A notícia saiu em milhares de veículos de imprensa: “O Atlético Tucumán (da Argentina) conseguiu uma classificação heroica na Libertadores, ao vencer o El Nacional por 1 a 0, em Quito. O time argentino enfrentou problemas de documentação em seu voo, se atrasou na cidade de Guayaquil, já no Equador. Mesmo com a decisão de adiar a partida em uma hora e meia, a delegação da equipe visitante precisou deixar suas malas no aeroporto e correr de ônibus para chegar a tempo.
De acordo com relatos da imprensa do Equador, o veículo alcançou 130 km/h. Não foi multado, porque estava escoltado pela polícia local, em todo o caminho do aeroporto de Quito até o estádio Olímpico Atahualpa. Sem material esportivo, o Atlético Tucumán entrou em campo com a camisa da seleção argentina, já que o time sub-20 disputa o Sul-Americano da categoria, disputado justamente em Quito.
Na próxima fase, o Atlético Tucumán enfrenta o Junior Barranquilla, da Colômbia. Quem vencer o duelo, entra no grupo 5, de Palmeiras, Peñarol e Jorge Wilstermann”.
Realidade Sul-americana II
Vale o destaque ao “heroísmo”, mas não podemos nos esquecer que este é mais um retrato da nossa pobreza financeira e cultural. Trata-se de futebol profissional, da principal competição do continente e prova inequívoca da esculhambação que move as nossas instituições e seus quadros diretivos. Ao invés de destacar esta vitória “heróica” do time argentino, poderíamos estar falando hoje de mais uma tragédia envolvendo uma delegação de futebol. Como da Chapecoense, por exemplo, que a exemplo até da seleção argentina, fretou uma “empresa” aérea de fundo de quintal e tantas famílias choram e vão continuar chorando seus mortos eternamente.
Realidade Sul-americana III
O pior é que essa realidade do futebol é a mesma das demais modalidades esportivas, e mais grave ainda: das instituições políticas. Querem esculhambação maior que a escolha dos membros da suprema corte de justiça, do Brasil, por exemplo? Peguemos essa indicação do atual presidente Michel Temer para a vaga do falecido Teori Zawaski. Trata-se do próprio Ministro da Justiça dele, até outro dia advogado de alguns dos maiores bandidos do país, filiado a um dos partidos políticos (PSDB) implicados até o pescoço na Operação Lavajato. Sem falar que o presidente é de outro partido, mais manjado ainda (PMDB), igualmente ou até mais implicado nos mesmos escândalos.
Feliz foi o Raul Seixas que mandou parar o mundo e desceu (cantando a música do Silvio Brito) e não precisou chegar a viver aquela balela dita pelo filósofo austríaco Stefan Zweig, que previu: “Brasil, o país do futuro”.
Bem, voltemos ao futebol, menos podre!
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