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A sintonia fina do técnico Givanildo com o América, com a torcida e com Minas

Sábado, 16h30, o América terá o ABC em Natal pela frente. Enquanto isso este pernambucano da gema, que gosta de Minas, dos mineiros, e tem a reciprocidade geral, concedeu uma entrevista muito legal ao Toninho Anderson do jornal O Tempo, em que fala das suas vindas e idas, do carinho que tem pelo Coelho e da crença no acesso à Série A.

* “O torcedor quer ver o hoje, e o hoje para o América é subir”

Givanildo Oliveira – Técnico América

Em entrevista exclusiva a O TEMPO, o treinador do América, Givanildo Oliveira, avalia o atual momento do time e reitera a confiança no acesso à Série A, fala de sua relação com a torcida americana e ainda dá sua opinião sobre a seleção brasileira.

Que balanço o senhor faz sobre as suas quatro passagens pelo América?

Balanço de 60, 70, 80%. São dois títulos – séries B e C –, e em outras passagens, mesmo não tendo título, houve coisas boas. Por exemplo, deixamos de subir no ano passado porque perdemos seis pontos no tribunal da CBF. Agora estamos em uma situação boa. Na verdade, houve um casamento entre mim e o América, e toda vez que vim para cá sempre tive resultados positivos. Isso para mim é algo muito gratificante.

Teve alguma passagem mais marcante?

A de 1997. Até porque, naquele ano, em se tratando de Campeonato Brasileiro, só subiam o campeão e o vice. Hoje são quatro. E nós fomos campeões. Eu vim para a disputa de um Estadual. O América era o penúltimo colocado, estava para cair quando eu cheguei. Nós conseguimos levantar, chegamos entre os quatro. Isso marcou muito, e daí começou a minha história com o América. Em seguida fomos campeões da Série B e ficou marcada essa fase.

Como foi sua vinda para o América?

Foi por meio de um empresário do Recife chamado Geraldo Samir. Ele ligou para mim e disse: “Olha, estou colocando seu nome no América. Se der certo, você vai? O time está em penúltimo lugar no Estadual. Você topa esperar a resposta lá?”. Aconteceu que a resposta foi positiva, e acabei vindo para cá.

Como é para o senhor ser o segundo treinador há mais tempo no comando de uma mesma equipe na Série B?

Estou muito feliz por trabalhar por todo esse tempo no clube.

Como está a expectativa para a reta final da Série B?

São oito jogos, e tem muita gente ali perto. Agradeço esse momento de ter um intervalo até o confronto com o ABC. Fizemos jogos atuando sem lateral de origem. Isso aconteceu, e a gente vem passando por situações de contusão e precisando mudar. Não machucou um meia ou um atacante, foram cinco laterais. Isso atrapalha. Só que o grupo está correspondendo, e quem está entrando na posição está correspondendo. Isso ajuda a gente. Mas estamos confiantes de buscar a vaga.

Como é para o senhor trabalhar com atletas da base?

Normalmente, os clubes brasileiros se incomodam ou ficam preocupados com a base. Alguns, inclusive na minha terra, não dão condições. Aqui as condições são razoáveis, mas existe uma lei – se posso dizer assim – de aproveitar a base de qualquer maneira. Eu, como treinador, não vou aproveitar alguém da base se não merecer. Não é porque fulano é base que tem de ser aproveitado. Se ele for bom jogador, se merecer, ele vai jogar. Em 97 foi assim. Casos do Evanílson, Gilberto Silva, Tércio, Rinaldo, Irênio, Fabrício e Álvaro. E aquele time tinha um meio-campo com Pintado, Boiadeiro e Tupãzinho, experientes. A base é assim, eu olho. Eu vou falar de uma situação recente em que o moleque mostrou que merecia. Eu acompanhei dois treinos do júnior e vi o Richarlison. Ele jogando pelo lado direito, não como centroavante, e disse: “Que moleque danado e valente”. Quando teve necessidade de contar com um atleta da base, eu trouxe ele para cá. Eu dei o pontapé, ele fez o trabalho dele e virou titular.

Como o senhor avalia sua relação com a torcida do América?

Sempre foi boa. Claro que eu não deixei de ser vaiado e cobrado, e isso faz parte do futebol. Não adianta muito se eu passei aqui esse tempo todo, ganhei dois títulos. O torcedor quer ver o momento, e não o que passou. Ele quer ver o hoje, e o hoje para o América é subir. Se a gente subir, vou ser aplaudido, continuar no América. Do contrário, já muda tudo.

Que avaliação o senhor faz do atual momento do futebol mineiro?

O futebol mineiro está em evidência. O Atlético está aí, na cola do Corinthians na briga pelo título do Brasileiro. Nós estamos buscando o acesso. O Cruzeiro foi campeão dois anos seguidos. Isso é muito bom.

Quando um time não vai bem, geralmente é o técnico quem cai. Como o senhor vê essa situação?

Isso não vai mudar no Brasil. Eu já tive isso de presidente de clube querer segurar, mas, como é time de massa e a cobrança é grande, não tem como evitar. Essa cobrança não para, e não tem jeito. Treinador está mais tranquilo quando está ganhando. Quando ele começa a perder, não tem segurança nenhuma.

Qual sua expectativa em relação ao futuro da seleção brasileira nas Eliminatórias?

Eu torço pelo Brasil em qualquer situação e acredito em nossa seleção. Até hoje falam do 7 a 1, como foi algum tempo atrás com o Barbosa. Depois do jogo com a Alemanha, ele foi um pouco esquecido. Realmente, não foi bom para o nosso futebol, que tem de arrumar muitas situações, mas acredito que vamos conseguir essa vaga para 2018.

