Blog do Chico Maia

Acompanhe o Chico

Quem investiu em hotéis para a Copa do Mundo em Beagá pode ter entrado numa fria

Muito esclarecedor este artigo do Dr. Kênio de Souza Pereira, um dos maiores especialistas do ramo imobiliário do país, no jornal O Tempo:

* “Até hoje, unidades não foram entregues”

As construtoras se aproveitaram dos benefícios da Lei 9.952/2010, do município de Belo Horizonte, que incentivou a construção de hotéis para a Copa do Mundo. Mas a lei falhou ao não limitar o número de empreendimentos, o que resultou no lançamento de dezenas de hotéis, muito além da capacidade de absorção do mercado.

Os compradores foram induzidos a adquirir unidades de tamanho mínimo com preço máximo, cujos empreendimentos prometiam uma alta rentabilidade – em torno de 1,5% ao mês sobre o valor investido. Isso consistiu numa propaganda enganosa, pois pagou-se caro a ilusão de uma grande rentabilidade. Constata-se uma queda na taxa de ocupação de 30% nos últimos anos, com registro de um aumento de 70% na oferta de apartamentos, de acordo com a presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Patrícia Coutinho.

Diante do fato de existirem ainda 12 empreendimentos com obras atrasadas, que serão concluídas nos próximos anos, sobrarão quartos vazios. Certamente, as operadoras sempre lucram, pois recebem por seus serviços de qualquer jeito. Somente o que sobra da receita das ocupações é que é distribuído aos adquirentes. Diante da certeza de queda da taxa de ocupação, muitos adquirentes terão que pagar os custos do condomínio e da operadora, situação já vista no mercado em 2000. Assim, os preços dessas unidades hoteleiras deverão despencar!

Uma bomba vai estourar futuramente. Os hotéis atrasados terão que pagar para a Prefeitura de Belo Horizonte multas milionárias, mesmo após a redução do valor prevista na Lei 10.911/2016, de 2 de março último. É evidente que algumas construtoras não terão recursos para arcar com elas. Advinha quem irá ficar com o mico dessas multas?

Realmente, esse tipo de negócio constitui uma irracionalidade. Diante do descumprimento do prazo de entrega do hotel, pode o comprador rescindir de imediato o contrato e exigir tudo que pagou acrescido de correção monetária e multa, antes que o construtor desapareça com os bens que estão em seu nome.

Pelo visto, algumas construtoras estão praticamente falidas, pois há obras paralisadas e outras a “passos de tartaruga” que estão exigindo novos valores dos compradores para prosseguir com a construção. Essa coação tem funcionado diante da falta de conhecimento dos compradores. Assim, o que já foi vendido caro ficará caríssimo, fora da realidade. O prejuízo aumenta com a irremediável desvalorização diante do excesso de oferta.

A rentabilidade, como já dito, tende a ser mínima, podendo o comprador ter que pagar os custos do condomínio e da operadora por muito tempo, já que, com a economia desaquecida, não há demanda para a hotelaria.

Quem comprou unidades hoteleiras que não foram entregues até hoje tem motivos para rescindir o contrato e receber o valor que investiu de volta, mas deve agir com rapidez e profissionalismo para minimizar os prejuízos.

http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/k%C3%AAnio-de-souza-pereira/at%C3%A9-hoje-unidades-n%C3%A3o-foram-entregues-1.1303578


» Comentar

Comentários:
9
  • Marcos Vitório disse:

    No Brasil infelizmente não existe uma mentalidade de saber gerar riquezas de forma justa e honesta, através de trabalho e criatividade. Somente vemos alguns pequenos grupos se beneficiarem através de conchavos de cunho político onde a corrupção é o ingrediente principal. Tornar a capital mineira atrativa para o turismo sustentável seja ele de negócio, cultural ou de eventos é simplesmente por falta de visionarismo da nossa cultura e de quem tem o poder de tomar decisões neste lugar. Quando se compara a capital mineira com outras cidades pelo mundo afora, nota-se que perdemos várias oportunidades para sermos atraentes e geradores de riquezas. As riquezas por aqui poderiam ser atraídas, de forma inteligente e estratégica onde esses hotéis seriam poucos para a variedade de eventos que a cidade poderia patrocinar. Mas infelizmente uma pequenez toma conta de nossa natureza e não conseguimos desenvolver nada muito melhor que temos hoje. Só a cidade de Nova Iorque, por exemplo, recebe 47 milhões de turistas/ano e gera uma receita de 30 bilhões de dólares para a cidade, e é uma cidade com pouquíssimas atrações naturais. Suas atrações são na sua maioria fabricadas. Não quero BH seja uma Nova Iorque, mas que se mire no exemplo para através do jeito mineiro criar uma atração em nível nacional ou até internacional com as coisas genuinamente mineiras. Eu acredito ser possível.

