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A dura realidade da maioria dos jogadores quando a carreira chega o fim

Desde o ano passado estou para postar essa notícia da Folha de S. Paulo, mas só hoje está sendo possível. É do dia 16 de dezembro, sobre essas peladas de fim de ano entre veteranos e atuais jogadores, chamadas de beneficentes.

Realmente são, mas na maioria, para muitos dos próprios ex-jogadores. Enquanto está em atividade, famosos e nem tanto, não dão a menor bola para as entidades classistas deles: AGAP, FAAP, Sindicatos e por aí vai. Muitos se recusam a contribuir até com um simples depoimento, uma gravação de apoio a alguma causa por algum ex-atleta que passa por dificuldades.

A realidade de um jogador é bem diferente desse glamour todo que a mídia e os comerciais mostram. Na maioria absoluta dos casos, o camarada pensa que a vida é só a bola. Não estuda, não pensa no futuro, não se preocupa em aprender uma outra atividadepara quando o fim da carreira chegar. Aí se lembra que existem AGAP, FAAP, Sindicato e etecetera, e corre atrás.

* “Ex-jogadores cobram cachê para participar de partidas beneficentes”

Craques do passado usam dinheiro ganho em amistosos para reforçar renda e pagar dívidas

As dificuldades do pós-carreira não poupam nem mesmo Cafu, capitão no título Mundial de 2002.

“Eu participo, e muito, dos jogos beneficentes. É um trabalho muito legal que o Sérgio faz, e tudo o que recebo vai para a Fundação Cafu”, afirmou o ex-lateral, que jogou no São Paulo, Palmeiras e Milan.

No mês passado, funcionários da Fundação Cafu entraram em greve alegando não receber salário há três meses.

“[A crise na entidade] é pura verdade. Há mais de quatro anos as empresas não colaboram, e eu não tenho renda fixa, mas quem banca tudo sou eu. De uns quatro meses para cá, tivemos dificuldades com todos os projetos que não aconteceram. A Fundação Cafu custa, hoje, R$ 120 mil por mês, por isso preciso trabalhar”, afirmou o capitão do pentacampeonato mundial.

Carlos Petrocilo

​”O corpo quer descansar, mas a gente é teimoso”, diz Adhemar, 46, antes de entrar em campo no estádio Toninho do Canaã, em Luiz Antônio, interior de São Paulo.

A teimosia, no último dia 8, um sábado, rendeu R$ 1.600 para o atacante, que atuou no São Caetano, no Stuttgart (ALE) e Yokohama (JAP). Ao lado de outros ex-jogadores com passagem por grandes clubes do Brasil, como Gustavo Nery, Ezequiel, Galeano, Macedo e Flávio Conceição, ele esteve no jogo organizado pela prefeitura da cidade, a 55 km de Ribeirão Preto.

“O cachêzinho dá para comprar uma pizza no final de semana, serve para enganar a mulherada, senão a gente não sai de casa”, brinca Adhemar.

Partidas organizadas e bancadas por prefeituras pelo interior viraram uma oportunidade para ex-jogadores. Em alguns casos, os jogos são anunciados como beneficentes e os ingressos são entregues em troca de alimentos, doados para instituições de caridade.

A Prefeitura de Luiz Antônio gastou R$ 22 mil com os cachês. O pagamento para os jogadores foi feito no vestiário, após o amistoso. A quantidade de alimentos arrecadados não foi divulgada.

“Ajuda a comprar o leite das crianças”, disse Ezequiel, 56, camisa 8 do Corinthians nas conquistas do Brasileiro, de 1990, e da Copa do Brasil e do Paulista, ambos em 1995.

Natural de Campinas, encerrou a carreira em 2000, na Ponte Preta. Desde então, diz sofrer com problemas financeiros. Pai de sete filhos, tentou trabalhar como vendedor de remédios e chegou a lançar candidatura para vereador em Campinas. Conseguiu apenas 427 votos.

“Joguei em uma época em que o futebol era dificílimo. Não se ganhava dinheiro como hoje. Por mês, chegamos a ganhar R$ 5.000, R$ 6.000 com esses jogos. Para isso, temos que fazer 10, 12 eventos”, diz.

O ex-goleiro do Palmeiras Sérgio, 48, viu na demanda por jogadores aposentados uma oportunidade de negócio. Ele abriu uma empresa que agencia ex-atletas e diz ter no portfólio 40 clientes.

Com a lista em mãos, oferece o time de veteranos para prefeituras do interior.

“Temos um elenco bem requisitado, com Amaral, Júnior, Júnior Baiano, Careca, Mauro Galvão, Viola”, afirma Sérgio.

No último dia 8, um sábado, ele, Maurinho (ex-Santos e Cruzeiro), Batata (ex-Corinthians), Galeano (ex-Palmeiras), Vítor (ex-SãoPaulo e Corinthians), Flávio (ex-Palmeiras), Flávio Conceição (ex-Palmeiras), Gustavo Nery (ex-Santos, São Paulo e Corinthians), Adhemar (ex-São Caetano), Macedo (ex-São Paulo e Santos), Pavão (ex-São Paulo) e Ezequiel, foram à pacata Luiz Antônio, cidade com apenas 14 mil habitantes.

