Daniel Alves contou em entrevista ao ESPN dia desses que o goleiro Bravo da seleção chilena e colega dele no Barcelona, que o Chile entrou em campo contra o Brasil nas oitavas de final da Copa, sabendo tudo que era feito na Granja Comary e que a comissão técnica chilena ficava impressionada com tanta facilidade de acesso aos treinos dos brasileiros. Grande parte da imprensa senta o porrete quando os treinadores resolvem fechar os treinos e só permitir a entrada dos repórteres quase no fim ou depois de tudo terminado. Sempre remei contra essa corrente e até hoje tenho dificuldade de entender o motivo de tanta irritação dos colegas contra este direito do estrategista ocultar a sua estratégia. As maiores empresas tomam mil cuidados contra a espionagem industrial; outras guardam a sete chaves as suas fórmulas. Um dos fatores decisivos da vitória aliada sobre os alemães na Primeira Guerra foram os códigos desenvolvidos pelos índios norte-americanos Cherokees e Choctaw. Depois, não fossem os códigos dos Comanches a inteligência alemã teria descoberto que balsas rudimentares seriam usadas para o desembarque dos tanques e tropas na Normandia na retomada da Europa em 1945. Eles driblaram até a seleção de antropólogos que Hitler enviou para decifrar as línguas indígenas americanas. O japoneses quebraram todos os códigos das tropas dos EUA na Guerra do Pacífico, até que os fuzileiros norte-americanos recorreram aos hoje famosos 29 indecifráveis Navajos, os “code talkeres”. E assim a turma do Tio Sam venceu a batalha de Iwo Jima.
Levir Culpi escancarou a Cidade do Galo para o coletivo do Atlético de ontem à tarde. Nos incontáveis programas de rádio e “mesas redondas” das TVs à noite, locais e nacionais, todos os detalhes das precauções defensivas contra as bolas paradas e aéreas do Corinthians eram e continuam sendo falados. A constante troca de posições entre Luan, Dátolo e Giovanni Augusto para “confundir” a defesa corintiana, com o detalhe que a preocupação maior era não levantar a bola porque a zaga paulista é ótima nas que vêm pelo alto, mas deficiente nas rasteiras. Que “x”% dos gols tomados pela defesa corintiana foram por baixo e etecetera e tal. Ou seja: se Tite já conhecia bem o jeito do Galo jogar, agora sabe o que o Levir teria de diferente para tentar surpreendê-lo.
A não ser que o Levir, que nunca foi bobo, nem burro, tenha feito um teatro para a imprensa mostrar ao país e escondeu o jogo verdadeiro em treinos que ninguém testemunhou.
Quando havia craques de sobra no futebol brasileiro, nenhum detalhe tático segurava determinados times, pois o craque resolvia em um único lance. Atualmente os poucos que temos jogam na Europa e não resolvem sozinhos nem o problema da seleção.
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