Blog do Chico Maia

Acompanhe o Chico

Um futebol moderno contra interesses financeiros, arrogância e crendices

Parecia um time da Série A brasileira contra um Bayern de Munique, e não sei o que foi pior: o placar, o futebol não exibido pela seleção brasileira ou a entrevista do técnico Luiz Felipe Scolari depois do jogo. O arrogante treinador conseguiu enxergar que o time dele foi melhor que o alemão até levar o segundo, terceiro, quarto gols e quinto gols. Só ele deve ter visto isso. Só essa resposta seria motivo para mudar de canal ou sintonizar numa rádio de música. Como sempre, Scolari duvida da inteligência das pessoas e acha que o seu poder motivador ainda funciona no futebol do Século XXI. Ele pensa que todos nós nos esquecemos que com este mesmo discurso ele levou o Palmeiras à segunda divisão brasileira de 2012. Mas, como estamos no Brasil, onde a CBF é controlada por gente que não está nem aí para o futebol, ele foi premiado com o cargo de treinador da seleção, que era dirigida por Mano Menezes.

Ultrapassado e arrogante, Felipão assumiu e usou os mesmos métodos e discursos de 2002, quando ganhou a Copa com um time bem melhor que os adversários, num Mundial de qualidade técnica geral bastante ruim. Os grandes acertos dele naquela época foram: apostar na recuperação do Ronaldo, tido como acabado, e inventar a “Família Scolari”, valorizando o grupo que convocou.

Mas o tempo passou. A Alemanha, vice em 2002 com um time envelhecido e futebol parado no tempo, mudou tudo. Renovou comissão técnica da seleção em sintonia com mudanças gerais no campeonato alemão e aposta nas categorias de base. Os jovens Jurgen Klisnman e o braço direito Joachim Low, foram os pensadores dessas mudanças.

Em 2006, em casa, a Alemanha foi eliminada pela campeã Itália na semifinal, mas o trabalho continuou.

Klinsman passou a bola para o auxiliar, a Alemanha voltou a chegar perto do título na Copa de 2010 e a evolução geral do futebol deles continuou, com reflexos no campeonato alemão e nas competições da UEFA. O Brasil parado no tempo e regredindo, com dirigentes só preocupados em ganhar dinheiro. Um cartolão com medo de ir para a cadeia, Ricardo Teixeira, negociou o poder com outro esquisito, José Maria Marin, que ressuscitou Scolari e seu discurso antigo.

bralemanha

A imagem do preparador físico Paulo Paixão, flagrada pela Fox Sports, jogando sal grosso no gramado do Mineirão resume o caminho que o Brasil trilhou para tomar de sete da Alemanha. Superstição, discursos de motivação, canto do hino à “capela” e agressividade física contra o adversário não funcionam quando se enfrenta um time melhor preparado.

Aos 11 minutos Klose fez 1 a 0. Aos 14 a torcida entoou “Eu acredito” e o Brasil continuava errando passes; aos 21, novamente o coro “Eu acredito”. Aos 23, 2 a 0, aos 24, 3 a 0; aos 26, 4 a 0; aos 28, 5 a 0. Aos 34 a torcida “inovou” com o horroroso “Eu, sou brasileiro…”

No segundo tempo a Alemanha continuou se poupando e fez só mais dois. Estou curioso para saber o que dizia Galvão Bueno, animador da ufanista e enganada torcida organizada verde e amarela.


Jornal O Globo ironiza a opção da Alemanha pela "homenagem" ao Flamengo: "Sabe nada, alemão"

Segunda-feira escrevi aqui sobre a infeliz idéia da Alemanha de indicar à Fifa o seu uniforme número três, igual ao do Flamengo, para jogar a semifinal contra o Brasil em Belo Horizonte.

Sabia que era uma jogada comercial da alemã Adidas, tradicional patrocinada da seleção deles, para vender como nunca essa camisa no Brasil. Hoje este assunto foi abordado no programa “Rádio Vivo”, do José Lino Souza Barros, na Itatiaia, e o Carlos Sevidanis, da equipe de esportes, enviou mensagem na hora dizendo que a estratégia deu certo, porque não se acha mais dessa camisa para comprar no Rio. Ele foi a várias lojas, inclusive duas oficiais da Adidas e eles disseram que uma nova remessa deverá chegar só na semana que vem.

