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O Mané de Senegal e o dia em que o Botafogo, com Garrincha, Didi e Nilton Santos perdeu em Itabira para o Valério

Meus prezados e prezadas do blog, fui ao estádio do Spartak, ontem, ver Polônia x Senegal, com a vitória senegalesa, aproveitando as falhas da defesa cintura dura dos polacos, inclusive do brasileiro Tiago, naturalizado, cuja perna a bola bateu no primeiro gol. Gostei mais da facilidade do metrô, que deixa o torcedor a 100 metros dos portões de acesso e do belíssimo estádio, confortável, prático e tipo “caldeirão”.

Mas, melhor mesmo foi quando entrei no metrô, de volta pra casa e abri e-mail do Marcos Caldeira, grande jornalista e empreendedor de Itabira, dono do ótimo jornal O Trem. Com a devida licença, compartilho este artigo de autoria dele:

* A copa vista do meu sofá: MANÉ, DO SENEGAL, ME LEMBROU GARRINCHA, QUE

PERGUNTOU: “AQUI EM ITABIRA TEM MUITA MULHER?”

Toda vez que o narrador Cléber Machado mencionava o nome de Mané, do Senegal, que jogou hoje cedo contra a Polônia, me vinha lembrança boa – Mané Garrincha – e ruim: ainda não li a biografia do craque da bola escrito pelo similar das letras Ruy Castro. É vergonha um brasileiro apaixonado por futebol não ter lido esse livro. Darei jeito nisso no segundo semestre. Por falar nele, Mané Garrincha esteve em Itabira com Didi e Nilton Santos, 17 meses antes de o trio ser campeão da Copa do Mundo na Suécia, em 1958. O Botafogo perdeu para o nosso Valério por 2 a 1, em amistoso apitado por um carioca, Hanver Bilate, em 17 de fevereiro de 1957. Assim que pisou na cidade, me contou o finado e saudoso Chiquinho Alfaiate, Garrincha perguntou: “Aqui em Itabira tem muita mulher?” Falei com o escritor Sérgio Augusto sobre essa falha imperdoável: omitir no seu livro “Botafogo Entre o Céu e o Inferno” (Ediouro) o estupendo coro tomado pelos alvinegros em Itabira. “Realmente, há coisas que só acontecem ao Botafogo”, ele escapuliu. “Tu és o Glorioso. Não podes perder, perder pra ninguém… Só para o Valério, de Itabira”, rebati de cá, sugerindo alteração no hino composto por Lamartine Babo.

SENEGAL, 2; POLÔNIA, 1

Um time todo de brancos contra um time todo de negros; se jogador fosse madeira, seria Braúna x MDF; se fosse passarinho, Melro x Cardeal; se fosse líquido, Petróleo x Leite; se fosse… Não, não, chega, aí já deu, melhor parar. Torci para o Senegal, sem detestar a Polônia, tão fraquinha que é impossível lhe desejar mal. Polônia, Polônia, quando é que produzirá outro Lato, outro Boniek?

JAPÃO, 2; COLÔMBIA, 1. A MAIOR BURRADA ATÉ AGORA

O colombiano Carlos Sánchez meteu a mão na bola dentro da área, cometeu pênalti, convertido em gol, e foi expulso aos 3 minutos do primeiro tempo, arrebentando a Colômbia. Maior burrice individual da copa em campo até o momento. Só admito jogador ser expulso após 27 minutos do segundo tempo, quando nada mais há a fazer para evitar um gol decisivo. Desfalcar o time em número de jogadores é prejuízo grande demais; quase sempre, é melhor tomar o gol. Com a equipe completa, dá para empatar e virar; com um atleta a menos, quase nunca. Jogador expulso aos 3 minutos do primeiro tempo tem de voltar para casa a pé ou pelo mar, em boia de caminhão. Safadinho o goleiro do Japão jurando ao árbitro que a bola de empate da Colômbia, em cobrança de falta rasteira, à Ronaldinho Atleticano, não passou da linha. Entrou, sim, e o cujo foi desmoralizado pelo telão do estádio. Torci para os sul-americanos, mas também gostei da vitória dos asiáticos. Em campo, a América do Sul ainda não fez nada bonito no mundial.

ATENÇÃO, FAZEDORES DE PIADA FUTEBOLÍSTICA INFAME

Avante! O Japão tem um jogador chamado Kagawa, autor de um gol hoje. Pronuncia-se com som de u o dáblio do atleta; se fosse com vê, piorava o que já é bastante ruim.

