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Treinadores que não se curvam e jogadores que são estratégicos, mesmo sendo detestados pela própria torcida

Telê Santana, carregado no Maracanã após o título brasileiro com o Galo em 1971. Tinha fama de “teimoso”.

Além de escrever muito bem o americano Márcio Amorim sempre agrega ótimas informações e opiniões em seus textos. Em algumas vezes discordo, como na afirmação que ele faz quanto à personalidade do técnico Enderson Moreira, “um treinador competente, mas que se curva a imposições”, segundo ele.

Conheço o Enderson, caro Márcio e tenho certeza que você está enganado. Trata-se de gente muito séria, e exatamente por não se curvar a imposições de dirigentes ou a interesses inconfessáveis, já perdeu alguns empregos, e não liga pra isso. Vale o que ele pensa, doa a quem doer.

Estive com ele no recente Troféu Globo Minas, uma semanas atrás, no Mineirão, cumprimentei-o pela opção de ficar no América, mesmo com a Chapecoense fazendo uma ótima proposta para leva-lo, no meio do Brasileiro do ano passado. Ele respondeu com a maior franqueza que já passou dessa fase, de se empolgar com uma oferta melhor e interromper um trabalho. “Na sequência o mais comum é a gente quebrar a cara; não vale a pena”. Disse.

Não assisto todos os jogos do Coelho, e com a atenção que o Márcio assiste, mas no caso do Renan Oliveira, por exemplo, vejo-o no melhor momento da carreira, útil ao time, infinitamente mais participativo e vibrante que nos tempos de Atlético.

O treinador sabe melhor onde “dói” o calo e muitas vezes o torcedor e a imprensa ficam por entender determinadas “insistências”. Márcio Aráujo é o melhor exemplo atual disso no futebol brasileiro. Titular em todos os times em que joga, mas detestado pelas torcidas, que sempre pedem a cabeça dele. E os treinadores não a entregam. Foi assim no Atlético, no Palmeiras e até bem pouco tempo no Flamengo. Lembram do Vitor, volante que jogou no Atlético nos anos 1980? Era reserva no Flamengo, mas o Telê Santana o convocava para a seleção brasileira e não levava o titular, que era o Andrade.

Vamos ao comentário do Márcio Amorim, postado hoje cedo, que vale a pena:

* “Tenho por norma falar do América e há muito pouco o que comentar. O Flavio Azevedo, aí embaixo, resume bem o que tenho visto neste início de ano. Temos um treinador competente, mas que se curva a imposições. Não acho possível que ele acredite em Renan Oliveira. Só pode ser algum tipo de imposição. A turma se desdobra para jogar com 10 e com ele ainda ajudando o time adversário.

O Zé Ricardo é a “pérola” da vez. No ano passado, com o time certinho, quando o “imposto” Juninho sarou de uma contusão, ele sacou o Zé, e o time caiu. Claro! Neste início de Campeonato Mineiro, em dois jogos, o Zé foi escolhido o melhor em campo. Quando o Juninho sarar de novo..

Por várias vezes quis participar do blog, mas a mesmice não deixa. Como os 10 têm dado conta do recado, tenho de pensar duas vezes, antes de criticar. A verdade é que não aguento ver o Renan em campo.

Pensei em criticar algumas coisas que não entendo. Por exemplo: por que, em início de temporada, os times em lugar de buscar entrosamento entre os atletas, usam reservas, com a conversa de “preservar”, “dar descanso” aos futuros titulares? Todos nós que fomos peladeiros entendemos de futebol. Não somos profissionais, mas entendemos e muito.

Em um estádio lotado, seja qual for a torcida, a maioria dos torcedores e, atualmente, boa parte das torcedoras entendem de futebol. Esses teóricos me cansam. Enxergar alguma coisa em Renan e em Juninho não é possível. E se formos com “isto” para a série A, o ano será longo e sinistro.

Quanto ao que o senhor fala do blog, assino embaixo. É muito bom o nível dos debates. Do alto dos meus quase 70, estou mais maleável até com as pessoas que só aparecem para agredir, ofender, atacar o torcedor adversário como se fosse um inimigo mortal. Dia virá em que eles aprenderão. Quem sabe com a aproximação dos 70?
Grande abraço!
Estou no pedaço!”

