímpicos. Nas cinco edições olímpicas com o COB sendo comandado por ele (de Atlanta 1996 a Londres 2012), o Brasil conquistou um total de 69 medalhas, sendo 14 de ouro, 20 de prata e 35 de bronze, média de 13,8 medalhas por Olimpíadas. Antes de ele assumir a presidência, foram 39 medalhas conquistadas em 16 participações (nove de ouro, dez de prata e 20 de bronze), com uma média de 2,4 por campanha olímpica. A entidade só esquece de mencionar nesta estatística que antes da chegada de Nuzman ao poder, a preparação brasileira para as Olimpíadas tinha uma quantidade infinitamente menor de recursos financeiros.

Outros feitos importantes obtidos durante as seguidas gestões de Carlos Arthur Nuzman no comando do esporte olímpico brasileiro foram as vitórias nas eleições para sediar os Jogos Pan-Americanos de 2007 e os Jogos Olímpicos de 2016, quando pela primeira vez um país da América do Sul organizará a principal competição poliesportiva do mundo. 

Poucos presidentes

Entidade que está perto de completar 100 anos – foi fundada em 8 de junho de 1914 -, o COB não teve sua história política marcada por uma grande alternância de poder. No total, somente oito pessoas comandaram o COB em seus 98 anos de existência. Confira abaixo a lista de todos os seus presidentes:

8/6/1914 a 20/5/1935: Fernando Mendes de Almeida
20/05/1935 a 1º/7/1947: Antônio Prado Júnior
2/07/1947 a 08/10/1950: Arnaldo Guinle
9/10/1950 a 14/1/1963: José Ferreira do Santos
15/1/1963 a 5/11/1963: Áttlia Ache
6/11/1963 a 16/10/1990: Sylvio de Magalhães Padilha
17/10/1990 a 31/6/1995: André Gustavo Richer
A partir de 1º/7/1995: Carlos Arthur Nuzman

* http://esporte.ig.com.br/maisesportes/2012-10-05/em-seu-momento-mais-contestado-nuzman-sera-reeleito-no-cob-nesta-sexta.html 

A lamentar também, a sujeira que os candidatos promovem nas portas das zonas eleitorais, conforme critica o Duke …DUKE

Hoje, no Super Notícia.


» Comentar

Comentários:
8
  • J.B.CRUZ disse:

    O interessante é que nesse embrólio entre P.S.D.B. x P.T., quem está no lucro é o P.S.B… Surge na política um nome novo: EDUARDO CAMPOS…
    Deu uma surra em lula na terra dele(PERNAMBUCO), e de quebra aqui em B.H com apoio de AÉCIO, enterrou de vez DILMA E LULA..Já está formada a chapa presidencial para 2.014: AÉCIO-EDUARDO CAMPOS…….Com a reeleição de NUSMANN para o COB, confirma-se a falta de líderes em todos os setores atualmente…Só dá cabeça-cozida..

  • Stefano Venuto Barbosa disse:

    Lauro se adiantou e falou o que eu queria, Alberto Rodrigues foi punido pela conduta vergonhosa e acabou arrastando o coleguinha pro mesmo barco.

  • lauro disse:

    Marcão pelo menos uma vez concordo com sua opnião, eu acho que o PT esta precisando de dar um tempo !!!!

  • lauro disse:

    A eleição para a camara de bh teve dois bons recados para os politicos, o primeiro foi a troca de 50% das cadeiras mostrou que a população esta mais conciente com a conduta do vereador que quer a reeleição e o outro recado foi para os funcionários da itatiaia que antigamente era so trabalhar e falar no microfone da radio que ja era eleito agora o povo mostrou que so isto não basta,

    Alberto Rodrigues – foi punido pela má conduta na Camara

    Alvaro Damião – se não foi eleito é porque faltou proposta, so falar de futebol é pouco .

  • Roger disse:

    Cruzeirense pode votar? Mesmo sem titulo ha muito, muito tempo?

  • Alisson Sol disse:

    Vou tentar registrar novamente meu apelo aos eleitores para que consultem as declarações de bens dos candidatos na Internet, antes das eleições, e guardem os valores. Tem candidato que entra para o “serviço público”, e parece descobrir uma veia empresarial fantástica…

  • Completando meu raciocínio:
    – Parabéns Antônio Silva e Vérdi, Varginha estará em boas mãos!

  • Aqui em Varginha, os eleitores foram imparciais e deram uma resposta nas urnas: não ao PT, ainda bem!
    – Nesta corrida eleitoral, o PT fez o de costume: propaganda enganosa, principalmente na área de saúde pública, que está um caos…