Blog do Chico Maia

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O ex-senador, que continua forte no governo, foi preso, flagrado com a cabeça branca de seus 67 anos bolinando duas crianças, uma da quais mantinha no colo

Senhores e senhores,

cada dia mais é tempo de reflexão para todos os brasileiros. No futebol discutimos o assunto toda a hora e mais tarde voltarei ao blog para falar de Cruzeiro x Figueirense, que se fosse apenas mais um jogo do Brasileiro não chamaria tanta atenção. Mas, é um momento especial já que estreia um treinador europeu com métodos diferentes e que poderá acrescentar muito ao nosso futebol, ou não. O mundo futebolístico está atento à presença de Paulo Bento no comando de um dos mais importantes clubes do futebol brasileiro.

Mas neste momento quero mostrar esta coluna do Elio Gaspari no jornal O Tempo desta semana. Me fez lembrar histórias que li na trilogia do Laurentino Gomes “1808”, “1822” e “1889”, que explica porque o Brasil é assim, porque grande parte dos brasileiros age desse jeito.

Dói muito, principalmente em quem, como eu, vive o dia a dia, viaja muito por Minas e pelo país, e sabe no Brasil tudo relatado pelo Gaspari é verdade, inclusive as injustiças, as mentiras e a força da grana que remove montanhas Brasil afora:

* “O nome do jogo é Nezinho Alencar”

Existe a agenda do século 21, que pede banheiros para transgêneros, história d’África nos currículos e livre consumo de maconha. É bonita e moderna, mas embute um truque. Discutindo-se a agenda do 21 esquecem-se os restos a pagar do 19.

No 19, os patriarcas escondiam-se na escravidão para viver naquilo que Gilberto Freyre chamou de “intoxicação sexual”. No 21, essa figura do oligarca, senhor de seus domínios, perdeu espaço, mas ainda vai bem obrigado.

No dia 23 de janeiro de 2016 deste século 21, o ex-senador Manoel Alencar Neto (PSB-TO), também conhecido como Nezinho Alencar, foi preso pela Polícia Federal sob a acusação de ter abusado sexualmente de duas meninas menores, uma de seis e outra de oito anos.

Nezinho é um próspero político do Estado de Tocantins e chegou ao Senado em 2005, cavalgando uma suplência. Esteve na cadeira por alguns meses, durante os quais honrou a base governista, defendeu a prorrogação das dividas do agronegócio, falou em nome do “choro de mães de família”, pediu mudanças na legislação trabalhista e lembrou ter começado sua vida política nos “movimentos estudantis pelas liberdades democráticas”. Na região de Guaraí há quem peça bênção a Nezinho.

No governo Temer o PSB de Nezinho continua aninhado no Planalto e o pernambucano Fernando Coelho Filho ganhou o Ministério da Integração Nacional. Seu pai é o senador Fernando Coelho, que por sua vez é sobrinho do ex-governador Nilo Coelho, filho do coronel Quelê, o patriarca dos Coelho de Petrolina (PE).

Nezinho foi preso porque um vaqueiro escondeu um celular numa árvore e fotografou-o, com a cabeça branca de seus 67 anos, bolinando duas crianças, uma da quais mantinha no colo. Em nenhum momento ele desmentiu a veracidade da cena.

Em março o juiz Ricardo Gagliardi, da 1ª Vara Criminal de Colmeia soltou o ex-senador argumentando que “o fato de o investigado ser colocado em liberdade em nada afronta a ordem pública”. Pode ser, mas por via das dúvidas, o vaqueiro e outras nove pessoas de sua família estão hoje escondidos, sob proteção da Polícia Federal.

