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Novo capítulo da novela Dry World/Atlético: fornecedora garante entrega de material até dezembro deste ano

Robinho com a camisa produzida em Capanema, no Paraná: negócio foi traumático para a Rocamp. Foto: Bruno Cantini /Atlético

ROBINHO

Em janeiro o Atlético anunciou, com muita pompa, um contrato milionário com a canadense Dry World, que pagaria nos próximos cinco anos um valor total de R$ 100 milhões e ainda ajudando na contratação do Robinho e a permanência do Lucas Pratto no clube. Mas, a empresa ainda não tinha acertado todos os detalhes das negociações com uma parceira brasileira, a paranaense Rocamp, das mais tradicionais do setor confeccionista do Brasil. Logo no início da parceria, uma série de problemas gerou desentendimento comercial entre elas, que está dando dor de cabeça ao Galo, que, pelo menos até dezembro está garantido, segundo o presidente de uma das empresas.

Agradeço ao mineiro Guilherme Lopes, que mora em Curitiba, e que nos enviou esta ótima reportagem da Gazeta do Paraná, trazendo informações que a maioria dos atleticanos não sabia: 

* “Como a paixão pelo futebol arrasou o sonho de uma fábrica no interior do Paraná”

A intenção de ser fornecedora direta dos uniformes de grandes clubes levou a paranaense Rocamp a entrar em um mau negócio com a canadense Dryworld

O amor à primeira vista, com direito a casamento no calor do verão, mal suportou o outono e no inverno se acabou. Hoje em dia, a canadense Dryworld e a paranaense Rocamp só se falam por advogados.

A união entre as fabricantes de uniformes esportivos, formalizada em 4 de janeiro, marcou o início de um ambicioso projeto de expansão dos canadenses e prometia multiplicar o faturamento da empresa do Paraná. Mas a lua-de-mel durou pouco. Problemas de gestão levaram a dificuldades financeiras, dividiram os sócios e afetaram fornecedores e clientes – entre eles Atlético Mineiro e Fluminense, dois dos maiores clubes de futebol do país.

O futuro da sociedade será decidido nos tribunais. Alegando desvios de finalidade e gestão temerária por parte dos canadenses, os sócios brasileiros, minoritários, recorreram à Justiça e conseguiram assumir a gestão do negócio no mês passado, mas a decisão judicial ainda não é definitiva.

O presidente global da Dryworld, Juan Claudio Escobar, foi afastado em 18 de agosto do comando da Dryworld Indústrias Américas, como a Rocamp passou a ser chamada. Para seu lugar, o juiz nomeou Matheus Campagnolo, que dirigiu a confecção nos três anos anteriores à aquisição. Ele é filho do fundador, Edson Campagnolo, presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).

Pouco em comum

As duas empresas tinham pouco em comum. Criada em 2010 pelos ex-jogadores de rúgbi Matt Weingart e Brian McKenzie, a Dryworld era desconhecida fora de seu país. Mas desembarcou no Brasil e no ramo do futebol fazendo alarde. Bancou a contratação de Robinho pelo Galo e ofereceu patrocínios recordes ao clube mineiro e ao Tricolor carioca, de R$ 20 milhões e R$ 13,5 milhões ao ano, respectivamente.

A Rocamp sempre foi mais discreta. Fundada há 26 anos em Capanema, cidade de 19 mil habitantes do Sudoeste paranaense, mal estampava seu nome nas peças que produzia para marcas como Mizuno, Penalty, Olympikus e Lupo e para as redes varejistas Decathlon e Centauro.

A aproximação se deu por interesses complementares: a Dryworld queria começar logo a produzir no país, e a Rocamp sonhava com uma marca própria, o que dobraria o faturamento por peça. “A gente se conheceu e já marcou data para o casamento. E só depois foi discutir a relação”, reconhece Edson Campagnolo.

