Em foto da Gazeta Press, o mineiro Enderson Moreira tomando muita porrada da imprensa baiana com mais intensidade do que Levir Culpi em Minas, porém, com mais paciência e respeito nas coletivas
Estou em Morro de São Paulo (bom demais da conta; indico 100%), acompanhando de longe a situação terrível do Atlético e a pancadaria no técnico Levir Culpi, cujas críticas são as mais pesadas, como por exemplo, essa do Antônio Sérgio Paiva, aqui no blog: “Levir, ex-técnico em atividade. Com ele no comando, nós Atleticanos ainda vamos ter muito pesadelo. Quem viver verá”.
Sempre gostei do trabalho do Levir, mas a reação dele nas entrevistas depois da derrota em casa para o Cerro e ontem para o Nacional em Montevidéu, faz com que me junte ao time de críticos. Ele não pode partir para cima da imprensa e dos críticos sem mais nem menos. Responder a perguntas, simples, sem nenhuma sacanagem implícita, é obrigação de qualquer figura pública. E que ninguém venha me dizer que técnico de futebol não é figura pública, com explicações a dar a milhares e milhões de pessoas. O que ele conseguiu nas duas últimas entrevistas coletivas foi passar insegurança pessoal e desconfiança aos que, como eu, ainda o defendiam.
Mas Levir pode se dar satisfeito, pelo menos por causa do respeito com o qual é tratado, criticado e perguntado. Nosso conterrâneo Enderson Moreira está sob fogo cerrado de toda a imprensa da Bahia, tomando um “pau da gota serena”, como eles dizem. Fazendo a mnha caminhada, ouvi o comentarista Raimundo Varela (de muita audiência no rádio e TV), chamando o Enderson de tudo. “Incompetente” é respeitoso, soa como elogio: “treinador de segunda divisão e olhe lá”. “A diretoria do Bahia arruma um treinador de verdade ou também pede o boné”; “este cara é treinador?”. Sobrou até para o América, no diálogo do Varela com o colega de bancada no programa, João Kalil:
__ Este sujeito veio de onde mesmo?
__ Do América Mineiro!
__ Aí, tá explicado!
E olhem que o Enderson deixou o América em boa situação no Brasileiro da Série A em 2018 e veio para o Bahia para salvar o time do rebaixamento, ganhando três vezes mais que ganhava no Coelho. E conseguiu!
Pacientemente (atributo que adquiriu com muito esforço) o Enderson responde a todas as perguntas, com a compreensão e educação que a função exige de toda liderança. Quando dão na canela dele, nas entrevistas, sobe um pouco a fala, porém no mesmo tom do perguntador, sem excesso de verborragia.
Não sei até que ponto as porradas são justas, já que só os baianos sabem aonde dói o calo e conhecem o dia a dia do time, mas o Bahia está em 5º lugar no campeonato local, correndo sério risco de ficar fora do quadrangular decisivo. Atrás de Bahia de Feira de Santana (15 pontos), Vitória da Conquista, Vitória e Atlético de Alagoinhas, todos com 13, em oito jogos. Falta uma rodada e o Bahia, que tem 12 pontos, além de ter de vencer o Jacupiense na casa do adversário, depende de outros resultados.
A imprensa baiana diz que ele teve os reforços que pediu ano passado, inclusive Guilherme, ex-Cruzeiro, Atlético e tantos clubes, que entrou no segundo tempo no zero a zero com o Vitória domingo, pesadão do mesmo jeito de sempre.
Guilherme (à frente, no site da FBF), pesadão como sempre.
Resumindo: futebol é resultado em campo e paciência tem limite. Quando não o treinador não consegue nem esboçar explicações por maus resultados é porque está na hora de passar o bastão.
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