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A história reescrita: o futebol brasileiro começou no Sul de Minas Gerais, dois anos antes de Charles Miller retornar da Inglaterra

Direto de Londres o jornalista mineiro, correspondente do SBT na Europa Sérgio Utsch twittou @utsch: “Charles Miller? Anúncio mostra futebol em MG antes de bola chegar ao Brasil” e indicou o blog do jornalista Marcel Rizzo, no Uol, com uma interessante informação:

* “Em 28 de agosto de 1892, anúncio publicado na Gazeta de Ouro Fino, jornal mineiro, anunciava os predicados do Colégio Mendonça, em Pouso Alegre, no Sul de Minas Gerais, para convencer os pais a matricular os filhos no ano letivo que começara quase um mês antes, dia 1°.

Em meio ao ensino de música (tinha piano) e de arte (se aprendia tipografia e se rodava um jornalzinho), estavam as atividades físicas (ou physicas, na grafia da época). Entre caminhadas ao ar livre, ginástica, esgrima e natação, aparecia um tal de “foot-ball”, escrito assim mesmo, em inglês e separado por um hífen.

CHARLES

Charles Miller

Acontece que 1892 é dois anos antes do famoso retorno do paulistano Charles Miller ao Brasil, depois de estudar por dez anos na Inglaterra, conhecer o tal “foot-ball”, colocar umas bolas na mala e trazê-las para o país.

Até hoje, Miller é considerado o pai do esporte no país, mas o registro no colégio de Pouso Alegre é só mais um que mostra que a modalidade, ou algo parecido com ela, já era praticada no país antes de seu retorno.

“Há registros de escolas no Rio, em São Paulo. De escolas maristas no Rio Grande do Sul, de alunos praticando o futebol antes de 1894. Em Juiz de Fora, se achou documentos de uma partida realizada no Colégio Granbery. Mas foi em 1893, um ano depois desse anúncio no Mendonça, em Pouso Alegre”, disse o pesquisador Moisés Henrique Gonçalves da Cunha, de 54 anos.

Foi ele quem encontrou o anúncio do Colégio Mendonça, pesquisando no arquivo digital da Biblioteca Nacional do Brasil. Cunha tem experiência em pesquisas desse tipo ao procurar detalhes históricos de seu clube de coração, o Guarani, de Campinas, do qual até escreveu um livro.

O anúncio do Colégio Mendonça se sucede por todo o mês de agosto, quando começava o ano letivo no Brasil para algumas escolas na época – seguindo o calendário europeu. Não há detalhes, porém, de como era praticado o “foot-ball” ou de como uma bola chegou por lá, já que na época o esporte era praticado em grande escala na Europa apenas.

“Havia um jogo em que se chutava a bola em uma parede, o bolão. Mas não se sabe como tudo começou por ali, nem como se praticava o esporte. No Colégio Granbery, o diretor tinha ligações com a Inglaterra, por isso o conhecimento com o jogo”, disse Cunha.

Relatos de que se praticava algo parecido com o futebol anos antes de Charles Miller retornar da Inglaterra não diminuem sua importância para a disseminação do esporte no país. Concentrados em escolas, a prática se dava como recreação, e Miller trouxe o significado de competição ao retornar com as regras mais rígidas, por exemplo.

“As competições tiveram como grande incentivador o Charles Miller. Na escola era recreação, algo como uma brincadeira”, disse Cunha.

Em abril de 1895, em São Paulo, aconteceu o que se considera até hoje o primeiro jogo de futebol entre dois times no Brasil. Se enfrentaram a Companhia de Gás de São Paulo e a Companhia Ferroviária de São Paulo, e a equipe de Charles Miller, dos ferroviários, venceu por 4 a 2.

Miller foi fundamental para a criação do São Paulo Athletic Club, o SPAC, um dos primeiros grandes times do país, e da criação de liga de futebol organizada. Não se pode negar sua importância, mas hoje já se pode questionar se aquelas bolas em sua mala foram as primeiras a aparecer em terras brasileiras”.

http://marcelrizzo.blogosfera.uol.com.br/2016/11/16/charles-miller-anuncio-mostra-futebol-em-mg-antes-de-bola-chegar-ao-brasil/


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Comentários:
6
  • Alex Souza disse:

    35ª Rodada do Campeonato BR 2016 – SPORT 0 X 1 CRUZEIRO
    Estádio Ilha do Retiro – Recife/PE – 1621:45Novembro2016 – Quarta

    RESUMO DA PARTIDA

    Vitória necessária e despedida triste de um ano para ser lembrado e nunca mais repetido. A missão era devolver a derrota em casa no turno e afastar de vez qualquer ameaça de rebaixamento. O time azul abusou de perder gols em chances claras e quase se complicou (abriu o placar logo depois do Sport perder um penal cobrado por Diego Souza). Um jogo que só confirmou o perigo de contar com Léo, Bryan e Willian Bigode. Se o Cruzeiro fosse um time realmente arrumado teria, pela ruindade do Sport, goleado o adversário.

