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A triste história Paul Gascoigne, o “Garrincha” inglês

Bela crônica do Ruy Castro na Folha de S. Paulo sobre o ex-craque inglês, que assim como Mané Garrincha vai perdendo a batalha contra o alcoolismo. Ruy escreveu aa biografia do craque brasileiro, um dos melhores livros que já li, “A Estrela Solitária”.

* Garrincha inglês

Os ingleses também têm o seu Garrincha. Não em campo, mas nas ruas, nos hospitais e nos jornais que exploram os dramas humanos. Chama-se Paul Gascoigne e, nos anos 80 e 90, foi um grande meia-atacante, ídolo do Newcastle, do Tottenham e da seleção inglesa – eleito entre os melhores da Copa de 1990, vencida pela Alemanha. Como Garrincha, Gascoigne era criativo, imprevisível e fazia o torcedor sorrir. E, como Garrincha, seu marcador foi o alcoolismo. A diferença é que sua história ainda não terminou.

Há algumas semanas, Gascoigne foi visto saindo com dificuldade de um táxi em Londres, com uma garrafa de gim na mão e as calças arriando, exposto, tentando desajeitadamente se recompor. Caiu e se feriu na cabeça, no nariz e na boca. Havia um fotógrafo por perto e os tabloides fizeram a festa com seu rosto ensanguentado. Noutra ocasião, em que falava em público, Gascoigne tremia ao segurar o microfone e não conseguia juntar duas frases. O povo ria do espetáculo.

Gascoigne deixou oficialmente o futebol há 12 anos. Mas, com seus atrasos, sumiços, suspensões e longos períodos no estaleiro, o futebol já o deixara muito antes. E não se diga que o álcool o tomou depois que ele parou de jogar – desde os juniores, os clubes já observavam sua propensão.

Seu dia a dia é doloroso. Mete-se em brigas e em acidentes feios e vai parar na cadeia, da qual sai por intervenção dos ex-clubes e da federação inglesa. Era rico e perdeu tudo. Os amigos o sustentam – o gesto é bonito, mas, ao fazer isto, talvez estejam contribuindo para sua doença. Gascoigne já passou por sete tratamentos – provavelmente curtos e errados, daí as recaídas. Seu caso parece ser de internação por, pelo menos, um ano.

Garrincha morreu com 49 anos. Gascoigne está com 48. Aparenta 20 a mais e o relógio corre contra ele.


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Comentários:
9
  • Marcão de Varginha disse:

    Comparar ou não ao Garrincha em todos os sentidos é até irrelevante. O que preocupante é que é mais um ser humano aumentando a estatística de dependência do álcool, que tanto corrói os lares e outros ambientes; o cidadão Paul Gascoigne necessita de mais apoio, compreensão e solidariedade dos familiares e amigos, e a imprensa deveria ser mais humana não fazendo lobby com a doença alheia, mas o dinheiro corrói a capacidade de raciocínio de alguns da mídia. É preciso vender, vender, vender…
    – #benecyeternomito

    – #benecyeternomito

  • Ed Diogo disse:

    Acho que muitos nao sabem ler ou interpretar textos ou talvez nao prestem atencao para o que esta lendo.Esta escrito nao no campo mas nos hospital ,rua,etc

  • Leandro Fábricio disse:

    Infelizmente não depende só dos outros, se a pessoa que está nessa situação não quiser ser ajudado aí fica muito difícil…

  • Tonho ( Mineiro ) disse:

    Grande Paul Gascoine, fan desde os tempos do Newcastle. A pouco tempo um jornal britânico publicou uma foto dele caído na entrada de um Hotel em Londres, estava irreconhecível. Faz lembrar também do grande Dr Socrates. A cervejinha e muito boa, mas tem que se saber levar.

  • Mauro disse:

    O futebol perdeu a graça.
    Bom era no tempo do Eric Cantona: https://www.youtube.com/watch?v=NeTfz0NVHrQ
    Isso sim era assistir a um jogo emocionante!!!

  • Alisson Sol disse:

    Por favor. O George Best, que jogou pelo Manchester United e tinha talento, este sim talvez possa ser comparado com Garrincha. Este Paul Gascoigne foi um jogador medíocre, com lampejos em um ou outro jogo quando era jovem. No máximo, pode ser comparado ao Adriano.

    • Thiago disse:

      Vc com certeza nao viu os jogos dele na copa de 90 pela selecao inglesa.

    • RicardoB disse:

      Mas é justamente isso que o Ruy Castro diz, logo na primeira linha do texto ( “Os ingleses também têm o seu Garrincha. Não em campo, mas nas ruas, nos hospitais e nos jornais que exploram os dramas humanos”). Em nenhum momento, ele afirma que o futebol do Gascoigne é comparável ao do Garrincha. Aliás, e aí digo eu, nem o do George Best.

  • Thiago disse:

    Essa sempre foi doidão! !!