Blog do Chico Maia

Acompanhe o Chico

Vicente Falconi: mineiro ilustre; reconhecimento mundial retratado agora em livro

Tive a satisfação de pelo menos um contato pessoal com este senhor. Numa fila de check-in no aeroporto de Confins. Simplicidade danada. Me abordou, disse que gostava do Minas Esporte, da Band, onde em trabalhava na época. Perguntou muito sobre futebol, enquanto a fila andava. Fez o check-in dele, indo para São Paulo. Eu, para o Rio. Agradeceu, desejou-me sucesso e sumiu naquela lata de sardinha que era Confins. Minutos depois alguém que também estava na fila me disse que aquele era Vicente Falconi.

O quê? O gênio em economia e gestão? Um dos consultores empresariais mais requisitados do Brasil?

Aí era tarde! Perdi a oportunidade de fazer uma grande entrevista sobre a gestão esportiva no país.

Um pouco da história dele está em livro, recém lançado e elogiado pela crítica especializada da Folha de S. Paulo:

* “Livro faz tributo a consultor que mudou empresas no país”

JOANA CUNHA
DE SÃO PAULO

Ao abrir o livro “Vicente Falconi”, o leitor imagina que verá um repeteco das histórias de como a Brahma se transformou em um dos maiores sucessos empresariais do país nas mãos dos investidores Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira.

Com direito a prefácio de Telles, o livro é um tributo a Falconi, o consultor que trouxe às empresas brasileiras os conceitos de eficiência, foco e disciplina inspirados no modelo de gestão de companhias japonesas.

De fato, não faria sentido contar essa história sem começar pela cervejaria, cujo êxito deve muito à orientação de Falconi. A carreira do engenheiro de Minas Gerais, hoje aos 77 anos, se mistura com a própria evolução das companhias brasileiras em geral.

O livro conta como, na época do tabelamento de preços, em 1991, Dorothea Werneck, então secretária nacional de Economia, sugeriu a Telles que procurasse os ensinamentos de Falconi se quisesse subir preços. Teria de justificar que a empresa tinha eficiência de custos antes de repassar alta ao consumidor.

A autora é a veterana Cristiane Correa, que tem no currículo a biografia do empresário Abilio Diniz e o best-seller “Sonho Grande”, sobre a trajetória do trio fundador da Ambev. A dedicatória que Correa faz aos pais no novo livro, seus “melhores professores”, dá a dimensão da biografia da vez.

“Professor” foi o nome pelo qual Falconi ficou conhecido na Brahma, quando ensinou conceitos como o “diagrama de Ishikawa”, um gráfico em que se discriminam causas e efeitos de um problema numa figura que lembra espinhas de peixe.

Na escola, “Cabeça” foi o apelido pelo qual o aluno organizado ficou conhecido, tanto pelas boas notas como pelo tamanho do crânio.

O livro narra seus passos na academia e os estudos no exterior. Tem passagens divertidas, como quando o disciplinado jovem desembarcou nos Estados Unidos em 1961. Sem saber o endereço da universidade, foi conduzido pela polícia, chegando à instituição de viatura.

A autora descreve o momento em que o engenheiro atou seu laço com o Japão.

Em 1983, ele ganhou uma bolsa de estudos da OEA (Organização dos Estados Americanos) para viajar ao Oriente. Antes de embarcar para o Japão, Falconi conheceu pelos corredores da UFMG (universidade mineira) o chefe de departamento de metalurgia da Universidade de Tóquio, que acabou ajudando o colega brasileiro a organizar a sua programação no país.

Lá, visitou siderúrgicas e universidades, viu como funcionava a cultura de uma sociedade arraigada por valores como hierarquia, tradição e disciplina. Encontrou valores que já trazia em seu DNA, repassados pelo pai, como a importância da educação.

Mas ali era aplicado na prática o alto nível de educação dos operários nas fábricas -para ele, o principal atributo que fazia da indústria japonesa uma das mais poderosas do mundo.

