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Violência no futebol: para o que não tem remédio, remediado está!

Com frequência cada vez maior, após cada rodada do campeonato brasileiro, guerras entre gangs organizadas dividem o noticiário esportivo com destaque até maior nas manchetes, principalmente quando há mortes, também nada incomuns em todos os confrontos desse tipo. Esta semana, marginais travestidos de santistas e palmeirenses. Menos mal que foi longe do Pacaembu, local do jogo, mas na rodovia que liga a capital paulista a Santos, levando risco à integridade física de cidadãos que nada tinham a ver com essa selvageria que insiste em envolver a maior paixão popular brasileira.

Quando presos, estes marginais se fazem de bons samaritanos, juram inocência, alegam que foram perseguidos, acusam a polícia de ter sido truculenta com eles e que são vítimas de injustiças. A maioria tenta esconder o rosto das câmeras, mas não por vergonha do que fizeram, mas para não mostrar que são contumazes neste tipo de crime.

CORPO

O emaranhado das milhares de leis do país, envolvendo códigos penais, civis e a Constituição Federal, facilita a defesa deles, que muitas vezes contam com o apoio camuflado ou explícito de dirigentes de clubes, autoridades policiais, judiciárias – com fins políticos -, já que no frigir dos ovos tudo deságua no interesse político-partidário, que resulta na impunidade e na desesperança de alguma solução definitiva para o problema. Na mesma proporção que promotores de justiça, delegados de polícia, policiais militares de todas as patentes se candidatam a cargos eletivos ou comissionados, usando a notoriedade que a cobertura hollywoodiana da imprensa gera com essas imagens e textos rodrigueanos.

E antes que a senhora e o senhor digam que estou sendo corporativista, deixando de citar meus colegas da imprensa, emendo que este circo tenebroso atende à ganância pela audiência e pela venda de exemplares, que resultam em mais publicidade, razão de ser das empresas de comunicação como negócio que são, e não instituições filantrópicas. Tudo isso porque o perfil da sociedade que gera audiência é assim como um todo. Notícia ruim vende mais; tragédias rendem audiência. Quando há choro então, uma maravilha! Contido, compulsivo ou desesperado, tanto faz. Claro que você percebe quando a câmera da TV de plantão começa a se aproximar dos olhos da vítima, de um parente ou mesmo do vilão: é porque uma lágrima está para cair a qualquer momento. Imagens como essas “bombam”, comovem e dão sequência ao circo.

Com as redes sociais, anônimos se tornam celebridades da noite para o dia, ao postar, muitas vezes, pancadarias, sangue e mortes. O caso das vítimas fatais da queda do viaduto da Avenida Pedro I, às vésperas da semifinal da Copa entre Brasil 1 x 7 Alemanha, é um bom e lamentável exemplo, não é!?

Imagens de corpos sob escombros ou despedaçados por bombas, degolas e qualquer que seja o meio, são pratos cheios para telespectadores e consumidores de tragédias no mundo todo. Neste aspecto, não dá para dizer que isso é característica de público de países atrasados cultural ou economicamente, já que no chamado “primeiro mundo” é do mesmo jeito.

E assim, essa violência no futebol vai continuar, principalmente em países como o nosso, onde o mundo da bola faz parte do cotidiano da maioria absoluta e as leis se contradizem para beneficiar a impunidade.


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