Com um orçamento de R$ 61 milhões, o município ostenta bons índices econômicos. A renda per capita é de R$ 74,4 mil, segundo o IBGE, a 34ª maior do estado de São Paulo.

“O Sérgio entrou em contato e propôs a ideia de fazer o jogo. É um evento que, além de solidário, proporciona para nossas crianças o prazer com o esporte”, afirmou o prefeito Gabriel Carvalhaes Rosatti.

A partida teve caminhão de som com locutor, responsável por um deslize ao trocar o nome de Gustavo Nery pelo do cantor Gustavo Lima.

Sob sol escaldante, com temperatura de 35 °C, às 16h, o time dos boleiros sofreu para vencer de virada, por 5 a 4, o selecionado da cidade.

Após o apito final, a população pôde entrar no gramado, pedir autógrafo e tirar fotos com os ex-jogadores.

“É um dia diferente para a cidade. Bom ver esses jogadores de antigamente. Eles tinham mais amor à camisa. Os de hoje não querem mais jogar no Brasil, sonham com a Europa“, disse o mecânico Mauro Castro, 63, na arquibancada.

Oito dos 12 jogadores que estiveram em campo atuaram no exterior quando eram profissionais. Caso, por exemplo, de Flávio Conceição, que atuou pelo Real Madrid.

“O dinheiro não faz a diferença. O bacana é rever os amigos e ajudar quem precisa”, afirma Conceição.

Assim que deixaram Luiz Antônio, por volta das 19h, os ex-jogadores Adhemar, Pavão, Batata e Gustavo Nery seguiram para Taubaté, numa viagem de 375 quilômetros. No dia seguinte, o quarteto se juntaria aos colegas Amaral, Paulo Nunes e Leandro Guerreiro para outra partida.

No Vale do Paraíba, os torcedores pagaram R$ 5, além de entregar um quilo de alimento, para assistir ao amistoso.

Os cachês para partidas assim variam de R$ 700 a R$ 5.000, dependendo do ex-jogador, afirma Pavão.

“Os que cobram mais caro são Marcelinho Carioca, Muller, Luisão, Careca… Esses são os medalhões, que ganham mais: R$ 4.000, R$ 5.000. O simbólico é de R$ 700, R$ 1.000”, diz.

Além de receber R$ 1.000 por amistoso, Pavão atua na várzea em São Paulo. Cobra R$ 400 por partida.

As dificuldades do pós-carreira não poupam nem mesmo Cafu, capitão no título Mundial de 2002.

“Eu participo, e muito, dos jogos beneficentes. É um trabalho muito legal que o Sérgio faz, e tudo o que recebo vai para a Fundação Cafu”, afirmou o ex-lateral, que jogou no São Paulo, Palmeiras e Milan.

No mês passado, funcionários da Fundação Cafu entraram em greve alegando não receber salário há três meses.

“[A crise na entidade] é pura verdade. Há mais de quatro anos as empresas não colaboram, e eu não tenho renda fixa, mas quem banca tudo sou eu. De uns quatro meses para cá, tivemos dificuldades com todos os projetos que não aconteceram. A Fundação Cafu custa, hoje, R$ 120 mil por mês, por isso preciso trabalhar”, afirmou o capitão do pentacampeonato mundial.

https://www1.folha.uol.com.br/esporte/2018/12/ex-jogadores-cobram-cache-para-participar-de-partidas-beneficentes.shtml?utm_source=whatsapp&utm_medium=social&utm_campaign=compwa


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Comentários:
2
  • Alisson Sol disse:

    Vamos ser sinceros: jogadores fazem tais fundações no auge da carreira para pagar menos impostos. Tudo dentro da legalidade, pois a lei assim o permite. Empregam na fundação os parentes e amigos, e alguns até fazem algo realmente “beneficiente”.

    O problema é que um dia a receita do futebol seca, e o desconto do imposto de renda proporcionado pela doação para a fundação não é mais necessário. Uma empresa normal faz o que quando a despesa é maior que a receita? Fecha. Mas como desempregar milhares de parentes e amigos?

    Acho até meio vergonhoso que se explore a memória de jogadores de futebol e outros atletas desta maneira (o pior caso talvez seja o que fazem com a memória do Senna). Isto cria a “competição entre fundações”, onde cada uma quer aparecer mais que a outra. Fica difícil sobrar dinheiro para os “beneficiados” depois de tantos jantares e salários pagos.

  • Raws disse:

    É muito “bonito”!
    Temos um projeto social aqui no bairro Jaraguá, MÃOS DE SOCORRO, somos 74 membros, não temos recursos, não temos dinheiro, mas temos vontade! Vontade de ajudar a qualquer tipo de necessitados, os que não tem, os que tiveram ou os que precisam ter. Sem corporativismo, Preto, branco, pobre ou ex “rico”. Projeto social não pode e não deve ser classista. Por sua essência deve ser humanitário. Empresários e ex jogadores de futebol que usam o sagrado termo “beneficente” em causa própria terão no final uma auditoria que o resultado final determinará uma sofrida multa inimaginável.