No aniversário de 80 anos do José Augusto Faria de Sousa, um dos comentaristas que me inspiraram no início da carreira, na Rádio Cultura de Sete Lagoas, presenciei o diálogo de dois cruzeirenses, desses que amam tanto o Cruzeiro quanto as próprias famílias. Ronaldo Gontijo perguntou à Gezinho Fraga: “Será que conseguiremos ao menos uma vaga na Libertadores?”.
Antes que o Gezinho respondesse, intervi, manifestando o meu espanto pela dúvida do Ronaldo quanto à ótima situação do Cruzeiro no Brasileiro. Ele apontou os números ruins do time no returno e fez projeções das próximas rodadas. Tentei argumentar que essa irregularidade azul é a mesma dos concorrentes na média geral do campeonato.
Este é o espírito do torcedor em geral, que não vê nenhuma virtude no seu time quando as coisas não vão bem. Se esquece que o Brasileiro é por pontos corridos desde 2003 e o que vale é a média de toda a disputa. Essa fórmula faz justiça a quem fez o melhor trabalho no “conjunto da obra”. Quem montou o melhor elenco, além do trabalho no dia a dia nos treinos. O Cruzeiro faz no returno a mesma campanha irregular que os seus concorrentes fizeram no turno.
O crédito adquirido com a ótima campanha inicial garante ao Cruzeiro estes empates e derrotas, que seus adversários também enfrentam. Óbvio que cabe avaliar o que levou o time à queda de produção, que para mim é simples: cansaço, contusões, cartões amarelos e vermelhos. Quebra também uma “unanimidade” da imprensa que garantia ter o Cruzeiro um “ótimo elenco”.
No horário em que enviei a coluna ainda não se sabia quem seria o presidente da república. O esporte não foi discutido durante a campanha e não acredito que alguma coisa mude, seja com quem for. Certamente o ministro do esporte será alguém alheio ao meio. Um apadrinhado qualquer para atender a algum compromisso de campanha. Infelizmente este é o Brasil e assim é tratado o esporte.
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Montar um time vencedor não é simples como uma fórmula de bolo. Marcelo Oliveira conseguiu isso com o Cruzeiro em 2013. Levir Culpi tem feito serviço semelhante. Entre os contratados indicados por ele e juniores do próprio Galo, o time terminou o jogo contra o Figueirense utilizando oito desses jogadores.
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Não só pelos três pontos, mas pela reação e determinação dos seis ex-juniores utilizados durante a partida, o Atlético tem motivos para comemorar a ótima companha que faz nesta fase. Sem as suas principais estrelas, dá oportunidades aos seus jovens e aos novos contratados, como atacante Cesinha (ex-Bragantino) e o zagueiro Tiago) ex-Caxias-RS).