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Prazer em rever o locutor Waldir Rodrigues na acolhedora Rio Casca

Waldir Rodrigues foi um dos locutores esportivos de maior sucesso no Brasil. Premiado com três Troféus Gandula consecutivos, quando trabalhava em São Paulo, nas rádios Globo e Bandeirantes. Na época, era o prêmio mais cobiçado da categoria no país. Em 1959 transmitiu pela Rádio Itatiaia o primeiro jogo de uma emissora mineira do exterior. De Buenos Aires, Campeonato Sul-Americano (hoje Copa América), Brasil x Argentina, junto com Januário Carneiro e Osvaldo Faria. Foi quando o Januário, fundador da Itatiaia, disse a frase que ficou famosa e até hoje abre as transmissões esportivas da emissora: “Nós abrimos para o rádio de Minas, o caminho de todos os continentes”. Trabalhou também nas rádios Guarani, Capital, Inconfidência e Mineira e fez transmissões para várias emissoras do interior. Aposentou-se na Mineira. Era conhecido como “O mais internacional dos locutores”, já que era o jornalista mais viajado de Minas e um dos mais viajados do Brasil para o exterior. Hoje, com 80 anos de idade, Waldir Rodrigues está no asilo Padre Antônio Ribeiro Pinto, na cidade de Rio Casca. Mas que ninguém pense que ele foi abandonado ou que esteja só ou triste com esta situação.

Muito pelo contrário

A opção foi dele mesmo, nascida de uma conversa com o filho Fernando, engenheiro ambiental em Viçosa. Depois de uma visita a ele, em Belo Horizonte, Fernando o achou “largado”, bebendo muito em função da aposentadoria, da falta do que fazer e da separação da segunda esposa, Fabiana. Waldir concordou com ele e acatou a sugestão de ir para este asilo, na cidade da primeira esposa, Nilce.

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A diretora da casa, Célia Alvarenga informou ao diretor da rádio local, Extra FM, Álisson Ribeiro, que não perdeu a oportunidade de ter em seus quadros alguém com esta bagagem e competência. Convidou o Waldir a dividir com ele a apresentação do programa “Extra News”, de segunda a sexta-feira, de 11h20 às 12h30, onde eles dão notícias de tudo, comentam e entrevistam, dedicando o último bloco ao futebol.

Força de expressão

A palavra “asilo” é pesada para o local, que na verdade é uma casa de repouso, muito bem estruturada, onde os moradores têm toda assistência médica, psicológica e social. Waldir Rodrigues está lá há sete anos e poucos meses depois de chegar a notícia se espalhou na cidade.

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Waldir Rodrigues pode ser ouvido pela internet no endereço www.extra105.com.br nesta rádio de nove anos de existência, porém, líder de audiência na região e fundada pelo próprio Álisson Ribeiro. Fui lá quinta-feira fazer uma visita e conhecer esta tradicional e acolhedora cidade de Minas, a 192 quilômetros de Belo Horizonte, onde nasceu a Cotochés, fábrica de lacticínios, um dos orgulhos do nosso estado no setor.

Tive a satisfação de trabalhar com o Waldir na rádio Capital, na primeira oportunidade profissional que tive em Beagá. Aprendi demais com ele, da profissão e da vida; gratidão eterna. Depois trabalhamos juntos novamente na Rádio Inconfidência. Tive notícia de que ele estava em Rio Casca pelo Leopoldo Siqueira, da TV Alterosa, que o entrevistou para a Enciclopédia do Rádio, trabalho da melhor qualidade das jornalistas Nair Prata e Maria Cláudia Santos.

A voz continua a mesma. Fisicamente mudou pouco, agora com as rugas características de quem consegue chegar aos 80 anos. Waldir é conterrâneo de João Guimarães Rosa, pois nasceu em Cordisburgo, na Fazenda São Thomé, no dia seis de junho de 1934. Com a primeira esposa, Nilce, teve os filhos Márcia e Fernanda; com a segunda, Fabiana teve o Bruno. Tem cinco netos.

Felício Brandi, um dos maiores dirigentes da história do futebol brasileiro, foi seu padrinho de casamento, em 1962, e chegou atrasado 15 minutos à cerimônia. Depois da celebração chamou o Waldir num canto e explicou:

__ Atrasei-me por um motivo que você vai gostar: eu estava numa reunião com o pessoal do América e acabei de contratar o Tostão para o Cruzeiro. E já acertei com ele e a família dele.

O casamento foi na Igreja de Lourdes, celebrado pelo conselheiro do Atlético, Dom Serafim Fernandes de Araújo.

