Paulo Bento vai ter que se virar com a falta de tempo para treinar e o elenco limitado do Cruzeiro
Coluna escrita por mim para a revista Exclusive:
Atlético e Cruzeiro entraram na contramão do Campeonato Brasileiro. O América dentro de suas possibilidades financeiras, começou perdendo duas de cara e vai ter que se virar para evitar o retorno à Série B. A dupla mais forte de Minas estreou treinadores no início da disputa, quando deveriam estar com comissões técnicas e elencos de jogadores definidos desde o fim da temporada passada. O Cruzeiro errou feio ao deixar Deivid brincar de treinador com uma das estruturas e grupo de atletas dos mais caros do país. O aprendiz, demitido tão logo o fracasso no Campeonato Mineiro se consumou, não deixou nada que pudesse ser aproveitado pelo sucessor. Ainda mais um substituto estrangeiro, o português Paulo Bento, aposta ousada e perigosa nas mesmas proporções. Com um elenco bastante limitado e cultura futebolística completamente diferente, o lusitano terá que mostrar competência e paciência para montar um time competitivo em meio a dois jogos por semana, viagens longas e sem tempo para treinar. Além, óbvio, da natural pressão oriunda da cobrança da torcida. Com enorme carga de treinamento e a experiência que ele tem, pode dar certo, principalmente se não enfrentar boicote de jogadores incomodados com os horários e dias de treinos. Emerson Leão durou pouco na Toca da Raposa por querer implantar filosofia semelhante.
Erroneamente parte da imprensa insiste em comparar Paulo Bento com Dunga. Nada a ver! Primeiro, que Dunga é também um aprendiz de treinador, apesar de ter dirigido a seleção brasileira numa Copa do Mundo e em duas Copas América. Segundo, que apesar de sisudo, o português é educado no trato com as pessoas, desses que respeita para ser respeitado.
Esperou demais
O Atlético esperou perder a Copa Sul/Minas/Rio, o Campeonato Mineiro e a Libertadores da América para acordar e concluir que a contratação do uruguaio Diego Aguirre foi um erro. Menos mal porque tinha Marcelo Oliveira disponível e acertou rápido com ele, que também estava muito a fim de voltar às origens, agora como comandante do time principal e com status de um dos mais concorridos treinadores do país. Rodar por outros estados e grandes clubes foi ótimo para o Marcelo, que além de títulos importantes ganhou experiência e prestígio.
Encontrou um bom grupo na Cidade do Galo, sabe das deficiências que precisam ser corrigidas e conhece como poucos não só o Atlético como as dificuldades do futebol brasileiro. Não quer dizer que será campeão e nem que uma vaga na próxima Libertadores da América esteja garantida. O Brasileirão é traiçoeiro e nem sempre o melhor vence. Além de serem muitos os candidatos ao título.
Dos 20 integrantes da Série A, o América é o 19º em receitas e isso pesa demais nessa disputa, não só nos investimentos em contratações, mas também para segurar seus melhores jogadores.
O excelente goleiro João Ricardo, por exemplo, tem vários interessados endinheirados. De acordo com a lei, quem depositar a multa rescisória, leva. E o América não tem como segurá-lo ou a qualquer outro jogador assediado.
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