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Simpatia recíproca pelo trabalho um do outro motivou pacto entre Telê Santana e Cruyff na final do Mundial de 1992

Só li agora, e muitos aqui possivelmente nem leram, então vale a pena ler de novo.

Quando era o treinador mais falado do mundo, comandando o Barcelona, Pep Guardiola sempre exaltava a seleção brasileira de 1982, de Telê Santana, e lembrava que, 20 anos antes, o seu técnico no próprio Barcelona, Johan Cruyff sempre a citava como uma das formas modernas de se jogar futebol.

A simpatia do Telê por Cruyff era recíproca e dias atrás, por ocasião das comemorações do título mundial interclubes pelo São Paulo, importantes revelações do árbitro argentino Jucan Carlos Loustau, ajudam a explicar essa sintonia entre essas duas figuras legendárias do futebol, que infelizmente morreram, quando ainda tinham muito a contribuir com o mundo da bola.

Confira em trechos de reportagens do Uol e R7:

“Árbitro revela pacto feito por Telê e Cruyff antes do Mundial de 1992”

“Cruyff e Santana queriam ganhar, mas não de qualquer forma”, afirmou Juan Carlos Loustau, árbitro da final do Mundial de 1992. Em entrevista à agência EFE, o argentino revelou detalhes da conversa que presenciou dias antes da decisão entre São Paulo e Barcelona realizada no Japão, na qual os treinadores combinaram que tentariam realizar uma grande partida de futebol, sem artimanhas para buscar apenas a vitória.

O papo entre Telê Santana e Johan Cruyff ocorreu na madrugada do dia 11 de dezembro. Sem sono pela diferença de fuso horário entre Argentina e Japão, Loustau cruzou com Telê no hotel em que ambos os times estavam hospedados e foi convidado para participar do diálogo com o treinador do Barcelona.

“Falavam de futebol como se fosse algo sagrado. Diziam que interromper uma partida com simulações de lesões, esconder a bola ou fazer uma substituição para ganhar segundos não era válido”, lembrou o argentino.

“Estavam convencidos que perder jogando bem não era fracassar e que uma partida leal, se se respeitam os princípios, não há vencedores nem vencidos”, completou.

Loustau tirou daquela conversa a conclusão que tanto Telê quanto Cruyff nunca consideraram perder como um fracasso, apesar das icônicas derrotas da Holanda na Copa do Mundo de 1974 e do Brasil em 1982, quando Cruyff jogava e Telê treinava, respectivamente.

Entre outras coisas que o argentino presenciou estava a aversão de Telê e Cruyff a cruzamentos sem objetividade. Lousteau ainda disse que, se pudessem, os treinadores teriam conversado por horas sobre futebol, pois não cansavam de falar do assunto.

Em campo, o São Paulo de Telê Santana foi vencedor, virando o jogo contra o Barcelona por 2 a 1, no dia 13 de dezembro. Stoichkov abriu o placar para os espanhóis, mas Raí marcou duas vezes e garantiu o primeiro título mundial dos paulistas.

“ Foi Telê, quem convidou Loustau para se juntar à conversa com Cruyff, vitorioso como jogador e que já colecionava sucesso com Ajax e depois Barcelona.

Seus jogadores, tinham por onde seguir a escola do bom futebol. O São Paulo, então campeão da Libertadores, contava com Zetti; Vitor, Adilson, Ronaldão e Ronaldo Luis; Toninho Cerezo, Pintado e Raí; Cafu, Palhinha e Muller. Do outro lado, o Barcelona, campeão da Liga dos Campeões, tinha Zubizarreta; Ferrer, Koeman, Guardiola e Euzébio; Bakero, Amor, Witschge e Beguiristiain; Stoichkov e Laudrup. Toninho Cerezo, Bakero e Beguiristiain foram substituídos naquela partida.”


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Comentários:
11
  • João Cavalieri disse:

    Esse tempo infelizmente não existe mais. O que temos hoje são jogadores mimados, vedetes em campo e uma maioria de torcedores Nutella nos estádios.

  • Fred disse:

    “Falavam de futebol como se fosse algo sagrado. Diziam que interromper uma partida com simulações de lesões, esconder a bola ou fazer uma substituição para ganhar segundos não era válido”… fosse o treinador do Brasil em 82 um Renato Gaucho, um Muricy ou um Mano, o Brasil teria passado da Itália, após estar vencendo – era só fazer isso aí. Mas eu prefiro não ter passado.
    E depois de ler essa reportagem, penso que o Telê foi tão campeão de 82 quanto a Itália.