Os advogados de Nezinho defendem-no com dois argumentos. Primeiro, foi tudo “armação” do pai das meninas. Tudo bem, um pai analfabeto e pobre deve ser sempre o primeiro suspeito, mas quem está na fotografia bolinando as crianças é o ilustre ex-suplente de senador pelo PSB. Na segunda linha de defesa, o bolinador teria agido sob influência de antidepressivos misturados a álcool. Em suma, Nezinho Alencar é a verdadeira vítima, pois até chorou quando lhe mostraram a cena. Não chorava quando mantinha a criança no colo. Tomara que nenhum consumidor de álcool com antidepressivos cruze com familiares de Nezinho ou de seu advogados.

Felizmente, a repórter Renata Mariz, do “Globo”, recuperou o caso do vaqueiro e de suas filhas. Eles vivem com medo. Fazem bem, porque o doutor continua acusando-os de “armação” e até hoje não passou pela sua cabeça pedir desculpas por ter bolinado crianças, filhas de um empregado.

O pai das duas meninas dá uma aula de ciência política aos novos poderosos de Brasília e aos barbudos que acreditaram numa aliança com a oligarquia. Segundo ele, Nezinho não estaria solto se tivesse “mexido com a filha do juiz, do delegado, do promotor ou de outro fazendeiro”.

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/eliogaspari/2016/05/1772323-o-nome-do-jogo-e-nezinho-alencar.shtml


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Comentários:
6
  • Sérgio Lopes disse:

    A maioria da população brasileira é alienada e um pequena minoria é riquíssima. A parcela menor manda e desmanda no país. Estão acima da lei… Sugiro que acessem o link: blogdosletradosdesalienados.blogspot.com
    Aguardo sua visita.
    Abraço,
    Sérgio Lopes

  • Igor Mendes Dias disse:

    Infelizmente, todo cidadão tem direito a defesa, e se o advogado se recusar, pode perder sua carteira da OAB. Um crime hediondo como este, será que há foro privilegiado? Nada mais é surpresa vindo desta classe suja, dessa corja de bandidos. Um absurdo! Muda Brasil!

  • Marcão de Varginha disse:

    Advogado que se preza, que se valoriza, que se sente honesto, jamais defenderia um “cidadão” desses… há advogados e adevogados, e esses últimos ficam de olho no quinhão, infelizmente!
    – Em toda classe profissional há os bons.. e os péssimos, os imprestáveis, os inúteis… todos FDP, com todo respeito às putas!

  • Tonho ( Mineiro ) disse:

    Safado ! neste caso de aproveitador de crianças sou a favor de pena de morte !!! Em alguns paises mais civilizados “castram” os pedofilos com medicamentos. O que vc achou da indicar de Gustavo Perrela para a secretaria do futebol ?

  • Luiz disse:

    Que vagabundo FDP….sem mais,cana nesse ordinário.

  • Alessandro disse:

    Então, lendo isso, até aonde vai certos magistrados, como disseram, as crianças abusadas não são filhas de pessoas influentes, é por isso que é difícil acreditar da justiça brasileira, quem detém influência fica solto, o que dizer do jornalista que matou pelas costa a ex, foi réu confesso, o STJ lhe concedeu habeas corpus, só após 10 anos foi comprimir a pena, ou, o desembargador que concedeu a liminar a família Sarney proibindo o jornal Estadão de publicar denúncias contra eles. Ainda criticam o Moro por julgar e encarcerar esses bandidos de colarinho branco. Fez bem o jornalista José Neumanne Pinto quando disse ao Ministro Marco Aurélio Mello que não acreditava da Suprema Corte. Infelizmente, não generalizando, o judiciário é tão ou mais corrupto que o legislativo.
    Após aquela bizarrice dos deputados votando pelo impedimento da Dilma, fiquei mais assustado. Os nossos deputados federais são totalmente despreparados. Desculpe-me pelo desabafo e pessimismo, mas é difícil o que vou escrever, sou brasileiro e já desistir faz tempo. Esse país tinha que começar tudo de novo. Como diria o Raul Seixas, “pena eu não ser burro, não sofria tanto.” Abraços.