Ontem O Globo dedicou meia página ao assunto e levando pelo lado esportivo, dentro de campo, considerou uma furada, para jogar justamente em Belo Horizonte, onde o Flamengo tem um dos maiores rivais do país.

Confira: * “Sabe nada, alemão”

ALEMANHA

Ao cruzar com os donos da casa, no penúltimo capítulo da Copa, a Alemanha despontará no gramado do Mineirão, amanhã, embrulhada nas cores do time mais querido do Brasil. É de vermelho e preto que o poderoso esquadrão de Thomas Mueller, Schweinsteiger e Oezil tentará superar os anfitriões e chegar à final. Atingirá o auge sua estratégia de marketing, da roupa com segundas intenções, mirando nos milhões de corações torcedores do Flamengo para, assim, garantir apoio num país estrangeiro.

Só que não — por um probleminha de endereço.

Homenagem da Federação Alemã ao clube hexacampeão brasileiro materializada pela Adidas — fornecedora de material esportivo dos dois —, o uniforme tem potencial para gerar o efeito exatamente contrário na plateia. A semifinal da Copa será na terra do Atlético-MG, que sustenta com o rubro-negro carioca uma das mais ferrenhas rivalidades de todo o país do futebol. A referência cromática deve servir, na verdade, para turbinar as vaias.

— Sério que eles vão jogar com aquele uniforme igual ao do Flamengo? Danou-se — admirou-se o atleticano Pablo Rocha Dias, estudante de 19 anos, que cresceu ouvindo o pai vociferar contra os rivais cariocas. — A gente já ia torcer pelo Brasil, claro. Agora então…

A relação da metade alvinegra dos mineiros é um pote até aqui de mágoa desde os anos 1980, época do monumental Flamengo de Zico, Júnior, Leandro, Tita, Adílio, da constelação de craques que chegou ao título mundial de clubes. E também do espetacular Atlético-MG de Reinaldo, Toninho Cerezo, Paulo Isidoro e Éder, entre outros superjogadores. Os dois esquadrões encenaram disputas inesquecíveis, mas a maioria de vitórias rubro-negras dói até hoje pelas esquinas de Belo Horizonte.

Começou pela final do Brasileiro de 1980 que, em campo, muita gente boa aponta como a maior já realizada no país. Depois do jogo de ida, no Mineirão (Atlético 1 a 0, gol do incrível Reinaldo), as duas torcidas embrenharam-se numa batalha pelas ruas vizinhas ao estádio. O conflito repetiu-se quatro dias depois, na partida de volta, no Maracanã, vencida pelo Flamengo por 3 a 2, gols de Nunes (2), Zico e Reinaldo (2). Os cariocas conquistavam ali seu primeiro título nacional.

Houve outros duelos memoráveis em campo e tensos fora dele. O maior aconteceu na Libertadores de 1981 — também conquistada pelos rubro-negros —, numa partida em Goiânia que não chegou ao fim, porque o árbitro José Roberto Wright expulsou cinco jogadores do Atlético (Éder, Reinaldo, Palhinha, Chicão e Osmar Guarnelli) e os mineiros ficaram com número insuficiente em campo para continuar.

CLARO E ESCURO

Quase três décadas e meia se passaram desde a origem da rivalidade, mas ela está aí, viva e saudável para atravessar o caminho alemão. Pela regra do jogo da Fifa, na Copa, os uniformes devem se diferenciar, além da cor, pelo tom — um time veste claro, o outro escuro. Assim, com o Brasil de canarinho (camisa amarela, calção azul e meias brancas), os visitantes vão de preto e vermelho em listras “flamengamente” horizontais (além de calções pretos e meias nas cores da camisa). Está oficializado na ficha do jogo, no site da Fifa.

Além das fronteiras de Minas Gerais, o segundo uniforme alemão transformou-se num dos sucessos da Copa brazuca. Bem antes do Mundial, passaram a fazer parte da paisagem os brasileiros com a vistosa camisa (mais bonita do que a do homenageado, aliás). A peça virou um must e está esgotada na lojas de material esportivo.

