Enquanto exibia os pronunciamentos dos familiares de Muhammad Ali, as redes de TV mostravam imagens das lutas e cenas da intimidade dele com os filhos.
Que me perdoem leitores interessados apenas em Copa América e seleção brasileira, mas hoje falarem de um assunto diferente e as senhoras e senhores hão de compreender. A sexta-feira dos Estados Unidos foi marcada pelo cortejo fúnebre e solenidades em homenagem a Muhammad Ali, em Lousiville, no Estado do Kentucky. Além da mídia impressa, todas as redes de TV transmitiram ao vivo, com direito a discurso do ex-presidente Bil Clinton. Não consegui sair de perto da televisão enquanto duraram as falas de tantas figuras, representantes das mais diversas raças e crenças religiosas, inclusive indígenas. Nunca vi momento fúnebre de personalidade pública tão marcante e emocionante. Toda homenagem que se fizer a Muhammad Ali mundo afora será justa. A partir do momento em que se uniu a Martin Luther King na luta contra a segregação racial e pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, a causa ganhou força em todo o planeta e ambos pagaram caro por isso. Luther King assassinado e Ali perseguido de todas as formas possíveis, inclusive perdendo a licença para lutar, no auge da carreira de maior boxeador que o mundo viu.
Essa luta pela cidadania, que começou no início dos anos 1960, resultou no fim do apartheid na África do Sul em 1994, depois de Nelson Mandela, líder da mesma causa na África, ter sido condenado à prisão perpétua e libertado depois de passar 28 anos na cadeia. O resultado prático disso nos Estados Unidos, hoje, é que os negros têm um poder e respeito onde não têm em nenhum outro lugar do mundo. No governo, no Congresso, nas forças armadas e nos meios de comunicação a presença de negros é fortíssima, quase que na mesma proporção de brancos, fato inimaginável quando Muhammad Ali (ainda Cassius Clay) abraçou a causa que tinha Martin Luther King como a liderança mais famosa.
Carne e osso
A única vez que o vi Muhammad Ali de perto foi na abertura da Olimpíada de Londres, em 2012, quando ele fez um grande esforço na luta contra o Parkinson para conseguir marcar presença. Havia informações de que o agravamento do problema o impediriam de ir. Mas ele chegou. Numa cadeira de rodas, pescoço pendente para o lado esquerdo, lá estava o mito, dando mais um exemplo para a humanidade. Gente, susceptível a problemas como qualquer pessoaa.
Nos jornais das redes TVs, apresentadores negros e brancos dividem as bancadas. Raramente em qualquer comercial de uma grande empresa os personagens são apenas brancos.
Legado perverso
O tal “legado” tão mentirosamente utilizado pelas autoridades que defendiam altos gastos e tantos estádios na Copa do Mundo em 2014 provocou saudade dos bons tempos do futebol brasileiro esta semana na Copa América. México 2 x 0 Jamaica teve público de 83.365 pagantes, o que não era raro no futebol mineiro e brasileiro antes de encolherem, encarecerem e burocratizarem os nossos estádios. Em nome de um “Padrão FIFA”, outra mentira, já que a entidade apenas recomendava, mas não obrigava mataram bastante o futebol brasileiro. A média público nesta competição tem sido de 39.462 pagantes, por partida.
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