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Olimpíada custou R$ 1 bilhão por dia, e ainda há restos a pagar!

Interessante o que escreveu Hélio Schawartsman na coluna dele na Folha de S. Paulo:

* “R$ 1 bilhão por dia”

A festa foi bonita. Mas, exceto por Munique-72 e Atlanta-96, marcados por ataques terroristas, o espetáculo olímpico é sempre bacana. O problema é o custo. E aqui fica difícil qualificar a Rio-16 de qualquer expressão mais leve do que aventura irresponsável.

Pelo quadro publicado na edição de ontem da Folha, a Olimpíada consumiu R$ 39 bilhões, dos quais R$ 17 bilhões são dinheiro público, que é o que nos diz respeito. Como foram 17 dias de eventos e competições, temos a bagatela de R$ 1 bilhão por dia. Esses são dados oficiais, então não será surpresa se ainda aparecerem mais alguns restos a pagar.

É claro que nem tudo é dinheiro jogado fora. Uma parte dos custos se refere a investimentos que ficam, como o Metrô, no qual a administração estadual colocou R$ 8,6 bilhões. A dificuldade aqui é que o governo fluminense, agora virtualmente falido, poderia ter feito uso mais sábio de tais recursos. O mesmo vale para outros legados. Será que eles eram mesmo prioridade?

Raciocínio semelhante pode ser feito para o desempenho esportivo. Como mostrou Roberto Dias na edição de ontem, o Brasil aumentou significativamente os investimentos públicos em esporte, que saltaram de R$ 2 bilhões no ciclo 2008-2012 para R$ 3,7 bilhões em 2012-16, para que obtivéssemos no Rio apenas duas medalhas a mais do que em Londres.

E, convenhamos, apoiar o alto rendimento para ganhar medalhas me parece um objetivo meio besta. Investimentos públicos em esporte deveriam estar voltados principalmente para dar condições para a população exercitar-se e motivá-la a fazê-lo, melhorando sua qualidade de vida e reduzindo as contas da saúde.

Não ignoro que organizar um evento como a Olimpíada traz ganhos difíceis de ponderar, como a melhora da autoestima nacional e da imagem externa do país. Custa-me crer, porém, que tais benefícios justifiquem o R$ 1 bilhão por dia.


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Comentários:
4
  • Zé Carlos disse:

    Entre 1999 e 2001, Alexandre Schwartsman foi economista-chefe no Indosuez, e de 2001 a 2002 na BBA Corretora. Em 2003, Schwartsman sucedeu a Beny Parnes na Diretoria de Assuntos Internacionais do Banco Central do Brasil, onde permaneceu até 2006. Entre 2006 e 2008, foi economista-chefe para a América Latina do ABN Amro Bank, e de 2008 a 2011 ocupou o mesmo cargo no Grupo Santander Brasil. Atualmente, além de ser sócio-diretor da Schwartsman & Associados Consultoria Econômica, escreve a coluna semanal Opinião Econômica para a Folha de S. Paulo e uma coluna mensal para o Valor Econômico.

    Seu primo, Hélio Schwartsman é colunista na Folha.

    Interessante que a família Schwartsman, tão intima dos números e rendimentos bancários, não comente, também, sobre o valor bilionário gasto, diariamente, pelo governo federal com os juros da dívida bancária ?!?

    https://www.jurometro.com.br

    Já que os Schwartsman não fazem os cálculos…nós fazemos para eles:

    De 01/01/2016 a 24/08/2016 temos 236 dias corridos no ano.
    O governo brasileiro já pagou R$ 270 bilhões de juros aos bancos em 2016.
    Logo, 270 bilhões / 236 dias = 1,14 bilhões dia.

    E aí ?
    Vale a pena investir R$ 1 bilhão/dia, em um evento que trouxe tudo isso para o Brasil:
    goo.gl/sJPO6R

    Ou vale a mais a pena pagar R$ 1,14 bilhão/dia para o deleite de meia dúzia de banqueiros ?!?

    Com a palavra…os Schwartsman.

    • Alisson Sol disse:

      Zé Carlos,

      O Brasil paga juros porque pegou dinheiro emprestado. Simples assim!

      Se o Brasil fosse superavitário, e os “governos” gastassem menos do que arrecadam, não precisava pegar dinheiro emprestado. Estamos falando de um “país”, que é a única instituição que imprime moeda, e tem portanto o poder de valorizar/desvalorizar seu dinheiro. E o Brasil nem sequer está engessado no Mercosul como o estão países da União Européia que adoraram o euro. O Brasil paga juros por dinheiro que tomou emprestado, às vezes para obras boas, como estradas, escolas, hidroelétricas, etc., mas muitas vezes para simples falcatruas.

      E se o Brasil paga juros altos, é porque há risco em se emprestar dinheiro para o Brasil. Você deve já saber, ou será fácil confirmar, a informação de que há países como Japão e Alemanha que hoje tem títulos com juros negativos. O investidor paga 100 dólares à Alemanha hoje para receber 99.50 em títulos de até 10 anos! Mas emprestar ao Brasil é mais próximo de emprestar à Argentina ou à Alemanha?