Em troca do controle acionário da Rocamp, os canadenses licenciaram o uso da marca Dryworld em toda a América Latina à família Campagnolo por 20 anos, prorrogáveis por mais dez, e se comprometeram a investir US$ 10 milhões para ampliar a capacidade de produção. O faturamento seria dividido meio a meio.

 

Relação estremecida

TRIO

Daniel Nepomuceno, presidente do Atlético Mineiro, com Matt Weingart e Juan Claudio Escobar, da Dryworld: acordo milionário.Bruno Cantini /Atlético

 

O estopim da crise foi aceso logo no início da parceria. O combinado era que os brasileiros ficariam à frente do desenvolvimento, produção e distribuição dos uniformes. Mas depois a Dryworld alegou que, nessas condições, os fundos de investimento que a apoiam não colocariam dinheiro no negócio. A multinacional assumiu, então, a gestão operacional. Mas jamais investiu o prometido, porque os fundos recuaram, culpando o cenário político e econômico do país.

Com recursos próprios, os Campagnolo haviam comprado, em dezembro, uma confecção que estava fechando as portas em Cascavel, a 120 quilômetros de Capanema. Mas não era o bastante. “Jamais seria possível produzir, sem o aporte de capital, o volume que a Dryworld assumiu”, diz o fundador da Rocamp. “Só para o Galo são 300 mil peças por ano para o mercado. De enxovais [uniformes para o clube], são cerca de 50 mil.”

Dona do slogan “dream, defy, deliver” (algo como “sonhe, desafie, entregue”), a Dryworld não conseguiu cumprir o básico: fabricar (e entregar) uniformes suficientes para os clubes, muito menos para a torcida. As categorias de base tiveram de usar peças antigas. Os times principais também foram afetados. “Quando assumimos a operação, em agosto, o Galo não tinha camisa número 1 para entrar em campo. O Goiás [outro parceiro] não tinha camisa nem calção”, conta Campagnolo.

Terra devastada

A matriz da Dryworld atrasou o pagamento do patrocínio aos clubes, e até hoje não remunerou a Rocamp pela produção dos enxovais. Os problemas no futebol contaminaram outras áreas: o fornecimento para redes varejistas começou a falhar, e por pouco não faltou uniforme com a marca da Olympikus para a seleção de vôlei na Olimpíada.

Mais grave era a situação financeira da confecção. “Todos os limites de crédito acabaram no fim de julho, tanto com bancos quanto com fornecedores. A empresa não estava no Serasa, hoje está. Não tinha protesto, agora tem”, diz Campagnolo. “Recuperamos o fornecimento aos clubes e estamos aos poucos tentando abastecer o mercado, mas com muita dificuldade. Continuaremos fornecendo ao Galo e ao Fluminense pelo menos até dezembro.”

O empresário diz ter ganho um voto de confiança de fornecedores e cooperativas de crédito para reerguer a empresa. Ela já fechou contrato com a Decathlon para 2017, e conversa com várias marcas, entre elas uma italiana, para substituir a Dryworld. “Estamos passando por um momento muito difícil, mas a recuperação é possível. Em médio prazo.”

R$ 25 milhões

era o faturamento anual da Rocamp. Com a Dryworld, a confecção esperava triplicar esse valor ainda em 2016, em razão do aumento da produção e do faturamento por peça. A companhia, que chegou a ter 600 funcionários no começo do ano, agora tem 500, nas fábricas de Capanema, Planalto, Santo Antônio do Sudoeste e Cascavel.

Escobar em silêncio

Contatado pela Gazeta do Povo, o presidente da Dryworld, Juan Claudio Escobar, disse que não comentaria a parceria com a Rocamp. E avisou que comentários de outras pessoas “não refletem a opinião da Dryworld”.

http://www.gazetadopovo.com.br/economia/como-a-paixao-pelo-futebol-arrasou-o-sonho-de-uma-fabrica-no-interior-do-parana-1l93530gee43e70dwku9lkeqo


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Comentários:
17
  • Carlos Almeida disse:

    Com a Lupo tbm era um valor bem acima das concorrentes, mas que não tinha a capacidade de fornecimento pra um clube tão grande.

