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Picaretas e picaretagens em torno do futebol

Direto de Montes Claros os jornalista Christiano Jilvan sugeriu ótimas histórias de jogadores de futebol “inventados” que quase se tornaram reais.

O resumo de cinco está no blog “Última Divisão”, aliás, muito bom sinal.

* “Histórias a contar, personagens a descobrir” 5 falsos jogadores que estiveram perto (hein?) de reforçar grandes equipes

Por Emanuel Colombari 

Se você não acompanhou a história de Rodrigo Souza nos últimos dias, pode ter perdido um dos casos mais bizarros do futebol brasileiro nos últimos anos. Coisa digna de Prenda-me se for capaz, aquele filme do Leonardo di Caprio com o Tom Hanks.

Seguinte: Rodrigo Souza, 25 anos, divulgou uma nota por meio de sua assessoria de imprensa para comunicar que estava se desligando do Flamengo. Seria uma notícia comum, mas acontece que Rodrigo, lateral-direito de ofício, não é jogador de futebol – ou, ao menos, não conseguiu comprovar nenhum vínculo com qualquer clube.

jogador-falsoO “jogador” à direita

A história foi divulgada por Antônio Boaventura, assessor de imprensa contratado pelo “jogador” em 2012. No currículo, Rodrigo Souza passou por América-MG, Feyenoord, Palmeiras, Atlético-PR e Vasco, dentre outros clubes e picaretagens. Além disso, foi campeão mundial sub-17 pela Seleção Brasileira em 2003. Depois de procurar – sem sucesso – informações e dados sob seu contratado, Boaventura assumiu a bronca e denunciou o jogador à imprensa.

A história foi bem contada pelos jornalistas e ganhou repercussão em diversos veículos, como Lance!, Terra (aqui e aqui) e Folha de São Paulo. No entanto, não foi a primeira vez que alguém “criou” um jogador de currículo vitorioso ou com uma perspectiva de futuro brilhante. Muita gente já tentou tirar uma casquinha ou pregar uma peça. Lembra?

Masal Bugduv (Arsenal)

Sem dúvidas, o caso mais famoso do mundo no quesito “enganações futebolísticas”. Em janeiro de 2009, o jornal inglês The Times elaborou uma lista de 50 jovens revelações do futebol mundial. Dentre os nomes citados, o 30° colocado era Masal Bugduv, da Moldávia. Atleta de 16 anos do Olímpia Balti, ele era cotado para reforçar o Arsenal – segundo, acredite, um blog. Com um artigo na Wikipédia e algumas reportagens forjadas creditadas à agência Associated Press, o boato ganhou credibilidade suficiente para entrar na lista do Times.

A divulgação da lista fez com que o nome de Bugduv se tornasse objeto de interesse internacional. Aí, veio o problema: nenhuma evidência de existência do jovem atacante foi encontrada. Jogos pela seleção da Moldávia? Não. Registros na imprensa local? Nenhum. Evidentemente, a casa começou a cair.

Restou ao jornal publicar uma errata, admitindo a falha. A partir daí, a própria imprensa inglesa percebeu ter caído em uma farsa tacanha e mal-feita. Exemplo disso: o nome de um dos jornais que ligavam Bugduv ao Arsenal, o Diario Mo Thon, pode ser traduzido como (perdão pela falta de gentileza) Diário Meu Rabo. Não faltaram reflexões (positivas) a respeito do caso.

Néstor Coratella (Villarreal)

Na América do Sul, Néstor “Colibri” Coratella foi um pioneiro. Em agosto de 2010, o jogador uruguaio, criado nas categorias de base do Danúbio, foi “contratado” pelo Villarreal, da Espanha. Parte da imprensa espanhola embarcou na notícia de que Coratella havia sido comprado por 3 milhões de euros. E olhe que ele nem existia.

A farsa foi criada por um grupo de torcedores do Uruguai, que até mesmo elaborou um fã-clube para “Colibri” no Facebook. No YouTube, vídeos do jovem astro passaram a se destacar. O jogador até mesmo emitiu uma mensagem de despedida para os fãs do Danúbio.

“Como já foi publicado há alguns dias, aconteceu a maior chance da minha vida. Depois de longos dias de negociação junto a Gastón Mousques, que representou o clube, decidi aceitar uma oferta irrecusável para todas as partes envolvidas, tanto o clube como eu. Vou para o Villarreal. Não posso dar mais detalhes no momento, pelo menos até os exames médicos, na próxima semana. Familia, torcedores do Danubio, antigos companheiros, sempre vou levar vocês no meu coração”, declarou – ou quase.

A farsa só caiu por terra quando um jornalista espanhol entrou em contato o periódio Observa, do Uruguai, que entrou em contato com o Danúbio. “Esse jogador não existe. É uma brincadeira muito bem feita na internet. O que fizeram foi pegar fotos do site do Danúbio e publicá-las”, disse o presidente do Danúbio, Arturo del Campo. Os fãs do clube mais tarde assumiram a piada.