Quem o senhor considera o melhor jogador do mundo?

O Neymar é muito bom, mas o Messi é fora de série.

O senhor já iniciou alguma conversa com a diretoria do América para permanecer no clube?

Vai depender do que vai acontecer com a gente no Campeonato Brasileiro. Se vencermos, facilita uma renovação. Se não ganharmos, será complicado.

Em termos de planejamento, já houve alguma conversa para 2016?

Não está tendo nada, até porque isso é prematuro nesse momento. Temos ainda oito jogos pela Série B. Se conseguirmos definir a nossa situação, se Deus quiser com o acesso, aí vamos sentar para conversar. No futebol, eu sempre digo para os jogadores: você não pode prever o que vai acontecer. Eu espero, torço, trabalho para que aconteça o melhor para o América e que a gente consiga subir para a Série A.

Qual sua opinião sobre Belo Horizonte?

A cidade é excelente, e eu pretendo comprar um apartamento aqui para, quando eu deixar de ser treinador, vir para cá de vez em quando.

É uma coisa que minha mulher sempre fica cobrando.

O senhor já pensou em quando pretende se aposentar?

É uma coisa complicada. Eu sei que é muito importante a parte financeira. Todos precisam ter. O mundo gira em cima disso. Para comprar remédio, alimentação você precisa ter o dinheiro. Mas, aqui no América, eu queria, sim, que acontecesse de ficar mais tempo. Eu gosto de futebol, me sinto bem. Passei quase quatro meses em casa e estava igual maluco. Adoro fazer futebol, pretendo ir mais longe, mas na cabeça já tenho mais ou menos uma ideia de quando vou parar.

Qual mensagem o senhor deixa para a torcida do América?

Contra o Macaé tinham 3.000 torcedores no Independência. Queria 6.000 em campo nas próximas partidas para buscarmos juntos o acesso para a Série A.(Antônio Anderson)

http://www.otempo.com.br/superfc/america/o-torcedor-quer-ver-o-hoje-e-o-hoje-para-o-am%C3%A9rica-%C3%A9-subir-1.1138218


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Comentários:
7
  • Márcio Amorim disse:

    Caro Chico!
    Eu sempre critiquei alguns princípios que o Givanildo adota. Ele irrita a torcida por não mexer no time, mesmo com alguns elementos não rendendo o que se espera deles. Poucos treinadores têm a coragem de sacar um atleta, que não produz, ainda no primeiro tempo ou no intervalo. O Givanildo é desses.

    Todos deveriam saber que ninguém opera milagres, jogando 3/5 minutos. Às vezes dá certo, como no caso do Bruno Sávio que, jogando apenas 5 minutos resolveu o jogo contra o Mogi Mirim, na única vez que pegou na bola, ao que me parece. Isto foi por méritos do atleta, que acabou demonstrando que deveria ter entrado muito antes.

    Entretanto, esta crítica, que sempre fiz, não é suficiente para levantar questionamentos sobre o seu trabalho. É competente, gosta do América, gosta de BH e é querido de todos. Atleticanos e Cruzeirenses que conheço gostam dele e o respeitam pela sua história de vencedor.

    Acho que ele não tem mais nada a provar. Deveriam, sim, renovar já o contrato dele, antes que algum time do nordeste o leve embora.

    Quanto à torcida, ele tem total razão de reclamar. Quando o público passa de 6.000, por exemplo, paralelamente à presença e apoio de torcedores atleticanos e cruzeirenses, há muitos americanos que ficam em casa, mesmo em jogos com apelo de público ou em momentos cruciais para o América. São torcedores que não ajudam e não fazem nenhuma falta.

  • Marcão de Varginha disse:

    Simpático, educado, polido, realista… à altura do grande deca-campeão!

  • Thiago disse:

    O técnico é bom. O time é bem razoável mas a torcida num ajuda neeemmmm! 3000 testemunhas em boa fase imagina se tivesse mal. Se o time do América não começar a contratar torcedores de atlético e Cruzeiro pra dar uma força extra nas horas vagas vai ficar difícil a existência do ‘coeio’ kkkk

  • Pedro Vítor disse:

    Agora teve um dia desses, que fui trocar o vidro do meu carro e fiquei umas 3 horas de boa ali na região da savassi. Aí procurando um lugar pra almoçar baratinho entro num bar, e quem eu encontro no balcão, 12 hs tomando uma cerveja latão?

    Givanildo! Na maior simplicidade. Nestas horas que é bom ser técnico do América, se fosse do Galo ou do Cruzeiro nunca que poderia tomar uma cerveja no centrão de bh num boteco.

  • Pedro Vítor disse:

    Este Richarlisson o Givanildo teve uma visão muito boa, de encaixa-lo dentro do time, e o jogador de corresponder, além do garoto Sávio que foi ele quem lançou também.

    Richarlisson hoje valorizado, pode ser uma mina de dinheiro para o América, e na primeira divisão vão precisar de grana, pra fazer um bom planejamento.

    Na primeira divisão é sempre bom ter uma base boa, competitiva, talento de base, e poucos jogadores vindo de empréstimos de outros clubes da série A, porque normalmente estes jogadores não atuam contra estas equipes, enfraquecendo o time e não dando boas opções ao técnico!

  • Julio Avila (mariana) disse:

    Pra cima deles giva!!
    ano que vem 12 pontos seguros para o cruzeirão 6 do mequinha e 6 do atletico!

  • Rodrigo Assis disse:

    Esse cabra merece respeito, trabalhador, humilde e conhece de futebol.