A adversária do Brasil usou rubro-negro uma vez na Copa, na vitória sobre os Estados Unidos (1 a 0, Mueller) em Recife, dia 26 passado. Nas quartas de final, dsexta-feira, contra a França, no Maracanã, contaram com o apoio de parte dos brasileiros.

Agora, não sabem o que os espera, na terra do Galo vingador.
http://extra.globo.com/esporte/copa-2014/sabe-de-nada-alemao-13158718.html#ixzz36tqSlqWm


A falta de caráter de muitos brasileiros denunciada no futebol

Em nosso dia a dia assistimos ao desrespeito às vagas exclusivas para deficientes físicos em estacionamentos públicos, privados, nas ruas e nos shoppings. Mas a repercussão é pequena, já que raramente alguém bota a boca no trombone. Como o futebol é uma vitrine, vários vagabundos foram flagrados durante a Copa. Caso mais famoso foi no Maracanã, com filme e fotos postados nas redes sociais, mas nenhuma autoridade tomou nenhuma providência.

Veja essa reportagem de O Globo:

* “Torcedor caminha após levantar de cadeira de rodas no Maracanã”

Homem foi flagrado andando sem nenhuma dificuldade no jogo entre França e Equador

FALSARIO

Um homem foi flagrado levantando da cadeira de rodas durante o jogo entre Equador e França no Maracanã, na quarta-feira. A analista de produtos Mariana Cesário flagrou a cena e disse à Rádio CBN que o homem não aparentava ter nenhuma deficiência. As imagens foram gravadas por um amigo dela.

— Em determinado momento a gente viu a cadeira de rodas vazia. Achamos muitos estranho. A gente tirou foto para registrar, pois a gente tem visto a situação de pessoas (com cadeiras de rodas) em pé no estádio. Tiramos a foto e ficamos atentos, esperando ele voltar. Aí, quando a gente viu ele voltando, estava caminhando normalmente. Ele sentou na cadeira.

Mariana ainda tentou denunciar o homem aos voluntários do estádio.

— As pessoas ficaram bem revoltadas. A pessoa que estava comigo, um amigo meu, fez o vídeo. Com o vídeo em mãos a gente falou com os voluntários, os seguranças. A gente tentou fazer alguma coisa. Mas eles falaram que não poderiam fazer nada, que a gente deveria fazer uma denúncia para o Comitê da Fifa. A gente não sabe como fazer. Aí, a gente usou a rede social para tentar viralizar isso, para de alguma maneira denunciar.

Ao Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD), no Rio, chegaram outras sete denúncias sobre casos semelhantes, em que torcedores sem qualquer debilidade física se passaram por cadeirantes para conseguir ingressos. Nas redes sociais, o assunto virou a discussão da vez. Superintendente do IBDD, Teresa Costa d’Amaral enxerga essas situações como parte de um cenário maior.

— Isso corresponde ao mesmo contexto de quem desrespeita as vagas para deficientes em estacionamentos. As pessoas precisam entender que não é uma questão de privilégio, mas, sim, de acesso a direitos. O irônico é que a parte mais difícil, da acessibilidade, foi alcançada. A etapa mais fácil, no entanto, que é o respeito, a gente ainda não tem — disparou Teresa.

No Maracanã, há 111 espaços exclusivos para cadeirantes, com assento para acompanhante ao lado. De acordo com a concessionária que administra o estádio, normalmente, os portadores de necessidades especiais devem apresentar obrigatoriamente, no acesso ao local, um documento, laudo médico ou cartão de acesso ao transporte público (RioCard Especial) para ter direito à gratuidade no ingresso, conforme prevê a Lei nº 2051/92.

Além de cadeirantes — com direito a acompanhante —, pessoas obesas e com mobilidade reduzida também podem comprar assentos especiais. Na primeira semana da Copa do Mundo, cambistas ofereciam, em redes sociais e sites de compras, ingressos destinados exclusivamente para deficientes a R$ 1.200 o par.

Sobre o caso flagrado durante o jogo entre França e Equador, no Maracanã, a FIFA e o Comitê Organizador Local (COL) não se pronunciaram.
http://oglobo.globo.com/brasil/torcedor-caminha-apos-levantar-de-cadeira-de-rodas-no-maracana-13028343#ixzz36tpSD2k7