  • humberto disse:

    Cada dia que passa desanimo mais de assistir a jogos de times brasileiros,é só jogador a todo instante simulando faltas, pedindo atendimento médico dentro de campo, simplesmente a bola não rola, é uma total falta de respeito com os torcedores que estão ali para ver bola rolando, jogo, futebol e não malandro caindo a todo hora no chão, me dá nojo. Todos os times aqui fazem a mesma coisa, passou um palmo da linha do meio de campo, todos os times mandam todo mundo pra dentro da área e mete bola alta, é a única jogada que treinam. Os europeus estão fazendo aquilo que nós faziamos e nos estamos copiando eles, só que no século passado. Taí o resultado viram o jogo do real e gremio, a seleção do tite passando aperto contra o time B dos ingleses, 7 x 1 e vai por aí afora. Temos que mudar radicalmente a começar pela base dos clubes, senão o futebol brasileiro irá para um rumo bem sinistro. Telê e cruyff, eram gênios, saudades daquela época.

  • Geraldo Magalhães disse:

    Telê comandou um dos melhores times do Galo que já vi, o da Copa União em 87. 3 garotos meio campistas colocavam os outros times na rodinha: Éder Lopes, Vandinho e Marquinhos. Sérgio Araújo esbanjando vigor pela direita e Serginho na outra, Renato Morungaba desfilava pelo ataque e Luizinho, bem, Luizinho dispensa comentários. Futebol de primeira qualidade comandado pelo Mestre e que infelizmente, como a seleção canarinha de 82/86, não levou o título, após ganhar os dois turnos e perder para o Fla em pleno Mineirão. Mais uma vez, vítima do regulamento, já que o Fla ganhou o direito de disputar a semi ao chegar em 2º lugar no 2º turno, atrás do Galo.
    Mestre Telê era atleticano da “gema” e demonstrou isso, quando certa vez o Perrela lhe deu a chave da Toca e o salário que quisesse pra comandar o time azulado. O Mestre recusou!

  • jorgemoreira disse:

    Uma pena não terem convidado o benecymito, talvez este …..poderia ter aprendido o que ser honesto, digno e que futebol não tem nada haver com……….., ou talve o benecy teria tentado convencer aos dois que no futebol vale tudo até,,,,,,,,,,,

  • Rafael disse:

    Dois gênios.

    Lembro como se fosse hoje desse jogo. E do reconhecimento de Cruijff ao mestrê Telê após o jogo, dizendo que o Barça, na época o clube mais rico do mundo, havia sido atropelado por uma Ferrari.

  • Tonho ( Mineiro ) disse:

    era bom demais ver o Galo de Tele jogar, nao importava mando de campo ou adversario o Galo partia pra cima !!!

  • J.B.CRUZ disse:

    Assisti esse Jogo e Realmente Foi o Que aconteceu Em campo…Partida Eletrizante, Quase 100% de Bola Rolando……..
    Hoje é Um Suplício Você Assistir a Uma Partida Com Várias Paralisações, Onde Até Uma simples Falta é ”meia-hora’ Para Cobrar….

    • José Eduardo Barata disse:

      J.B.CRUZ ,
      não há nada mais deplorável que jogador cair em
      campo por qualquer esbarrão e já levantar a mão
      em desespero , clamando pelo Samu , Bombeiros
      e Paramédicos .
      E com a chegada dos socorristas o cara já levanta
      com a garrafa do Gatorade nas mãos a se banhar
      com o líquido restaurador , pronto pra outra cena .
      Nunca vi tanta palhaçada como hoje em dia .

  • Renato César disse:

    Futebol raiz, simples assim!

    Outro dia citei aqui uma entrevista do Reinaldo falando que o Telê não era treinador de analisar adversário, ele treinava seu time preocupado apenas em fazer uma grande partida de futebol. Futebol pela arte e não pelo resultado.

    O juizão aí confirma isto no seu depoimento.

    • José Eduardo Barata disse:

      RENATO CÉSAR ,
      a cena mais marcante de um futebol de verdade
      foi o gol do Reinaldo contra o Classificadaço no
      Maracanã .
      Ele conta que sentia demais a perna , mas foi na
      bola com a vontade de um principiante .
      Outros tempos , meu caro , outros tempos !!!