    PRÉ-JOGO

    DETERMINANTE: No 1º turno deste campeonato o Cruzeiro perdeu no Mineirão para o Sport, por 2 a1, e duas coisas foram determinantes naquela ocasião. Primeiramente o ataque não funcionou. Zilhões de chances foram desperdiçadas por De Arrascaeta, Willian Bigode, Ábila e Rafael Sóbis. Em segundo lugar a defesa falhou nos dois gols do Sport. Léo ficou olhando o atacante fuzilar Fábio no 1ª gol e Henrique, Cabral e Léo ficaram olhando um jovem jogador levar a bola desde o meio-campo e tocar passar para um companheiro tocar longe de Fábio e marcar o 2º gol.

    VAI ENTENDER: Willian Bigode foi para o jogo e Ábila (mesmo perdendo gols vinha sendo o goleador do time) ficou no banco; a torcida foi para que o treinador estivesse certo e o seu escolhido fizesse gols ao invés de ficar com as mãos na cabeça a lamentar chances perdidas, como sempre acontece.

    REFORÇO: Álisson esteve fora da partida por suspensão automática. É outro muito parecido com Willian Bigode, ou seja, faz um joguinho bom de vez em quando; além de perder a maiorias das chances de concluir ainda é barbantinho. Há uma turma no Cruzeiro que é como submarino de cortiça.

    O JOGO

    AVANÇADO: Cruzeiro começou a partida mais avançado e procurando o ataque nos momentos iniciais, inclusive perdendo boa chance com De Arrascaeta; aos poucos, no entanto, foi prevalecendo a troca de passes infrutífera e o Sport foi sendo colocado no jogo.

    EM FALSO: A 13’, em falta na esquerda cometida por Marcus Vinícius, Ranê fez o levantamento para a área azul e Rafael saiu errado. Um atacante cabeceou e Manoel chegou para afastar o perigo e salvar o companheiro.

    FALHA DE JUVENIL: A 21’, Aproveitando a marcação à distância de Bryan, foi feito cruzamento para a área azul. Léo saltou errado, perdendo a bola de cabeça, e Diego Souza dominou no peito e chutou forte, sobre o gol de Rafael, em lance de muito perigo causado por um vacilo.

    IMPEDIMENTOS: Por duas vezes o ataque azul foi pilhado em impedimento em razão de lançamentos feitos sem observar a defesa em linha. O time tentava acertar o chamado último passe, contudo, especialmente Marcus Vinícius, errava muito e facilitava para a defensiva adversária.

    RESPOSTA: A 22’ o Cruzeiro respondeu com um avanço de Bryan pela esquerda. O cruzamento foi perfeito, no pé direito de Willian Bigode, livre de marcação. Ele tentou um chute de primeira e isolou a bola sobre o gol de Magraõ, perdendo clara chance de abrir o placar.

    PEDINDO PARA LEVAR GOL: E dá-lhe Léo… A 26” ele marcava Diego Souza à distância e permitiu que o atacante recebesse a bola na região da meia-lua e limpasse o lance com tranquilidade. Para sorte do Cruzeiro o chute forte saiu sobre o gol de Rafael.

    RIDÍCULO: Bryan cobrou uma falta de forma bisonha para a para a do Sport. Todo o time posicionado para tentar finalizar e ele cobrou de forma displicente, direto pela linha de fundo.

    CHANCE CLARA: Nos pés de Willian Bigode, a 34’, o Cruzeiro perdeu uma chance claríssima de gol. Ele foi lançado e entrou livre na área pernambucana, contudo, chutou a bola sobre Magrão. Depois, como sempre, ficou se lamentando, com as mãos na cabeça.

    SUPER BOWL: Não é preciso nem lembrar; no lance está, é claro, Willian Bigode. A 37’ Henrique e Romero trabalharam bem um lance pela direita. Romero cruzou rasteiro para Willian que deu um chute digno de um kicker do futebol americano… Falar o quê?

    REVIRAVOLTA: A 40’, quando a defesa do Cruzeiro cortava um cruzamento pelo alto, houve um trança-pés entre Diego Souza e Lucas Romero. Lance acidental, contudo, foi penal. Diego Souza bateu forte e a bola explodiu no travessão, sobrando para o corte da defesa azul. A 42’Sóbis cobrou escanteio da esquerda e Léo desviou para o gol. Magrão fez a defesa parcial e a bola sobrou na medida para o chute forte de Henrique, dentro da área.

