Blog do Chico Maia

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O sucessor do Felipão: abacaxi para a CBF descascar, rápido!

Luiz Felipe Scolari tentou se segurar no cargo mas viu que não tinha mais jeito. A rejeição a ele é gigante. Não teve a mesma dignidade de tantos outros treinadores, não só brasileiros como estrangeiros, que depois de derrotados, deram a missão por cumprida e entregaram os cargos imediatamente, na expectativa que um outro treinador cumpra melhor a missão.

Agora começa a temporada de especulações em relação ao sucessor. Os mesmos nomes de sempre são falados: Tite e Muricy com mais intensidade.

Num desses canais pagos vi um dos comentaristas defendendo os nomes de Marcelo Oliveira e Cuca. Entre todos os brasileiros que estão na moda, o único que seria novidade realmente é o Marcelo, que ainda não está contaminado pelos mesmos vícios dos colegas que formam uma espécie de clube de ação entre amigos.

Além da competência para saber mesclar jogadores jovens com experientes.

Um estrangeiro da prateleira de cima também seria bem vindo. Fala-se em Pep Guardiola, mas será que justificaria a fortuna para tirá-lo do Bayern de Munique? Ele ganha lá R$ 55 milhões por ano.

PEP

Obviamente não viria pelo mesmo salário e a CBF ainda teria que pagar a multa rescisória.

Já assumiria a seleção com esta polêmica para driblar: um país pobre de clubes endividados, gastando os tubos com um treinador!

Aguardemos!


Voltas que a bola dá!

Esta propaganda da revista Placar, de junho, ainda está no ar no site da Editora Abril!

CAPA

Não foi na bola nem no grito.

Se no fosse nos esguichos de lágrimas, aí sim!

Este capitão saiu como símbolo do amarelão, do choro fácil e do fracasso.


"O nacionalismo pueril” na lavagem cerebral verde e amarela!

Senhoras e senhores, nunca tinha ouvido falar antes no senhor Jean Marcel Carvalho França.

Trata-se de um professor de história, de São Paulo, que escreveu um ótimo artigo na Folha, quinta-feira, que sintetiza o que penso desse processo de imbecilização do povo brasileiro, que vem desde que o futebol chegou por nossas bandas, há pelos menos 100 anos.

É longo, mas vale a pena:

TV

* “O nacionalismo pueril”

O pensador austríaco Karl Popper, pouco antes de morrer, em 1994, escreveu um pequeno e inusitado livro sobre a mídia televisiva, “Televisão: Um Perigo para a Democracia”. Na obra, contrariando as centenas de ideias conspiratórias que então circulavam sobre o tema –como as do sociólogo francês Pierre Bourdieu–, advogava que um dos maiores problemas da televisão é pura e simplesmente o baixíssimo nível cultural de uma parte considerável de quem nela atua.

O argumento parece demasiado prosaico, mas, venhamos e convenhamos, tem um poder explicativo imenso quando aplicado ao que se tem visto na programação das redes nacionais nestes sonoros e conturbados tempos de Copa das Copas.

Resolve pouco o problema, mas alivia imensamente o espírito saber, por exemplo, que é a precariedade de raciocínio e a completa ignorância dos conhecidos perigos de se promover o nacionalismo irracional e belicoso da população que levam locutores esportivos a acusar um atleta de outro país de “criminoso”, de atentar deliberadamente contra a integridade física de um atleta nacional, ou de alardear a leviana ideia de que há uma conspiração de entidades internacionais contra o futebol brasileiro ou, ainda, o que é pior, de associar, de forma barulhenta e com olhos marejados, a honra e o orgulho nacional a partidas de futebol.

Acalma ligeiramente a alma, do mesmo modo, pensar que é em razão da completa falta de referências sobre outros povos e da consequente incapacidade de escapar aos estereótipos mais rasteiros sobre o “outro” que um jornalista é levado a escrever “peças poéticas” sobre o confronto de seleções, lançando mão de lugares comuns como: “alemães trabalhadores e metódicos” contra ” brasileiros criativos e improvisadores”. Certamente, autor, que queria somente cantar as enormes dádivas dadas pela natureza a este belo povo dos trópicos, desconhece por completo que, ao exaltar tal lugar-comum, está exaltando uns outros tantos historicamente a ele conectados: a incapacidade do brasileiro para o trabalho sistemático, a crença de que o esforço é para os não escolhidos por Deus (os outros conquistam com trabalho, nós recebemos espontaneamente da natureza), a crença de que somos um povo dos “afetos”, avesso à racionalidade, e por aí vai.

Dá um certo conforto íntimo, também, saber que é por singeleza de espírito que muitos jornalistas fazem um esforço enorme para insistentemente criar defensores e salvadores da mãe pátria ofendida, heróis nacionais de chuteira, com pouco mais de duas décadas de vida, que têm a triste e dura missão de levar nas costas e dar solução para todas as contradições e frustrações de uma sociedade que espera ser virtuosa ao menos no futebol, esporte que há décadas ela é levada a acreditar piamente que sintetiza o caráter, o bom caráter, nacional.

Enfim, não soluciona mas consola saber que parte considerável do nacionalismo pueril e socialmente danoso que vem sendo sistematicamente alimentado por parcelas da mídia televisiva nestes tempos de confronto de seleções não é, digamos, inteiramente ideológico, como pensam os amantes das teorias conspiratórias que povoam este conturbado país, parte dele –uma parte significativa– é de certo modo genuíno: vem de gente mal preparada que, com as melhores intenções, julgam se dirigir a outros igualmente limitados.

JEAN MARCEL CARVALHO FRANÇA, 48, é professor livre-docente de história do Brasil na Universidade Estadual Paulista (Unesp) e autor, entre outros, de “Viajantes Estrangeiros no Rio de Janeiro Joanino”

http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/07/1483608-jean-marcel-carvalho-franca-o-nacionalismo-pueril.shtml