Ele nunca falou nos microfones para qual time torce, mas é cruzeirense. Conta que o Cruzeiro de 1966 foi o maior time que viu jogador. A Holanda de 1974 foi a melhor seleção e a forma de jogar mais impressionante. Considera Pelé, o maior jogador de todos, mas ressalvando que Garrincha está ali, colado, uns milímetros atrás do “Rei”.

Não pensa muito para responder que na Rádio Itatiaia teve a melhor experiência profissional e que Januário Carneiro, um gênio da comunicação, visionário, ousado, muito além do seu tempo.

Ele assiste TV, ouve rádio e lê jornais, livros e revistas todos os dias, de manhã, à tarde, à noite e nas madrugadas.

Concluiu que estava na hora de ir para uma casa de repouso quando percebeu que estava bebendo todos os dias, nos bares perto de sua casa no Bairro Padre Eustáquio, em Belo Horizonte. Cachaça, cerveja e cigarros, diariamente e não conseguia se controlar.

Para não incomodar a família e a ninguém, gostou da ideia do filho Fernando de se asilar.

Continua tomando a sua cervejinha e fumando, porém, “moderadamente” e fora das dependências da casa de repouso.

Está muito feliz com a decisão. Diz que o Asilo Padre Antônio Ribeiro é o “Maracanã” das casas de repouso; um “5 Estrelas”. Paga em torno de um salário mínimo pela moradia e é muito grato à direção do asilo e à cidade de Rio Casca, que o abraçou. Já foi homenageado pela Câmara Municipal, Prefeitura, Polícia Militar e sempre é chamado para fazer palestras sobre as suas experiências profissionais e a vida.

Antes de mim ele foi visitado pelo comentarista Flávio Anselmo; pelo ex-locutor da Rádio e TV Tupi do Rio, José Cunha, que voltou a morar em Ponte Nova e fez uma entrevista de uma hora com ele para o programa que tem na TV Educativa local. Também foi visitado pelo Antônio Pereira Lopes, o “Andorinha”, motorista, que foi colega nosso nas rádios Capital e Inconfidência, que também se aposentou e voltou a morar na cidade natal, São José do Goiabal.

A emoção foi grande em rever o Waldir, que felizmente está bem de saúde e muito satisfeito com a vida atual.

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Eu, Waldir e o Álisson Ribeiro, diretor da Rádio Extra FM 105,5 de Rio Casca

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Vista da frente do Asilo Padre Antônio Ribeiro Pinto em Rio Casca

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Segundo o Waldir esta casa de repouso é o “Maracanã” dos asilos.


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Comentários:
38
  • antonio marcio dos reis disse:

    chico ,parabens pelo trabalho ,prestado a todos nos que sentimos saudades,dos narradores do radio;
    se for possivel nos da noticias do narrador luis otavio pena da inconfidencia.desde ja meus agradecimento.

  • João Batista Begati disse:

    Chico, parabéns pela entrevista. Sou fã deste narrador. Ouvi a primeira vez em 1975 pela Rádio Guarani. Você sabe se há um acervo com os gols barra dos por ele? Deviam disponibilizar na Internet.

  • antonio alves disse:

    prabens chico pela entrevista com waldir tenho muita saldade do tenpo que narrava os jogos do cruzeiro valeu

  • Daiane Soares disse:

    Eu tive o prazer em conhecer esse ,que e hoje um grande amigo! Pessoa ímpar,com suas historias fascinantes para contar,culto…um amor de pessoa!!!Minha avo morava no Asilo e faleceu há cinco anos,desde então volto a cidade de Rio Casca para visitar meu familiares que ainda residem la e todas as vezes vou ao asilo visitar esse grande amigo…

  • edno alves correia disse:

    waldir rodrigues o maior narrador de todos os tempos. em 1976 uma das mais belas narrações que ele fez pela radio guarani quando jogou cruzeiro e river na final da libertadores. a emoção que ele passou para os ouvintes só ele sabe fazer.meu maior desejo é te conhecer pessoalmente parabéns waldir que deus te guarde te abençoe e e te de muita saúde.

  • willer disse:

    Parabens Chico Maia sempre visito o Waldir la no “sitio” em Rio Casca e ele é realmente merecedor desta maravilha de materia e a D.Celia é uma exelente administradora do local.

  • Hermínio de Souza Filho disse:

    Bom dia, Chico.
    Estava ouvindo a Rádio Itatiaia, hoje, 02/01/15, como faço todos os dias (Rádio Vivo) e ouvi vc. citar o Waldir Rodrigues. Parabéns por se lembrar dos bons e inesquecíveis personagens do futebol, onde quer que eles estejam. Desejo a vc. e família um feliz e próspero ano de 2015.
    Hermínio.

  • ALEXSANRO FERNANDES disse:

    valeu demais pela materia,gande chico maia poderia fazer mais materias sobre pessoas que fizeram parte do nosso futebol mineiro.grande chico faz uma materia com willy gonzer para matar a saudades dos atleticanos.um abraço feliz 2015 da-le galo.

