Blog do Chico Maia

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Farsas coletivas e palavras ensaiadas

No futebol, assim como há jogadas ensaiadas há também entrevistas e palavras ensaiadas. A que reapresentou Dunga como técnico da seleção na sede da CBF foi um desses casos. Tudo arranjado, da posição onde cada ator se sentou até as palavras e frases usadas em cada resposta.

O que mais me incomoda é a hipocrisia. Na maior cara de pau o Gilmar Rinaldi disse que estava com a vida resolvida, que iria morar no exterior, mas aceitou o cargo porque “não se rejeita convocação da CBF” e que ele vai é prestar um serviço ao futebol do país! E o mesmo se aplica ao Dunga! Discurso para causar inveja nos mais demagogos políticos do mundo.

Claro que a cartolagem é esperta e entre os repórteres eles têm lá os seus “parceiros” prontos para fazerem perguntas sob encomenda e “quicadas de bola” para que um Marin da vida, Dunga ou Gilmar chute com bastante força. Uma turma que tem privilégios históricos na CBF desde antes do Ricardo Teixeira.

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Essas entrevistas coletivas são grandes farsas que não servem para nada. Não informam nada novo e não esclarecem; muito pelo contrário, só confundem. A confusão e o rolo formam ambientes propícios para a ação entre amigos, daqueles que ocupam o poder para levar vantagens pessoais.

Em 2010 foi a última vez que participei deste circo, mas foi rápido. Em Johanesburgo, entre um coice e outro do Dunga nos companheiros, saí antes da metade e concluí que é pura perda de tempo, não vale a pena.

A imprensa tem grande parte de culpa nisso. Há colegas que perguntam por perguntar, apenas para aparecer ou dizer que fez uma pergunta “exclusiva” ao entrevistado. Outros repetem perguntas que já foram feitas e respondidas. E, o mais terrível, há aqueles que fazem o jogo dos cartolas e jogadores, que fazem perguntas encomendas por eles. O torcedor, ouvinte, leitor e telespectador estão em último plano. Neste circo estão os que defendem seus milhões e os que defendem as suas migalhas. O que importa ali é a defesa do interesse próprio, do comercial bem vendido, bem feito, bem renovado e até passagens aéreas e hospedagens. Jogador usando boné com a própria marca; jogador que deixa a cueca aparecer; treinador que estrategicamente olha as horas no relógio de pulso para que os fotógrafos tirem muitas fotos e os programas de TV mostrem mais tarde e nos dias seguintes, e por aí vai. O que importa é que o patrocinador fique satisfeito.

Profissionais sérios da imprensa muitas vezes são obrigados a conviver com este tipo de situação, por dever de ofício.

Nessa coletiva da volta triunfal do Dunga ele pôs uma pele de cordeiro, certamente bem, orientado, para fazer as pazes com a imprensa. Claro, que antes de ter seu nome oficializado Marin e cia. pediram bênção à Rede Globo e ela disse sim, com a condição que o velho/novo treinador baixasse a guarda; uma trégua, que durará até as primeiras vitórias, quando ele subirá novamente no tamburete. Com os primeiros maus resultados, começa tudo de novo.

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Hoje o papo foi o mesmo, antiquado, tipo: “as eliminatórias são sempre difíceis porque o Brasil é o único país que fala português”; “o que inclui um jogador é a fase dele no momento e não a idade”, e bla, bla, bla…