Em nosso dia a dia assistimos ao desrespeito às vagas exclusivas para deficientes físicos em estacionamentos públicos, privados, nas ruas e nos shoppings. Mas a repercussão é pequena, já que raramente alguém bota a boca no trombone. Como o futebol é uma vitrine, vários vagabundos foram flagrados durante a Copa. Caso mais famoso foi no Maracanã, com filme e fotos postados nas redes sociais, mas nenhuma autoridade tomou nenhuma providência.
Veja essa reportagem de O Globo:
* “Torcedor caminha após levantar de cadeira de rodas no Maracanã”
Homem foi flagrado andando sem nenhuma dificuldade no jogo entre França e Equador
Um homem foi flagrado levantando da cadeira de rodas durante o jogo entre Equador e França no Maracanã, na quarta-feira. A analista de produtos Mariana Cesário flagrou a cena e disse à Rádio CBN que o homem não aparentava ter nenhuma deficiência. As imagens foram gravadas por um amigo dela.
— Em determinado momento a gente viu a cadeira de rodas vazia. Achamos muitos estranho. A gente tirou foto para registrar, pois a gente tem visto a situação de pessoas (com cadeiras de rodas) em pé no estádio. Tiramos a foto e ficamos atentos, esperando ele voltar. Aí, quando a gente viu ele voltando, estava caminhando normalmente. Ele sentou na cadeira.
Mariana ainda tentou denunciar o homem aos voluntários do estádio.
— As pessoas ficaram bem revoltadas. A pessoa que estava comigo, um amigo meu, fez o vídeo. Com o vídeo em mãos a gente falou com os voluntários, os seguranças. A gente tentou fazer alguma coisa. Mas eles falaram que não poderiam fazer nada, que a gente deveria fazer uma denúncia para o Comitê da Fifa. A gente não sabe como fazer. Aí, a gente usou a rede social para tentar viralizar isso, para de alguma maneira denunciar.
Ao Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD), no Rio, chegaram outras sete denúncias sobre casos semelhantes, em que torcedores sem qualquer debilidade física se passaram por cadeirantes para conseguir ingressos. Nas redes sociais, o assunto virou a discussão da vez. Superintendente do IBDD, Teresa Costa d’Amaral enxerga essas situações como parte de um cenário maior.
— Isso corresponde ao mesmo contexto de quem desrespeita as vagas para deficientes em estacionamentos. As pessoas precisam entender que não é uma questão de privilégio, mas, sim, de acesso a direitos. O irônico é que a parte mais difícil, da acessibilidade, foi alcançada. A etapa mais fácil, no entanto, que é o respeito, a gente ainda não tem — disparou Teresa.
No Maracanã, há 111 espaços exclusivos para cadeirantes, com assento para acompanhante ao lado. De acordo com a concessionária que administra o estádio, normalmente, os portadores de necessidades especiais devem apresentar obrigatoriamente, no acesso ao local, um documento, laudo médico ou cartão de acesso ao transporte público (RioCard Especial) para ter direito à gratuidade no ingresso, conforme prevê a Lei nº 2051/92.
Além de cadeirantes — com direito a acompanhante —, pessoas obesas e com mobilidade reduzida também podem comprar assentos especiais. Na primeira semana da Copa do Mundo, cambistas ofereciam, em redes sociais e sites de compras, ingressos destinados exclusivamente para deficientes a R$ 1.200 o par.
Sobre o caso flagrado durante o jogo entre França e Equador, no Maracanã, a FIFA e o Comitê Organizador Local (COL) não se pronunciaram.
http://oglobo.globo.com/brasil/torcedor-caminha-apos-levantar-de-cadeira-de-rodas-no-maracana-13028343#ixzz36tpSD2k7
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