  • Aurélio Miguel disse:

    Estava em viagem.
    Te envio em qual email Chico?
    Abraços.

  • Marcia rodrigues disse:

    Obrigado Chico pelo carinho com meu pai! Ele realmente é demais!

  • Chico Maia foi um prazer te conhecer e recebe lo aqui na nossa cidade de Rio Casca para essa visita ao Waldir Rodrigues. Volte sempre um abraço.

  • Vanderley disse:

    Esse fusquinha só deve ter 3 rodas. falta uma roda. Onde está a faixa do bi campeonato?

  • kleyton Borges disse:

    Prezado Chico Maia
    Estou muito feliz com as boas notícias sobre nosso Waldir Rodrigues, tivemos
    muitos momentos na passagem principalmente pela Rádio Capital.
    Os encontros depois do Capital Esportes 2ª Edição com o ele e o Bruck, no Internacional Plaza e tantos mais.
    Um beijo no coração do “Pintinho”, nossa vai me mandar…
    Parabéns Chico pela matéria

  • Paulo Afonso (original) disse:

    Igor, este ano nem especulação está tendo… Parece que o ano não vai acabar nunca quando pararam de falar do Galo…

  • Aurélio Miguel disse:

    Chico, boa noite.
    Fui a cidade do Serro e tirei a foto do fusquinha do Cruzeiro, agora tetra campeão.
    No ano passado vc postou do Tri.
    Quer que eu te envie a foto?

    Abcs.

  • Aurélio Arruda disse:

    Parabéns Chico!

  • Igor disse:

    Estou sentindo falta de falar do CAM. O Galo é o que interessa!!!!

  • Eduardo Salgalo Filho disse:

    Bacana demais!

    Eu não sou contemporâneo e também não me lembro do Waldir, porém gostaria de deixar o registro, já que sou de Rio Casca e é bom saber que a cidade tem um local acolhedor e que dê a devida dignidade a quem precisa, já que nesta fase da vida o que mais importa é estar feliz!

    Ah, e o Waldir se esqueceu de mencionar um outro craque, que nasceu na cidade de Ponte nova, vizinha de Rio Casca, e está entre os dois citados – Pelé e Garrincha, não sei em qual ordem eu colocaria os três… mas trata-se do nada a mais, nada a menos do REI: o Reinaldo de Ponte Nova!

    Saudações!

    Eduardo (Salgado Filho-BH)

  • Ferrnando Rocha disse:

    “Chutou para o arco e goooooooooooooooollllll! Só você mesmo Chico para nos trazer o Valdir Rodrigues, que de acordo com as últimas informações que tive estaria morando nos Estados Unidos. Tive a honra de tê-lo na nossa equipe aqui na Rádio Vanguarda no início dos anos 80. Além dele tinha na equipe o Luiz Otávio Pena, Jonas Conti (já falecido) e o Nelcy Romão. Valdir dispensa comentários, tanto do ponto de vista profissional, como humano. Pretendo também visitá-lo na bela Rio Casca. Um abraço.

  • J.B.CRUZ disse:

    Caro CHICO: Fim de ano, este tipo de crônica, sempre é bom para colocar o passado em dia..
    Grande Waldir Rodrigues; que com Jairo Anatólio Lima, Edson Rodrigues,Carlos Valadares,Jugurta Anatólio,Jota Jr.,Vilibaldo Alves,Willy Gonzer,Alberto Rodrigues; (fizeram) e fazem parte dos grandes narradores esportivos dos anos de ouro do futebol em Minas…
    Obs; Todos foram(e são) bons, mas, gostaria de deixar a minha admiração para o maior narrador esportivos das Minas gerais: JAIRO ANATÓLIO LIMA…

  • Luiz Rocha disse:

    Waldir Rodrigues, o mais internacional dos locutores!
    Leitor assíduo do Chico Maia, agradeço a oportunidade de rever mais uma grande estrela do rádio mineiro. Lembro da dupla “O gordo e o magro” que ele fez com Fernando Sasso em período não muito longo do programa Papo de Bola, na segunda fase do programa, na Tv Alterosa. Valeu Chico! Abraço Waldir!

  • Paulo Afonso (o Primeiro) disse:

    Grupo do Galo na Libertadores vai ter mesmo o Santa Fé… Time é muito bom, futebol colombiano é complicado, principalmente nesta fase de grupos… A chave do Galo ficou muito equilibrada, mas acho que somos favoritos ao título…

  • Paulo Afonso (o Primeiro) disse:

    O Thiago Mendes que estava praticamente fechado com o Palmeiras acertou com o São Paulo… O dirigente que tomava chapéu aqui em Minas foi para São Paulo para continuar tomando chapéu?