    • Marcos Vitório disse:

      Se me permite Chico gostaria de complementar o meu texto:
      A idéia de construir novos hotéis para a copa do mundo, creio eu, seria somente um pontapé inicial para iniciar algo novo em BH, pois nenhum investimento em um hotel é feito para durar um mês e meio a dois meses e acabar. A crise financeira causada justamente pelos desmandos do governo com a copa e agora olimpíadas junto com outras questões político-econômicas fez o país mergulhar numa crise profunda e trouxe junto um sentimento pessimista. No Brasil infelizmente não existe uma mentalidade de saber gerar riquezas de forma justa e honesta, através de trabalho e criatividade. Somente vemos alguns pequenos grupos se beneficiarem através de conchavos de cunho político onde a corrupção é o ingrediente principal. Tornar a capital mineira atrativa para o turismo sustentável seja ele de negócio, cultural, de eventos ou lazer não é viável simplesmente por falta de visionarismo da nossa cultura e de quem tem o poder de tomar decisões neste lugar. Quando se compara a capital mineira com outras cidades pelo mundo afora, nota-se que perdemos várias oportunidades para sermos atraentes e geradores de riquezas. As riquezas por aqui poderiam ser atraídas, de forma inteligente e estratégica onde esses hotéis seriam poucos para a variedade de eventos que a cidade poderia patrocinar. Mas infelizmente uma pequenez toma conta de nossa natureza e não conseguimos desenvolver nada muito melhor que temos hoje. Só a cidade de Nova Iorque, por exemplo, recebe 47 milhões de turistas/ano, quase 7 vezes o que o Brasil inteiro atrai de turismo internacional e gera uma receita de 30 bilhões de dólares para a cidade, e é uma cidade com pouquíssimas atrações naturais. Suas atrações são na sua maioria fabricadas. Não quero que BH seja uma Nova Iorque, mas que se mire no exemplo, para através desse jeito mineiro poder criar uma atração em nível nacional ou até internacional com as coisas genuinamente mineiras. Eu acredito ser possível.

  • André Corrêa disse:

    Eu nunca entendi bem essas apostas em hotéis para a Copa, como diziam.

    Belo Horizonte nunca teve grandes demandas por esse tipo de serviço, afinal, turismo não é o forte da nossa capital. Nem a lazer, nem a negócios. Será que valeria tanto a pena gastar milhões de reais em investimentos para trabalhar bem durante um mês (o da Copa)?

    Essa obra da foto mesmo é difícil de entender. Que público é esse que nós teríamos em um hotel de alto padrão ali, naquela região? Rio de Janeiro com Guiacurus! Não dá para acreditar que apostas desse tipo tenham acontecido apenas por ingenuidade desses empreendedores…

  • Marcos disse:

    E mesmo depois da Copa BH continua sendo uma capital medieval, ruralista e cheio de problemas estruturais. O “metrô” continua como está, a iluminação da cidade continua precária, rodovias que chegam à cidade continua sem duplicação, a rodoviária continua no centro, o anel “terrorviário” segue largado e sem chances de revitalização. Nessa cidade não possuem mais aqueles relógios de rua e tampouco pontos de ônibus decentes. E os habitantes da cidade ainda são alheios a tudo isso e ainda possuem uma mentalidade que não combina com uma metrópole.
    Nessa Copa do Mundo apenas a região norte só recebeu algumas melhorias pq o Mineirão, o Centro Administrativo e o aeroporto de Confins ficam por lá. E o resto da cidade continua como sempre foi: largado às traças.
    Sobre os hotéis, esse hotel da foto ainda irá levar séculos pra ficar pronto, ainda mais que a Copa já passou.

  • Thales rosa disse:

    Acho engraçado ler que consumidores foram induzidos ao erro ou enganados, a oferta estava lá, ninguém obrigou ninguém a nada. Falta ao brasileiro estudar finanças, o tesouro nacional hoje remunera 14% ao ano com risco 0.. Dá quase os mesmos 1,5 ao mês prometidos nos hotéis…. Agora já era quem não se informou perdeu… Bh não tem público nem atrativos para tratamos hotéis…

    • Alisson Sol disse:

      Thales,

      Isto aí é bem mais complicado do que parece. Se todo mundo tivesse as mesmas informações e habilidade matemática, o mercado de ações seria quase inexistente. Afinal, porque alguém iria investir em uma empresa, se outra pessoa que tem ações da mesma está vendendo? Mesmo em locais onde você pensaria que o que “o mercado” é bem regulado, há regularmente escandalos de alguém ter a famosa “informação privilegiada”. Não existe retorno sem risco, mesmo nos “bonds”. Lembre-se que vários países já deixaram de pagar seus títulos de dívida. A vizinha Argentina está tentando ter descontos dos valores que prometeu pagar.

      A maioria das pessoas devia era passar longe de qualquer coisa que tem risco, pois não tem um “pé-de-meia” com uma reserva para os dias ruins. Mas insistem em “tentar ficar rico” do modo mais fácil e rápido possível. O interessante é que, antes da preparação financeira, a pessoa teria de ter a preparação social. Veja que jogador de futebol, pela ambição financeira da maiora, “fica rico”. Mas a maioria não permanece rico e termina a vida pobre, pois não teve a preparação para se manter economicamente.

  • Jorge moreira disse:

    Querem saber mais um 7X1 toma povo besta que quer ganhar dinheiro facil,e na especulação,
    quem acreditou se ferrou

    • Marcos disse:

      Nem com outro sete a um conserta isso.
      Só veremos algum conserto se o Brasil ficar de fora de alguma Copa do Mundo. E isso poderá acontecer já em 2018 ou em 2022.

  • Stefano Venuto disse:

    Péssimo negócio, a maioria está parada para não dar mais prejuízo e os que estão abertos estão pra fechar. Sei disso porque advogo pra várias pessoas que investiram nisso e estão em dificuldades. Alguns estão pensando em mudar o destino dos empreendimentos, alugar como salas comerciais, para empresas, etc.