Márcio Amorim


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Comentários:
7
  • Rafael disse:

    Será q vamos ver Oswaldo cair no Galo se insistir em Patric, como fizeram outros? Ou em querer dispensar Adilson para ficar com Yago titular, ou achar que Hyuri ou Carlos vão resolver?
    Ou achar que Felipe Santana pode jogar?

  • flavio azevedo disse:

    Sempre faço analises do time do COELHO que vejo em campo, assisto todos os jogos “in-loco” aqui em BH, desde os meandros da decada de 90, época do unico programa de tv que prestou em BH, o Minas Esporte. Nos jogos fora da Arena América, vejo todos pelo premiere. Não vamos aos treinos porque sabemos que treino é treino e jogo é jogo e eles não são abertos ao publico em geral, porque la veremos as “escalas” feitas por empresarios ou dirigentes, sem a escolha de quem tem numeros melhores nos jogos e treinos…Particularmente falando de Renan Oliveira, conversa em qualquer roda de Americano legitimo e verá pedidos deste jogador fora. Jogador profissional não pode ter bom desempenho só quando quer ou uma vez em cada 10 jogos. O atual Rafael Moura, eu já pego no pé dele, porque se vermos o histórico dele, hoje com 34 anos, nunca foi titular e o nosso projeto 2018 é de serie A e ele nunca foi jogador com êxito nesta divisão. O Bill está no mesmo parametro dele mas já está no Coelho e deveria sim ser mantido como titular e o chamado “he-man” pela midia sensacionalista, tinha que ganhar a posição em treinos e não chegar escalado. Sobre o volante Juninho, o jogador Ernandes carregou ele nas costas na serie B, pois é so olhar e perguntar ao torcedor Americano, que viu este jogador como o pior em campo na maioria das partidas. Sempre quando os garotos da base Ze Ricardo e Christian entraram, deram conta do recado e deveriam sim ter credibilidade pois sabemos que são as vendas dos jogadores do clube, que pagam as contas de veteranos, muitos deles que só dão prejuizo financeiro ao clube, como o volante David, que sem motivos e sem bom desempenho em 2017, teve seu contrato renovado por mais um ano.

    Hoje é dia de Estadual e como já comentaram, vale a pena perder esta competição deixando o Renan tomar o espaço de alguem que pode nos dar esperança de ser um bom reforço para a Série A? Já vão estourar o preguiçoso Renan no estadual ? Na minha previsão, ele devera passar a serie A no estaleiro ou no banco de reservas.

    Não tenho raiva de jogador vindo da dupla protegida de BH, tenho raiva deles virem e serem colocados como titular, sem ao menos mostrar em treinos que é melhor ou são melhores que aqueles que aqui já envergavam o manto Americano.

    HOJE É DIA DE ARENA DO AMÉRICA E VAMOS PRA CIMA DO GALO CARIOCA E VAMOS ATROPELAR, EMBORA PASSAREMOS RAIVA COM A “RETRANCA” DO NOSSO TREINADOR, MESMO JOGANDO EM CASA, MAS SUPERAMOS VÁRIAS EQUIPES PORQUE TECNICAMENTE NOSSOS JOGADORES SÃO SUPERIORES.

    Para fechar, aqueles que critico, darei o braço a torcer se forem destaques e comerem a bola e provarem o contrário, não sou torcedor de radinho e não torço para jogador, torço pelo bem do ÚNICO DECACAMPEÃO MINEIRO..FORA RENAN!!!!

  • Claytinho do Nova Vista - BH disse:

    Sinceramente, hoje em dia eu acho quase impossível existir ainda algum técnico que de uma forma ou de outra, não tenha que se curvar a determinada imposição do Clube. Seja na parte administrativa, ou de campo. Não vejo nenhum com esse perfil. O último que vi em atividade e que parece que não aceitava mesmo foi o Murici Ramalho. Mas depois desse, só vejo Técnicos Comerciais, que também aprenderam a tirar proveito de alguma forma, que hoje em dia estão mais preocupados de fato com seu bolso, do que com sua ideologia de trabalho. Alguns talvez até finjam se curvar, mas vai saber o motivo…
    Antigamente víamos Ênio Andrade e Telê Santana por exemplo, que não aceitavam mesmo. Aliás, eles é que vez ou outra se impunham, davam soco na mesa ( No sentido figurado só pra ilustrar, porque na verdade nenhum dos dois precisava gritar pra se impor ) e exigiam atitude da Diretoria. Hoje não vejo nenhum assim mais.