  • Rodrigo Galodoido disse:

    O pessoal do rádio de antigamente, sem dúvidas, era muuuuiiiito melhor que o de agora. Emanuel Carneiro é o remanescente. Saudade do Willy Gonser, Sasso, entre outros…

    Como bem disse o Julio Cesar, tem mala demais…

  • André Corrêa disse:

    Não conheci o trabalho dele, assim como gerações futuras não saberão, como eu sei, do brilhante trabalho de nomes como Willy Gonzer, Maurílio Costa, Osvaldo Faria, Fernando Sasso, tantos outros.

    Fico satisfeito em ver tanto reconhecimento acerca do seu Valdir. Já parabenizei a profa. Nair Prata pela sua enciclopédia e o Chico também merece reconhecimento por fortalecer essa idéia. A memória do rádio precisa ser preservada.

  • Pedro Vítor disse:

    Bacana demais. Boa lembrança, sempre bom rever os personagens do rádio. Não reconheço, outra época, mais podemos colher um pouco de seu trabalho no link.

  • Julio Cesar disse:

    Bom dia ! Deus dê saude, paz, força e sorte a este senhor pra que se recupere e ainda emocione seus familiares e amigos com suas historias com sua experiencia, por muitos anos.
    Me lembrei de quando era garoto e vibrava com narrações de Vilibaldo Alves !!! Hoje Chico , tem mala demais no radio e TV. Itatiaia então, não sintonizo faz tempo. E na TV costumo assistir aos jogos sem audio.
    Outro assunto: no jogo Real Madrid X San Lorenzo , Sergio Ramos impede o zagueiro argentino de ir pra jogada usando a mão em seu ombro. Alguem viu !?!? Ou foi minha ilusão ?

  • Paulo César disse:

    Bom dia a todos.
    Quer dizer o cruzerin já vem aliciando e pegando jogodores do merrequinha há mais de meio século. Por isso acho que o cruzerin e merrequinha sempre se uniram para tentarem derrubr o Galão da massa.
    Torço par o merrequinha ser extinto. Atleticano de fato jamais vai torcer para esse clubinho

  • Normandes Lima disse:

    Prazer em rever através de vc Chico, nosso amigo Waldir de tantas gloriosasa transmissões esportivas, satisfeito em saber de sua situação. Um grande abraço !

  • Chico Maia,
    Parabéns pelo nobre gesto de visitar o grande locutor Waldir Rodrigues e nos trazer a notícia de que ele está bem e feliz vivendo em Rio Casca.
    Uma sugestão que deixo para sua análise é bater um papo com Dr. José Francisco Lemos Filho uma figura essencial e indispensável no Cruzeiro Esporte Clube, que tem condição e cabeça para fazer a ponte entre Palestra e Cruzeiro como poucos.
    Um grande abraço – João Chiabi Duarte

  • Raws disse:

    Em tempo, Rodrigues.

  • Raws disse:

    Chico, além do post nos informar sobre o Waldir Rodriguez, você tocou em um tema que parece ser cada vez mais o destino de todos nós, casa de idosos.
    Meses atrás colocamos uma irmã idosa de minha esposa em um desses lares.
    R$3000,00 mês, espaço agradável e acompanhamento de bons profissionais. No dia pensei, não é que esse deve ser o meu destino. As familias cada vez com menos filhos, uma vida de correria e falta de tempo para todos, então a solução passa por ai.
    Essa é a vida moderna, novas opções, tristes opções…

  • Elton José disse:

    Quanta saudades dos tempos em que eu escutava os jogos do América, prejudicado muitas vezes com transmissões simultâneas dos outros dois da capital, e como estes tinham a preferência da narrativa, era maravilhoso quando de repente havia a intervenção do Waldir com o famoso jargão “pelo arco e gooooooool” do América, Pedro Omar cobrando falta; Ely e tantos outros goleadores…
    Que Deus continue dando saúde e alegria a este senhor que por infinitas vezes nos emocionou com suas transmissões.

  • waldir Martins disse:

    Lembro-me dele. Ele tinha um bordão na hora dos gols que dizia. “A bola vai para o arco e gol”. É isto mesmo Chico?

  • Alexandre elian disse:

    Trabalho na Rua Peçanha, Carlos Prates e o Waldir não saia dos bares da rua mas era uma prosa e conversa magnífica! Quantas horas de almoço passei ao lado dele conversando sobre futebol e em especial do Cruzeirao!Faz 6 anos que ele se mudou para o interior e era necessário pelo seu estado mas faz muita falta no Carlos Prates!

  • Vida e saúde ao grande Waldir Rodrigues!
    – E à nós também…