    O clube ganha de um lado mas perde noutro, e no caso da Lupo, o prejuízo foi gigantesco, já que naquele time estava um astro mundial, o R10, além de um time vitorioso, com a conquista da Libertadores e a disputa do Mundial. Porém a patrocinadora não ofereceu condições para que o clube pudesse explorar sua marca internacionalmente.

    Se não me engano a tal de Champs, que patrocinava apenas clubes pequenos como o Brasiliense, quebrou após um contrato mal sucedido com o Vasco.

    Uma pena, pq o material, a confecção da Dry World é top de linha, de excelente qualidade, impressionante.

  • J.B.CRUZ disse:

    A DRYWORLD, será uma nova KOCH TAVARES ???….

  • Julio Avila (Mariana) disse:

    esta ai o melhor patrocínio do mundo na visão de alguns,eu acho é graça!
    desde fevereiro que não conseguem fazer camisa,o time jogando de branco,os meninos da base sem uniforme,que maravilha srs,lupo 2? lembrei do patrocínio da MRV que era de 25 mi e simplesmente o atletico deixou de lado pra pegar 13 da caixa,eu também acredito em mula sem cabeça,9×2!entrou numa fria sem tamanho,mas quem da calote em caloteiro tem perdão o ano inteiro,rsrsr!

  • Fernando Cabral disse:

    Fico imaginando a tragédia q será se esse patrocínio zebrar de vez e o galo não ganhar nada esse ano,mas tem que existir uma cláusula que obrigue a patrocinadora a ressarcir o galo

  • Pedro Vítor disse:

    Tenso demais está situação da Dry Wolrd e me falaram que o Atlético vem bancando integralmente o salário de Lucas Pratto, Robinho e Fred.

    Além de não conseguir vender camisa pra torcida que é uma das mais consumidoras do país

    Mas o Atlético vai conseguir outro patrocínio o grande problema é perder o valor de mercado que demora muitos anos pra se valorizar

  • Vinicius Campos disse:

    Bela visão Alisson Sol. Parabéns. Muito bom comentário.

  • Renato disse:

    Espero que o Galo leve o processo para o tal fora. Onde as leis funcionem. Aqui em Pindorama não existe justiça. Tanto no futebol quanto na vida pública.

  • Silva disse:

    O Ronho é artilheiro do Brasileiro e detentor das melhores médias de gols este ano… Clubismo deixa o ser humano retardado.

  • Andre Santana disse:

    engraçado q seu time q banca tudo ta brigando pra nao cair kkk e o ronho faz mais gol q seu time quase todo kkk

  • Paulo Cesar disse:

    É mesmo? E a Penalty com o coirmão?

  • Alisson Sol disse:

    É preciso não misturar as coisas. Isto aí nada tem a ver com rivalidade no futebol. Investimento internacional é bom para o Brasil, e para todos. Gera emprego no país, fabrica bens, e pode até ajudar o país via exportação.

    Tudo o que você não quer é exatamente isto aí: que negócios entre parceiros internacionais dêem errado. Dificulta muito para todos os outros fazendo tais parcerias em qualquer área. O Brasil já tem problemas demais de corrupção, falta de qualificação técnica e instabilidade financeira. Não precisa que dois parceiros “com boas intenções” mas sem a capacidade gerencial tragam mais problemas para o cenário. Espero que tudo se resolva.

  • roni disse:

    Os problemas do galo deixa que o jurídico do time se encarrega de resolver.vc deveria era se preocupar com seu timeco que já ta quase com os dois pés na segundo a.e vou te falar time que cai la se a torcida não abraçar vai ficar por muitos anos. E viva gilvan.viva os porrelas.viva as marias.

  • Paula disse:

    Rafael, pelo visto, a dor de crutovelo tá forte hein? Recalque demais faz a queda pra segundona ser bem mais dolorida.