Bruno de Camargo (Grêmio)

Do Uruguai, não demorou muito para a ideia pegar no Rio Grande do Sul. Em dezembro de 2011, o atacante Bruno de Camargo esteve próximo de trocar o time B do Chelsea pelo Grêmio. Revelado pelo Flamengo de Alegrete, o atacante tinha passado pelo Wolverhampton antes de chegar ao time de Londres. Aos 19 anos e com vídeos pipocando pela internet, estava na mira do Grêmio. Esbanjava oportunismo em campo. Só que não existia.

O site da ESPN Brasil explicou bem a origem do caso. “O nome do jogador fictício teria sido inspirado num jovem usuário de uma comunidade do Grêmio na internet que dizia querer fazer um teste para se tornar jogador do clube. Uma notícia ‘fake’ criada por um torcedor diz ainda que Bruno Camargo saiu com 15 anos do Flamengo de Alegrete e se destacou em campeonatos juvenis na Inglaterra. Para dar mais realismo à história, foram usados vídeos e fotos reais de um jogador do clube londrino – até uma conta no Twitter foi criada para se passar pelo suposto atleta”, descreveu o veículo.

Bruno de Camargo, ou “Camargol”, virou verbete da Wikipedia e passou a repercutir na imprensa gaúcha. Houve quem creditasse informações ao site oficial do Chelsea (!!!). Obviamente, a criação durou pouco e irritou jornalistas. Ah, e só para constar: as imagens referentes ao “Bruno de Camargo” são de um jogador da base do Chelsea, que existe, chamado Billy Clifford.

Alyrio Gonzalez (Botafogo)

Virou moda. Também em dezembro de 2011, usuários do Orkut “criaram” um jovem jogador paraguaio, Alyrio Gonzalez, do Guarani. O negócio foi tão bem planejado que se elaborou até mesmo uma ficha técnica para ele: Alyrio Gómez González, nascido em 19 de outubro de 1991, em Assunção (Paraguai), seria um atacante destro, com dribles rápidos e 15 gols em 11 jogos no ano. Não faltaram, claro, vídeos do jogador em ação.

Em alguns dias, o noticiário dava conta de que o Botafogo estava interessado no jovem paraguaio, com o Palmeiras como concorrente. O valor da transação já estava até fechado: meio milhão de reais. Os torcedores do Botafogo até se empolgaram.

Mas, mais uma vez, a história durou pouco. Dias depois, com a farsa descoberta, Alyrio sumiu do noticiário. E foi tratado por parte da imprensa com a pompa correspondente.

Enrico Cabrito (Grêmio)

O caso mais recente foi o de Enrico Cabrito, lateral esquerdo argentino que reforçaria o Grêmio. A história foi bem contada pelo Impedimento, mas cabe um resumo aqui: depois de uma brincadeira de dois torcedores na internet, um jornalista pegou a conversa fora de contexto e publicou em seu Twitter. A história ganhou repercussão e chegou às redes de TV do Rio Grande do Sul. Até que alguém resolveu procurar o nome de Cabrito no Google e descobrir o óbvio: o lateral não existia.

Author

Emanuel Colombari

Ex-Gazeta Esportiva.Net e Agora São Paulo, escreve atualmente para o Portal Terra. Já trabalhou com estatística esportiva e torce para cerca de 15 times.

* http://www.ultimadivisao.com.br/5-picaretagens-que-estiveram-perto-de-reforcar-grandes-clubes/


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Comentários:
4
  • cassiano disse:

    Chico, ou alguem do blog. Cadê o Rafael Marques?????????

  • Acho que o Frederico Dantas disse tudo.
    O importante para alguns jornalistas é soltar a “notícia” antes, mesmo a noticia sendo falsa…..

    Por falar nisso, que fiz levou esse tal de Rodrigo Souza? Alguém conseguiu encontrá-lo depois que a farsa foi descoberta? Ele disse algo?

  • Frederico Dantas disse:

    Mentira, boato, invenção, sempre existiram. O que eu acho que mudou foi o jornalista.

    Com as novas facilidades do mundo cibernético, um tipo de jornalista que existia em menor escala se proliferou nas redações: o jornalista de releases.

    O que importa, já que a velocidade da informação hoje é muito alta, é soltar a notícia na frente a qualquer custo. Isso impede que se faça o básico do trabalho do jornalisa que é checar a informação. Daí o número alto de barrigas que ocorrem hoje na imprensa. Não só na esportiva, ressalte-se.

    Os tempos mudaram mas, dentre outras tantas virtudes que moldam um bom jornalista, três não podem faltar: ser ético, não ser preguiçoso e ser bem informado.

  • Stefano Venuto Barbosa disse:

    Pior são os que existem e não jogam nada, como o Samurai do Galo.