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E lá se foi o Sérgio Emílio, um político que honrou a atividade pública

Uma das primeiras lembranças que tenho de um prefeito da minha cidade é a do Sérgio Emílio, o “Serginho”, no início dos anos 1970, ídolo da criançada, filho do Deputado Milito, um político à moda antiga, querido por todos, preocupado com a cultura e com a beleza da cidade. Depois se tornou deputado estadual e novamente prefeito.

Não perseguia adversários políticos, tinha uma prosa admirável. Gostava de um “chá com torradas”, mas só bebia à noite, depois que o sol se punha. Mas, diz a lenda que quando sentia que o sol estava demorando demais a se por, ele punha óculos escuros e mandava descer.

Grande Sérgio, de quem fiquei amigo, por intermédio dos filhos, Emilio, Dardânia, Guego e Viviane, a quem mando o meu abraço e o meu lamento por este momento tão triste. Grande figura humana, homem público desses que estão em extinção. Que descanse em paz e obrigado por tudo!

No portal do nosso jornal SETE DIAS, mais detalhes sobre ele:

* “Ex-prefeito Sérgio Emílio morre aos 78 anos”

Um dos nomes mais notáveis da política mineira faleceu no fim da tarde deste domingo, 27 de agosto, no Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG), em Sete Lagoas. Após cerca de quatro semanas internado no hospital, Sérgio Emílio Brant de Vasconcelos Costa, de 78 anos, não resistiu a um quadro de insuficiência respiratória. O velório será nesta segunda, 28, a partir das 07h da manhã, na Capela do Asilo, e o enterro será às 16h30 no Cemitério Santa Luzia.

Sua última entrevista a um veículo de comunicação foi para o SETE DIAS, em junho do ano passado, quando fez uma avaliação sobre sua trajetória política e o quadro eleitoral da época. “Minha vida é simples e singela e ao mesmo tempo boa, porque vivo próximo de meus familiares. Ainda tenho um encontro semanal com meus amigos, trocamos ideias e isso também é importante para ficar atualizado”, disse ele na entrevista.

Vida

Sérgio Emílio Brant de Vasconcelos Costa nasceu em Conselheiro Lafaiete, em 13 de março de 1939. Mudou-se para Sete Lagoas ainda bebê.
Seu pai, Emílio de Vasconcelos Costa, foi deputado estadual e, antes, havia sido nomeado prefeito de Sete Lagoas. Seguindo os passos do pai, Sérgio Emílio Brant ingressou na política e sua primeira eleição foi para vereador, tornando-se o candidato mais votado.

Mais tarde candidatou-se a prefeito, sendo novamente o mais votado. Foi prefeito de Sete Lagoas por duas vezes: de 1973 a 1976 e de 1989 a 1993. Seu mandato foi marcado por proteção da fauna e da flora da cidade e investimentos no turismo local. Também foi deputado estadual durante 20 anos de mandatos eletivos. Foi casado com Maria Dalva desde os 22 anos e com ela teve quatro filhos. Deixa a atual esposa Mércia, com quem era casado há quatro anos, os filhos Emílio, Viviane, Dardania e Mário Sérgio, 15 netos e dois bisnetos.

Marcelo Sander

RELEMBRE TRECHOS DA ENTREVISTA DADA AO SETE DIAS:

REALIZAÇÕES COMO DEPUTADO

Fui muito criticado quando fiz o projeto de lei criando o “exame do pezinho”. Ninguém sabia o que era aquilo porque não existia em Minas Gerais. Hoje este exame salva milhares de crianças prevendo doenças preocupantes que são descobertas com antecedência. Criei a lei para reconhecimento do curso de fonoaudioligia. Também fiz a lei para doação de córnea que beneficia tanta gente.