      A solução para não pagar juros é simples: gastar menos do que arrecada. A solução para pagar juros menores é simples: ter um governo com credibilidade de que não vai aumentar salários de servidores às vésperas de eleições, não vai fazer o BNDES emprestar dinheiro para empreiteiras fazerem obras em Cuba ou na Venezuela, não vai usar empresas de economia mista em falcatruas, etc.

      Se você quer ver o que acontece quando o governo decide “não pagar juros” confiscando o bem privado, taxando-o além do limite razoável, ou mesmo criando leis que obriga empresas a vender abaixo do custo de produção, visite Cuba ou a Venezuela…

      • Zé Carlos disse:

        Alisson Sol,

        Não tente enganar as pessoas com o seu discurso falacioso a lá “Reinaldo Azevedo”.

        A observação feita no meu comentário é sobre a hipocrisia daqueles que cobram austeridade do governo de um lado e por outro, escondem que se beneficiam e muito, deste mesmo governo.

        E se você quer falar sobre taxas de juros, fale a verdade.

        O Brasil paga taxas de juros escorchantes porque aqueles que vivem de juros, os rentistas, são quem realmente mandam no Brasil.

        Zé povinho aplica o seu dinheiro no banco para receber de volta, 1% de rentabilidade.

        O governo pede dinheiro emprestado aos bancos e pagar a taxa Selic, hoje, de 14,75%.

        Ou seja, para os senhores de engenho, quanto maior for essa diferença, melhor para eles.

        Porque você acha que eles, através dos seus escribas de plantão, como esses Schwartsman, pedem tanto um Banco Central “Independente” ?

        Ora, para criarem um 6º poder no Brasil e poderem colocar os juros na estratosfera sem qualquer interferência do governo eleito pelo povo !!!
        Para a casa grande, quanto menos o Zé povinho intervir na condução do país, melhor….para eles.

        Como o Zé povinho compra tudo no crediário, não se importando com a taxa de juros cobradas e sim, se as prestações cabem no seu orçamento, os rentistas buscam, cada vez mais se aproveitarem disso.

        Lembra na época do Armínio Fraga, Presidente do Banco Central, indicado pelo FHC ?
        Com eles a taxa de juros Selic chegou aos 45% em março de 1999 !!!

        Porém, em 2012, quando a presidente Dilma ousou encarar esses canalhas e ordenar a baixa da taxa de juros Selic para 7,25% ao ano, a menor taxa na história do país, o que ocorreu 6 meses depois?

        Tivemos, em 2013, o início do financiamento, por parte desta mesma banca, das manifestações coxinhas que culminaram com o golpe de 2016.

        Em política não existem coincidências!

        Para cassar a Dilma, Deputados e Senadores trabalharam até aos finais de semana. Para salvar Eduardo Cunha, eles faltaram a sessão realizada em um dia útil.

        Agora que o golpe de 2016 foi desmascarado não se houvem mais o som das panelas e o gritos das manifestações coxinhas. A minha única dúvida é se esse silêncio é por cumplicidade ou vergonha de descobrirem que foram manipulados…

        • Alisson Sol disse:

          Zé Carlos,

          Assumindo que você quer continuar uma discussão séria, aqui estão os valores históricos da taxa Selic: link. Você pode ignorar os dados, se atrapalharem suas conclusões, mas eles vão continuar lá. Lembremos, não há valor de taxa Selic que importe se o governo não estiver tomando dinheiro emprestado!

          Se a Sra. Dilma queria enfrentar “canalhas”, devia ter demitido dezenas de milhares de pessoas em “cargos de confiança”. Devia ter sido a primeira a mandar um “memorando” para os membros do seu partido exigindo lisura no trato da coisa pública. Devia ter criado uma linha direta para denúncias de corrupção e mal-uso de recursos públicos. Devia ter acabado com bolsas, diminuído impostos e incentivado o pleno emprego.

          Mas o que ela fez? Exatamente o oposto. A nomeação de dezenas de milhares de partidários em cargos para os quais eles não tem qualificação. Desde a época da Petrobrás, ela sempre tem olhado para o outro lado para não ver os atos de seus partidários envolvidos em corrupção. Lembremos que, o líder do governo da Sra. Dilma no Senado Federal, foi preso em pleno exercício do cargo! A Sra. Dilma continuou a política de bolsas, e aumentou impostos até o ponto em que a maioria das empresas quebrou ou teve de demitir. Procure alguém que te apresente um desempregado e fale com esta pessoa por meia-hora…

          A Sra. Dilma vai sair do governo para entrar para a História. Tudo correndo bem, vai entrar também pela porta da cadeia, e o Brasil mostrará ao mundo que comete erros em nome da esperança (lembra do “A esperança venceu o medo”?!). Mas não persiste no erro pelo medo de trocar o ruim pelo pior. O Brasil vai continuar um país do futuro. Mas isto é melhor que ser a Venezuela ou Cuba do presente…