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A caminho da Rússia. Minha nona Copa, mas com sabor de décima!

Em todo jogo que cubro, faço uma foto como essa, da posição em que me encontro no estádio. Essa foi a primeira, no Estádio Azteca em 22 de junho 1986. A mancha no centro do gramado é uma sombra dos alto-falantes instalados via cabos de aço; uma novidade até então nas copas.

No sol escaldante do meio dia, diante de 114.580 torcedores no Estádio Azteca – Cidade do México -, Maradona fez dois gols: o famoso, de mão, e aquele dos mais belos da história, em que driblou seis ingleses, pelas quartas de final.

Embarco semana que vem para a cobertura da 21ª Copa do Mundo de futebol da história, a minha 9ª, presencial. A primeira foi no México em 1986, pela Rádio Inconfidência. Era pra ter sido a segunda, pois a primeira quase foi na Espanha em 1982, pela Rádio Capital. “Quase”, porque aos “45 do segundo tempo”, fui sacado da equipe que viajou, por ser o “menino” do time. O chefe de esportes da época, Jairo Anatólio Lima, preferia a turma mais rodada e me escalou para cobrir a Copa em Beagá mesmo, entrevistando torcedores nas ruas, nos bares, autoridades, dirigentes esportivos, jogadores e ex-jogadores. Foi ótimo também.

Claro que fiquei meio revoltado com o Jairo, mas pouco tempo depois me conscientizei que ele estava certo. Além do mais ganhei um “prêmio de consolação”. O diretor geral da rádio, Gil Costa, chamou-me e disse que eu ficasse tranquilo, pois, exatamente um mês após a Copa, eu iria cobrir uma excursão que o Atlético faria à Europa, em cinco países, Espanha inclusive, mais França, Itália, Alemanha e Áustria. E assim, aconteceu!

Assim como quase todos os brasileiros fiquei arrasado com a derrota daquele timaço para a Itália no estádio Sarriá em Barcelona, pondo uma ponta de culpa no Telê Santana. Não por causa da obsessão dele pelo ataque, mas por ter deixado Reinaldo de fora daquela seleção. O “Rei” estava super em forma técnica e física. Tinha sido um dos artilheiros e foi dos melhores da seleção nas eliminatórias e numa excursão à Europa poucas semanas antes da Copa.

A imprensa e torcida do país inteiro pediam ao treinador duas coisas: “bota ponta Telê!” e que ele convocasse o Reinaldo. Até os jogadores da própria seleção pediram pelo Rei. Nomearam o capitão Zico para representá-los em uma conversa reservada com o “chefe”. Sempre intransigente em suas decisões, Telê voltou a dizer “não”. Com Careca machucado, levou Roberto Dinamite e Serginho Chulapa, que, em campo, desperdiçaram chances que o “Rei” certamente não desperdiçaria.

No dia 5 de julho de 1982 o Brasil sem Reinaldo era eliminado pela Itália do Mundial da Espanha. Exatamente um mês depois, no dia 5 de agosto, Reinaldo marcaria o gol que deu ao Atlético o título do Torneio de Paris, contra o Dínamo de Zagreb, base da seleção da então Yugoslávia. Dois dias antes marcara também um dos três gols que eliminaram o Paris Saint-Germain da competição (3 x 0, Eder e Heleno). E foi eleito o melhor do torneio.

O atual time do Neymar estreava um dos destaques da seleção argentina, Ardiles, e tinha e vários outros destaques da seleção francesa que fez bela campanha na Espanha’82.

Felizmente essa maravilha tecnológica chamada youtube está à disposição para relembrar estes grandes momentos em ótimas imagens da Globo e da TV francesa: https://www.youtube.com/watch?v=FHGWrtYjubY

Eliminada numa das maiores zebras de todas as Copas, a seleção de Telê em 1982, que não teve Reinaldo: Waldir Perez, Leandro, Oscar, Falcão, Luizinho e Junior; Nocaute Jack, Sócrates, Cerezo, Serginho, Zico e Éder.


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