RÚSSIA, 3; EGITO, 1

A desacreditada Rússia aproveita o fator casa e vai ganhando os jogos. O Egito será eliminado amanhã, pois o Uruguai derrotará a Arábia Saudita. Não sei o placar, mas haverá gol de Cavani e Suárez.

ATENÇÃO, FAZEDORES DE PIADA FUTEBOLÍSTICA INFAME

O melhor jogador do Egito atuou hoje contra a Rússia, ou seja: Salah na copa. Avante! Aproveitem, produzam logo suas anedotas terríveis, pois o Egito só faz mais uma partida.

É SÉRIO: GOSTEI DO CABELO DE NEYMAR

Falação danada no Brasil sobre a cabeça de Neymar. Boas piadas a respeito são sempre bem-vindas, mas há até gente boa exagerando ao criticá-lo pelo penteado. O que tem a ver cabelo com o futebol improdutivo do rapaz na estreia do Brasil? É sério, aprovei mesmo o corte do ex-santista, caiu-lhe bem. Aliás, sempre gostei de pessoas que usam cabelos doidões. Posso citar centenas, mas, para não esticar a nota, mencionarei as dez primeiras que vierem à cabeça: Einstein, Jimi Hendrix, Sid Vicious (representando os punks), Bob Marley, qualquer integrante do Led Zepellin (representando os metaleiros), Valderrama, James Dean, Elza Soares, Curibinha, falecido mendigo itabirano que usava luzes nas vastas madeixas (luzes mesmo, aquelas pequenas lâmpadas de Natal produzidas na China) e Elke Maravilha, que, por falar em Rússia, nasceu lá e veio com o pai para a zona rural de Itabira, depois é que se mandou para o Rio de Janeiro. Por falar nela, cadê o Museu Elke Maravilha que o jornalista itabirano Marco Antônio Lage, diretor de comunicação e marketing do Cruzeiro, falou, em entrevista aO TREM, que montaria aqui no município?

* Marcos Caldeira

O TREM ITABIRANO

Foto: Botafogo de Garrincha em Itabira. Arquivo dO TREM.


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Comentários:
6
  • Raul Otávio da Silva Pereira disse:

    Marcos Caldeira é top. É um ícone do cenário de crítica literária e do jornalismo “sem medo de cara feia” que Itabira nos oferece.
    Cara muito competente, um herói da resistência. o jornal “O Trem” que ele produz é muito bacana e bom de se ler. Fala muito de Itabira, mas não só de Itabira. Vale a pena assinar e receber em casa.

  • Renato César disse:

    Este texto despertou uma curiosidade: polaco ou polonês, qual o gentílico correto?

    Acabei achando a resposta interessante. Originalmente seria POLACO. Porém, hoje, no português do Brasil, o certo é POLONÊS. Isto foi alterado no final da década de 20, há cerca de 90 anos.

    Parece que havia um grupo mafioso judeu no final do século XIX e início do século XX que traficava mulheres brancas da Europa para a América do Sul. Estas mulheres, escravizadas, trabalhavam como prostitutas principalmente no Rio de Janeiro e em Buenos Aires. Por serem loiras e de olhos claros, passaram a ser chamadas de polacas, mesmo muitas vezes sem terem nascido na Polônia.

    A comunidade então “polaca” brasileira, se incomodou com esta situação. Em 1927, no Consulado Geral da Polônia em Curitiba, decidiram que a expressão “polaco” seria banida do vocabulário. Desde então, quem nasce na Polônia ou os seus descendentes são chamados de poloneses.

    Um pouco de cultura (in)útil. Não sei se já caiu ou vai cair isto aí. Mas é a história deste povo no Brasil.

    • José Eduardo Barata disse:

      RENATO CÉSAR ,
      o que nos falta é justamente buscar
      conhecer fatos e valorizar a história.
      Pesquisar , saber , conhecer , tudo
      isto fortalece a cultura de um povo .
      É o que deveria nortear as nossas
      escolas que, infelizmente , andam
      a dilapidar o sentido da Educação .

  • José Eduardo Barata disse:

    Que texto ótimo !!!!

  • Marcelo de Andrade disse:

    Meu pai estava neste jogo. Sempre ele relata cada detalhe.

  • Julio Cesar disse:

    Jogadores argentinos principalmente ha algumas decadas gostavam de usar cabelo comprido. Me lembro em 1974 um icone nesse quesito: Ayala.