Blog do Chico Maia

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O jogo do “tudo é tudo e nada é nada”!

Avalio o clássico da forma mais simples: vejo o Cruzeiro mais inteiro que o Atlético. O time é mais veloz e tem mais peças de recomposição no banco. Os melhores jogadores celestes estão em melhores condições físicas que os do Galo.

Porém, jogadores como Ronaldinho e Tardelli, que não estão jogando bem, costumam se agigantar quando muito cobrados.

CAMCRU

Caso não joguem, reservas costumam operar façanhas em jogos como este.

Há também o fator treinador: a maior experiência de Autuori terá alguma valia sobre o Marcelo?

Algum jogador de um dos times pode cometer uma falha histórica ou fazer um gol ou jogada na base do “sobrenatural de almeida” e decidir o jogo!

Em resumo: num Atlético x Cruzeiro, tudo é tudo e nada é nada, como diria o Tim Maia!


Gil Costa; o que não tinha medo de ninguém, falava o que queria, e que não teve um final feliz

Lendo os comentários sobre o “imbróglio” Lélio Gustavo, jogadores e etecetera e tal, vi o JB, um dos comentaristas citando o saudoso Gil Costa. Tanta coisa me veio à cabeça!

Ótimas e tristes lembranças.

As positivas são todas profissionais, especialmente as polêmicas que o Gil arrumava e envolvia toda a equipe dele. No esporte e na política.

As negativas se referem apenas às consequências que ele enfrentou por ser do jeito que era. Se encaixava na frase “um sujeito que só faz o mal a ele mesmo”.

CHAO2

Inesquecíveis tempos da Rádio Capital, a última emissora que deu trabalho à Rádio Itatiaia na disputa pelo primeiro lugar de audiência no esporte.

Também pudera; ela tirou quase metade do time da Itatiaia, que era absoluto, inclusive o carro chefe da época, o Vilibaldo Alves.

Pena que durou tão pouco; de junho de 1979 a meados de 1983, quando o Gil bateu pesado no recém eleito governador Tancredo de Almeida Neves. Mas pesado mesmo, “da medalhinha” pra cima; também no joelho, na canela e por aí vai.

Perto do Gil, o Lélio é “coroinha”, (usando frase do Emanuel Carneiro).

Tancredo mandou recado através do então deputado João Pinto Ribeiro (amigo comum deles), que não queria briga; que o Gil ficasse na dele, cuidando da rádio, e ele, do governo.

O recado funcionou como um detonador de uma bomba devastadora! O Gil foi para o microfone e esculhambou com o homem, tipo: “Mas eu quero é briga mesmo; seu velho gagá, enrolado; político abelha (que só faz cera). . .” e tome porrada!

Isso no editorial do “Jornal da Capital”, às 8 da manhã. Na “Resenha do Jegue” da tarde anterior, o Gil nos perguntara (eu, Marco Antônio Bruck, Kleyton Borges, e outros, que ficávamos com ele no estúdio), ao vivo: “Vocês sabem a diferença da Xuxa para o Tancredo?”.

Nós, em coro: “Nããããoooo!!!!!”.

E ele mesmo respondia: “É que ela já viu a coisa preta, e o Tancredo vai ver agora!”.

A Xuxa tinha terminado um namoro com o Pelé semanas antes da posse do Tancredo!

Minutos depois do explosivo “editorial” contra o governador, o telefone tocou na sala do Gil, que era o diretor geral da rádio. Seria a secretária do Dr. Edevaldo Alves da Silva, dono da FMU, universidade paulista que constava como dona da Rede Capital de Comunicações, que recomendava que ele pegasse o primeiro vôo da Pampulha para São Paulo porque o “Professor Edevaldo” precisava falar pessoalmente com ele, “com a máxima urgência”.

Todos pensamos que o Gil estava sendo chamado para ser nomeado diretor nacional da Rede, que tinha 9 emissoras nas principais capitais do Brasil. Afinal de contas, a Capital Minas era a única que brigava pelo primeiro lugar em audiência, a maior em faturamento (mesmo sendo de Beagá) e a de maior repercussão. Essa conversa circulava entre as emissoras da rede há algum tempo.

Além do mais havia o fator político: dizia-se que a Rede Capital era do Paulo Maluf, que sonhava virar presidente da república, e assim como o Gil era do PDS, partido da ditadura militar que governava o país.

O Gil pegou o avião das 11 horas, foi recepcionado por um motorista do “Professor Edevaldo” no Aeroporto de Congonhas, para uma reunião que começou às 12h15 e terminou às 12h30.

Voltou no vôo das 15 horas, demitido, e nunca mais conseguiu espaço em nenhuma rádio ou qualquer veículo de comunicação.

Consta que Maluf caiu no canto da sereia: esperava contar com o apoio de Tancredo para a presidência da república, numa futura eleição indireta ou direta. Para fazer média com o então governador eleito pelo PMDB, a cabeça do Gil Costa era uma coisa simples, na bandeja!

E assim foi!

Como o Gil já tinha inimigos demais e era radical, a situação dele só se complicava. Todos se uniram contra ele, que era poderoso, porém, sem fontes de renda e com incontáveis demandas judiciais, seu dinheiro e poder foram minguando.

O regime militar estava dando os seus últimos suspiros. Seus muitos e caros advogados não conseguiam ganhar nenhuma disputa judicial, contra ou a favor dele.

Nascido no estado do Mato Grosso, não tinha nenhum espírito conciliatório e jamais se rendeu às evidências de que precisava negociar uma solução política.

Morreu em situação financeira crítica e foi enterrado em Belo Horizonte com a presença de pouquíssimas pessoas. Um homem que chegou a ter no fim dos anos 1970, início dos 1980, em torno de 50 mil votos; maior corretor publicitário da imprensa naqueles tempos; audiência impressionante, teve um triste fim.

Herói para muitos; terror para outros! Na verdade foi as duas coisas.

Sou eternamente grato a ele; outros o odeiam até hoje. A vida é assim!

A vida do Gil dá um livro!

Um dia, talvez, tentarei escrevê-lo!