Foto: Montagem/Lucas Uebel/Grêmio FBPAm/www.goal.com/br
Ótimo artigo do jornalista André Rocha no blog dele no Uol, com o qual concordo plenamente:
* ”O mundo é dos espertos”
A ação do Grêmio junto à Conmebol para tentar transformar o ato irregular do treinador Marcelo Gallardo – suspenso e utilizando dentro do estádio um rádio para se comunicar com o auxiliar à beira do campo e ainda aparecendo no vestiário durante o intervalo para dar instruções – em perda dos pontos do River Plate foi legítima. Mas já era esperado que não daria em nada. Porque o clube argentino sabe da conivência da entidade máxima do futebol sul-americano. Tinha certeza da impunidade. Ou de uma pena branda apenas para Gallardo e ainda passível de recurso, liminar, etc. Uma imoralidade. Tão grande quanto invadir o treino fechado de um adversário com recurso tecnológico recente e, portanto, sem regras para punir o clube espião. É bem provável que o Grêmio vencesse o Lanús na final do ano passado sem necessidade do drone filmando as jogadas ensaiadas do time argentino, mas a prática não foi das mais éticas. Renato Gaúcho chamou de ”esperteza”, depois se corrigiu e mudou para ”inteligência”. O que incomoda é que só gritamos contra o vale tudo quando ele nos prejudica. No futebol, na política, na reunião de condomínio. O desprezo ao politicamente correto é quase revolucionário quando nós somos os ”malandros” da história. Se perdemos é ”tudo armado” e viramos os bastiões da moralidade. Se ganhamos deixamos apenas o ”chora mais” para os derrotados. É bem provável que este texto seja alvo da ira dos gremistas. Como fizeram com a ótima Gabriela Moreira, da ESPN Brasil, que apenas fez o seu trabalho investigando o uso do drone. Está na moda no Brasil tentar calar a voz de quem pensa diferente. Ofender, perseguir, ameaçar até que o silêncio do lado oposto venha trazer alívio ao inconsciente que grita que estamos indo para o precipício moral. Uma sociedade doente. A vida segue com o River Plate na final da Libertadores e o Grêmio protestando e colocando em dúvida a idoneidade da Conmebol, do clube argentino e de seu treinador. Com toda razão. O problema é não se olhar no espelho. Para o próprio rabo. Essa reflexão que nunca chega. Quem com drone fere, com rádio será ferido.
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