  • Renato César disse:

    Sobre o seu time, penso que não adianta fazer grandes investimentos e ter como meta grandes conquistas, porque isto não se sustentaria. O mais inteligente é traçar metas a longo prazo, com melhora gradativa de resultados por temporada. Porém, isto não significa encher o time de “Renan’s Oliveira’s” senão, o resultado de curto prazo seria o mesmo do que se fizessem grandes investimentos.

    Time campeão da série B com a base mantida e a busca por uns 7 ou 8 reforços sem grande impacto, fazendo um elenco de 28 a 30 atletas, seria o suficiente para alcançar os objetivos desta temporada, que entendo ser a permanência da série A conjugada com a eliminação na fase mais avançada possível da Copa do Brasil e por um dos ditos grandes.

    Sobre “o time dos outros”, o objetivo de preservar jogadores agora é tê-los inteiros e à disposição nos grandes jogos. Pelo menos no Galo, já perdemos muitos “Marques’s” e “Reinaldo’s” no jogos decisivos por lesão. Fazer 80 jogos na temporada tendo apenas uns 10 dias de pré-temporada significa entregar grande número de atletas para o departamento médico ao longo do ano. E fazer campanhas pífias por isto.

    Se esta orientação de dosagem da carga de jogos agora visando o aumento da pré-temporada não é seguida, os torcedores lá por volta de Julho/Agosto, começarão a pedir explicações sobre os departamentos médicos dos seus clubes em função do alto número de atletas lesionados.

  • Julio Cesar disse:

    Enderson apareceu como a novidade, se empolgou e entrou nessa de ficar trocando de time com trabalho em andamento em outro. Amadureceu, caiu na real. Outro empolgado: Guto Ferreira. Tambem como “o novo” no futebol brasileiro, ficou daqui prala, e nem sei qual time ele esta treinando. E exemplos mil estão por ai. Geninho ! Era o novo “geninho”!
    Não tem a ver com o post, mas este argentino é aposta do Atletico sem duvida. Tomara jogue o que se espera !

  • Regi.Galo/BH disse:

    Muito bacana o depoimento e as lições de ambos.
    Não é só no futebol que as coisas não se explicam às vezes, Nós é que fingimos não enxergar ou forçamos esquecer pelo bem de nós mesmos. As escolhas inexplicáveis para nós nos servem bem como um ponto de fuga, principalmente quando somos nós os PRETERIDOS. Ali você depositará todo o resultado do insucesso que não está sob o seu controle. Ali você resume num só bordão todo as suas impossibilidades: RUIM não é você; RUIM é o sistema. O(s) chefe(s) sempre têm o poder de corromper a nossa visão pessoal de sucesso!!!

    No que tange ao futebol, sempre fiquei me perguntando o por quê de um sujeito horroroso sempre jogar enquanto outros não? O por quê de tanta insistência? Mas as experiências foram me mostrando ao longo do tempo que, de uma certa forma, os recursos aos quais você tem em mãos não estão ali simplesmente disponíveis como imaginamos. Depende de uma relação complicada entre vontades, razões, confianças, seguranças, exemplos, condutas, sinergia, ordens, e ao fim, tomadas de decisão. O que nós torcedores vemos são só os ‘trupicos’ do sujeito; no caso, o treinador vê a dedicação, o empenho, entre outras, além de ‘as pingas que o outro tomou’.

    Eu gosto de dizer que a gente sempre fica feliz com tudo aquilo que consegue controlar, não é verdade!?

    Pois bem, deve ser isto também no futebol. O craque é um gênio e também é genioso. Já os ‘semi-perebas’ tendem à ser mais dóceis e solícitos. São atentos e dispostos a obedecer ao que mandam (isto para o nosso azar).

    Enfim, agora para estragar o meu próprio argumento e não trair a irmandade, nos casos do Renan Oliveira, Márcio Aráujo, Rafael Carioca, Robinho e Fred, ambos no Galo, onde é que os treinadores estavam com a cabeça??? Obviamente, por isto que a gente não ganhava nada. Era melhor jogar com 09 jogadores então. Cambada de entregadores de camisa!!