REALIZAÇÕES COMO PREFEITO

Fui o responsável pela instalação do Distrito Industrial. Lá foram instaladas empresas importantes como Centro Ótico, Formin e Bombril. Fiz o Parque Náutico da Lagoa da Boa Vista, criando o maior complexo deste tipo em Minas Gerais. Nos meus dois mandados foram 1,7 milhão de metros quadrados de asfaltamento usinado a quente sem cobrar um centavo do contribuinte, foram recursos próprios da Prefeitura. Outro trabalho extraordinário foi o projeto “Corpo e Alma” criado pela primeira dama Maria Dalva. Fiz também o primeiro conjunto habitacional de Sete Lagoas, o bairro Emília, com 543 casas. As dei de presente para operários municipais que eram casados e pais de família. Iluminei a cidade toda. Essa região da minha casa (Boa Vista), não havia iluminação. Para se ter uma ideia, o bairro Jardim Arizona, que era um bairro nobre, não era iluminado e nem o Mangabeiras. Eu abri a avenida Vila Lobos e iluminei tudo.

A RETIRADA DOS TRILHOS

A obra mais importante da história de Sete Lagoas foi a retirada dos trilhos que cortavam a cidade ao meio. Ficar parado em longas filas esperando a passagem dos trens era um martírio e volta e meia provocava acidentes. É preciso fazer justiça e citar que quem conseguiu os recursos para este projeto foi meu filho Emilio de Vasconcelos, então secretário de Planejamento. Ele fez o projeto e levou a Secretaria de Obras de Minas Gerais, os recursos estavam disponíveis para quem tivesse projeto. Foi construída uma nova rodovia de 14,5 quilômetros. Uma obra que custou 30 milhões de dólares. O Governo de Minas entrou com 90% dos recursos e o município com 10%.

INICIO NA POLÍTICA

Entrei na política com 21 anos de idade eleito vereador. Até hoje sou o vereador mais votado da história da cidade de maneira proporcional com cerca de 10% dos votos. Depois assumi muitos cargos públicos, fui oficial de gabinete em várias secretarias estaduais, entre elas a da Fazenda cujo titular era o Tancredo Neves. Fui também diretor da Cohab.

GANHOU E NÃO LEVOU

Na primeira eleição para prefeito ganhei e não levei. Na época havia a soma de sublegendas, eram três contra um. Fui o mais votado com 6 mil votos e o Alberto Moura venceu com 4 mil. Dois anos depois fui candidato novamente e eleito com 18 mil votos. Em seguida fui eleito por três mandatos consecutivos para deputado sempre entre os mais votados de Minas Gerais.

INFLUÊNCIA DO PAI

Tudo começou com meu pai, Emílio de Vasconcelos Costa. Ele teve uma carreira semelhante à minha. Foi prefeito duas vezes e deputado três vezes, parece que nós combinamos. É preciso analisar o homem público no momento em que ele está realizando seu mandato. Em cada época existem características que definem o desempenho de cada um. Alguns se destacam nas grandes dificuldades. Meu pai foi prefeito na época da segunda guerra mundial. Não tinha trator, carro, combustível. Para conseguir combustível era preciso marcar um dia, entrar numa fila e pegar uma lata de gasolina. Naquela época a lagoa Paulino era coberta de junco. A ilha (do Milito) não existia. Meu pai ia no barco com os operários retirar as taboas do fundo da lagoa. Com carrocinha de burro arrastaram a terra para fazer a praça do CAT. A praça foi feita em meu mandato, mas o aterramento foi feito pelo meu pai. Com a terra que sobrou, ele fez a ilha, que hoje tem o nome dele, dado pelo prefeito Wilson Tanure.

COMPROMISSO NA MORTE

Meu pai me ensinou isso: “Trabalhe com amor”. Quando ele morreu, aos 45 anos, eu tinha apenas 16 anos e desde então assumi o compromisso de continuar aquilo que ele começou. Essa perda prematura me incentivou ainda mais a entrar na vida pública. Na época, morávamos em Belo Horizonte, pois ele era deputado. Nunca revelei isso a ninguém. Quando ele morreu, fui ao birô do meu pai, naquela época não tinha gabinete era tudo em casa sem auxílio de nada, hoje os deputados têm tudo e ainda querem mais. No escritório dele peguei seu cartão de deputado e escrevi: “acaba de falecer um grande homem. Assumo o compromisso de continuar suas amizades e seu trabalho”. Assinei e minha mãe guardou esse cartão. Cumpri aquilo que escrevi.

Releia a entrevista completa AQUI.

http://www.setedias.com.br/noticia/destaques/ex-prefeito-sergio-emilio-morre-aos-78-anos/53/17098


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