    DE LONGE: O Cruzeiro voltou para o jogo no tempo final atacando. Depois de boa troca de passes Marcus Vinícius, que logo daria lugar a Alex, chutou bem, com violência, e Magrão espalmou para escanteio, salvando o que seria o segundo gol azul.

    RECUADO: Depois do lance inicial do 2º tempo o Cruzeiro recuou e o Sport foi à frente. O time de Pernambuco insistiu em bolas altas para a área e a defesa azul andou perdendo algumas disputas. Em raras ocasiões o Cruzeiro dava sinais de volume ofensivo em contra-ataques.

    PERDEU: Mesmo com muita gente na defesa o Cruzeiro não fazia uma boa marcação. A 25’ o Sport tocou a bola com facilidade, envolveu a defesa e a jogada foi a Rogério, nas costas da zaga. Rafael fechou o ângulo e a bola foi na rede, pelo lado de fora.

    INTELIGÊNCIA: O Sport lutando contra o rebaixamento e uma “mula-sem-cabeça”, que se acha mais torcedor que os outros torcedores, arremessou no campo uma lata. A arbitragem apanhou o objeto e o clube, com certeza, vai ser denunciado pelo ato.

    DESESPERO: Em desvantagem no placar o Sport começou a tentar resolver na base do “deixa comigo”. Cada um procurava finalizar a todo custo e o time pernambucano errou várias jogadas. As coisas ficaram mais difíceis depois que Mano alterou o Cruzeiro e colocou três volantes em campo, tentando segurar o resultado. Diego Souza, de forma estúpida, chegou a cobrar uma falta chutando uma bola sobre Ariel Cabral que estava a um metro de distância.

    MAGRÃO: A 41’ Magrão salvou o Sport de levar no gol. Ábila recebeu e entrou pela área em velocidade. O chute, como aconteceu com Willian Bigode no 1º tempo, saiu colocado, procurando o canto esquerdo, e o goleiro fez uma defesa espetacular. Não pode perder um gol assim.

    FICHA DO JOGO
    SPORT: Magrão; Samuel Xavier, Mateus Ferraz, Ronaldo Alves e Renê; Rithely, Neto Moura (Ronaldo), Everton Felipe, Diego Souza e Rogério; Ruiz (Túlio Melo) – Técnico: Daniel Paulista
    CRUZEIRO: Rafael; Lucas Romero, Manoel, Léo e Bryan; Henrique, Ariel Cabral, Marcus Vinícius (Alex), De Arrascaeta (Ezequiel) e Rafael Sobis; Willian Bigode (Ábila) – Treinador: Mano Menezes
    Arbitragem: Thiago Duarte Peixoto (SP) com auxílio de Rodrigo Henrique Correa (RJ) e Bruno Raphael Pires (GO)
    Gols: (Cru): Henrique
    Cartões amarelos: (Cru): Sóbis; (Spo): Neto Moura, Ruiz
    Cartões vermelhos: Não houve
    Público/Renda: Não divulgados

  • Roger Campos disse:

    Prezado Chico Maia, fiz questão de ler toda a página da Gazetta de Ouro Fino. Me chamou atenção, além da questão da constatação da prática do “foot-ball” em período pré Charles Miller, que na conteúdo programático da escola estava a “leitura EXPLICADA da Constituição Federal e Estadual” no tema Educação Cívica. Isso também é digno de nota em tempos onde se discute a direção a se tomar para o conteúdo da grade curricular do ensino médio. A formação cívica do indivíduo não pode ser deixada de lado.

  • Tarcísio Coimbra disse:

    Na escola pública tem um inspetor da SEE, um diretor, um vice diretor, um supervisor e um orientador para verificar a atuação do professor em sala de aula. Alem disso os alunos de hoje são muito exigentes quanto aos seus direitos… Gostei da crítica ao texto, mas devo ressaltar que o professor não pode fazer o que quer nas escolas. Ele tem que obedecer ao plano de curso do CBC e regras impostas pelos supervisores durante os Módulos II.

  • Alisson Sol disse:

    Mas são coisas diferentes. Uma coisa é levar um esporte a um país, organizar uma competição, ter regras claras, etc. Outra coisa é um “pioneiro” praticar um esporte novo sozinho, ou colocar como opção de prática numa escola, etc.

    Eu me lembro que, tendo estudado no CEFET-MG no segundo grau, ter um professor lá meio afficionado pelo jogo chamado “Go” (uma espécie de Xadrez + Damas da China). Eu achava meio absurdo o cara colocar a gente para praticar aquilo. Mas fazer o que? O Brasil é o país da “pequena autoridade”. Agora, se o “Go” ficar popular no Brasil, seria ele o que implementou o esporte no país?

    O que tem de professor Pardal fazendo esperiências com alunos nas escolas ao redor do mundo é impressionante…

  • José Eduardo Barata disse:

    História é bom demais da conta.