O caminho de Falconi tangencia também a história do Brasil. Um exemplo é 1989, com a eleição de Fernando Collor à Presidência, em que a abertura do mercado às importações dificultou a vida das empresas nacionais, que ficaram com suas ineficiências muito mais expostas diante da concorrência estrangeira.

“Ficou evidente a distância que nos separava do resto do planeta, e todo mundo correu para tirar o atraso. Queriam cursos, consultoria, foi uma loucura”, afirmou Falconi à autora.

A influência de Falconi entre empresários cresceu propondo mudanças drásticas.

Na Sadia, nos anos 1990, depois que ele concluiu que aos funcionários do chão de fábrica faltava educação básica, cerca de 8.500 trabalhadores voltaram a estudar.

É um livro que vale ser lido não só por quem ocupa postos de liderança nas organizações. De alguma forma, todos os brasileiros já foram tocados pelo desdobramento de metas praticado por ele.

Convocado para atuar na gestão da crise da energia elétrica no início dos anos 2000, Falconi teve a oportunidade de multiplicar a meta de redução de consumo para 176 milhões de brasileiros, a população do país à época.

VICENTE FALCONI
QUANTO: R$ 39,90
AUTOR: CRISTIANE CORREA
EDITORA: PRIMEIRA PESSOA

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1927003-livro-faz-tributo-a-consultor-que-mudou-empresas-no-pais.shtml


Deixe um comentário para Claytinho do Nova Vista - BH Cancelar resposta

Comentários:
5
  • Claytinho do Nova Vista - BH disse:

    O Sr. Falconi, tem meu respeito !
    Desde a época do INDG sempre se destacou.
    Aliás, tem meu respeito e minha gratidão pelos anos que atendi o INDG e depois o Grupo Falconi, quando ainda eu atuava como Representante Comercial da Rede Transamérica de Hotéis.
    Por mais Brasileiros como o Sr. Falconi !!!

  • Alexandre Daniel Gomes disse:

    Referência em gestão no Brasil. Como administrador, li alguma obras de Falconi e que me ajudaram muito na gestão de algumas empresas que gerenciei. Parabéns Chico, em dar espaço no seu blog a um talento mineiro que foi e é referência na sua área em nosso país. Abraço!

  • Thales Rosa disse:

    Vicente Falconi mudou mesmo a gestao no Brasil e fez escola pelo mundo!
    sua metodologia de padronizar, colocar metas e medir resultados, trouxe Saltos para a industria brasileira. Jorge Paulo Lemman, o homem mais rico do Brasil, é um dos “alunos” de Vicente Falconni.

    Eu como Economista e Administrador ja estudo a alguns anos a obra de Falconi, hoje mesmo tem uma palestra dele na Superminas que acontece no expominas, as 14/;00.

    Quem quer ser um gestor de alto nivel precisa conherce a obra de Falconi.

    Vou atras deste livro. Esta Cristiane Correa é a mesma que fez o livro Sonho Grande que conta a Historia de Jorge Paulo Lemman, Marcel Telles e Beto Sicupira, os donos da Ambev(Inbev), Burger King e sei la mais oque.. Este livro, Sonho Grande conta a trajetória de Falconi junto ao TRIO que hoje sao os nomes da Gestao no Brasil e talvez no mundo..

    • Alisson Sol disse:

      Thales Rosa,

      Os princípios do Vicente Falconi: excelentes.
      Daí ao “Jorge Paulo Lemman”, é um salto meio estranho.
      Eu nem gosto de falar muito destes assuntos, mas questiono o seguinte: você acha mesmo que os irmãos da JBS são os primeiros a usar “informação privilegiada” no Brasil?

    • José Eduardo Barata disse:

      Boa , THALES ,
      interessante conhecer o perfil dos comentaristas
      aqui no blog .
      Bola pra frente .