Ao ler no Superesportes detalhes da agressão e do agressor da Fabiana, me lembrei na hora do Macunaíma, o “herói sem nenhum caráter”, do grande Mário de Andrade. O Brasil é um país de milhões de macunaímas.
“Que preguiça!”
Pelo depoimento de uma das testemunhas a diretoria do Minas Tênis Clube precisa esclarecer o posicionamento do clube. Quis mesmo abafar o caso? Se sim, por medo de uma punição da Confederação de Vôlei? Evitar que a fama de racismo volte a incomodar? Proteger o agressor infeliz? Este sujeito é funcionário do clube?
Também dói muito a imagem de dois seguranças negros, ali, atrás e ao lado do racista, como se estivessem protegendo o danado, sem esboçar qualquer reação. O certo seria agarrá-lo numa chave de braço e levá-lo para a delegacia de polícia mais próxima. Isso para ficar no “politicamente correto” e não enfrentar nenhum processo, né?
Pois a vontade era ver um tratamento mais duro para uma figura dessas.
Menos mal é que dá para ver nas imagens que a reação das pessoas na cena é de revolta realmente e não aprovação à patifaria. Gente de pele mais clara consciente de que estamos no mesmo barco de qualquer humano, principalmente no Brasil, com destaque para Minas, onde a miscigenação é a maior marca da nossa formação racial.
Interessante também é o preconceito latente que brota em cada um de nós contra quem tem mais poder aquisitivo, ainda que inconscientemente. Isso pode ser conferido em alguns comentários no próprio blog, neste post, ontem. Por ser um clube de supostos endinheirados (sim, porque tem muito sócio falido ou rico de fachada também), o primeiro pensamento é que o agressor racista fosse um brancão, poderoso, família tradicional ou “filhinho” de papai, quando não era nada disso, de acordo com o relato no site.
A reportagem e as fotos estão no
http://www.mg.superesportes.com.br/app/noticias/volei/2015/01/28/noticia_volei,302461/torcedores-desmentem-autor-de-injurias-raciais-contra-fabiana-e-relatam-mau-comportamento.shtml
* “RACISMO NO VÔLEI”
Torcedores desmentem autor de injúrias raciais contra Fabiana e relatam mau comportamento
Jefferson de Oliveira alega que chamou Fabiana de ‘africana’, mas foi desmentido
O porteiro acusado de injúria racial, Jefferson Gonçalves de Oliveira, de 43 anos, negou ter chamado Fabiana de “macaca” e de ter jogado banana na quadra durante a partida entre Minas e Sesi, nessa terça-feira, na Arena JK, em Belo Horizonte. Disse que apenas gritou jamaicana e africana, referindo-se à atleta mineira que atua na equipe paulista. “Não, não fiz nada disso. A torcida mineira é muito desbocada e eu entrei na onda deles. Eu até pedi desculpas ao policial e ao segurança por eles terem achado que eu armei aquela muvuca toda”, disse Jefferson Gonçalves de Oliveira.
A versão de Jefferson é diferente da apresentada à reportagem por uma testemunha citada no Boletim de Ocorrência da Polícia Militar, a estudante Ludmila Duarte Elias, de 21 anos. Segundo ela, o acusado pelas injúrias gritava “banana”, “isso mesmo, joga banana”, toda vez que Fabiana pegava a bola.
Já o professor Douglas Sueimer Bernardo, de 31 anos, que acompanha os jogos do Minas na Arena desde 1997, procurou a reportagem doSuperesportes para relatar o episódio. Tudo teria começado no fim do segundo set, quando Fabiana se preparava para sacar pelo Sesi.
”Esse torcedor de camisa listrada (veja fotos acima) começou a xingar a Fabiana, foi reprovado pelas pessoas ao seu redor, mas continuou dizendo que falaria o que quisesse. Ele estava atrás de mim e falou várias vezes: ‘vou te jogar uma banana macaca, africana, macaca, favelada”, relatou o professor, contrariando a versão dada por Jefferson Gonçalves de Oliveira à reportagem.. . .
http://www.mg.superesportes.com.br/app/noticias/volei/2015/01/28/noticia_volei,302461/torcedores-desmentem-autor-de-injurias-raciais-contra-fabiana-e-relatam-mau-comportamento.shtml