Blog do Chico Maia

Acompanhe o Chico

Domingo passado Conceição acordou “absurdada” com a beleza que foi o show da Gal Costa no Projeto Matriz

Não ousarei dizer que foi o melhor espetáculo desses 30 anos de Projeto porque posso ser injusto com tantos espetaculares que assisti ou a um ou outro, que, involuntariamente, perdi. Mas a Gal foi demais. Voltei no tempo, 1983 (ou teria sido 1982?), mais precisamente, quando a vi no Palácio das Artes, num show que nunca me saiu da cabeça, na classificação dos melhores da minha vida. A diferença é que naqueles idos do Século XX ela pulava feito pipoca de um lado a outro do gigante palco do PA. Mas por incrível que pareça foi a única diferença, pois a voz e a empatia com os fãs continuam as mesmas. Só não teve pulos, mas ela andou de um lado para o outro no palco em frente à Igreja do Rosário, abaixo do Bom Jesus do Matozinhos, com a Serra da Ferrugem e uma lua espetacular testemunhando e abençoando tudo. Repertório escolhido a dedo, entre um sucesso e outro, com canjas do novo disco, ela conversava com os conceiçonenses  e visitantes felizes com tanta magia, dela, do cenário e do astral.

E ela também se empolgou com tudo aquilo que via do alto do palco, numa multidão exalando carinho e simpatia, numa beleza insuportável para quem tem o prazer do primeiro contato com Conceição e sua gente, e as suas peculiaridades. Em determinado momento, pausou e disse: “que lugar lindo, que gente maravilhosa, que felicidade estar aqui…”

E emendou mais um punhado de clássicos e novidades, com direito a “bis” de mais quase meia hora. Fantástico! Viva Gal!

Durante toda essa alegria uma quase senhora, sentada nos ombros de alguém, feliz, exibiu seus seios, manifestando a sua satisfação. No grupo de whatsapp da nossa pelada anual, mais antiga que o Projeto Matriz, alguém criticou, no que foi pronta e educadamente contestado  pelo conterrâneo Cacá Tomazzi, torcedor apaixonado do América, residente desde o século passado em Miami, com argumentos sólidos e históricos:

* “Encasquetei com os peitos no Projeto Matriz. Olha o machismo e suas mais diversas manifestações. Muito mais chocante deveriam ter sido os Festivais da Canção no Eden Clube, com aqueles rapazes maconheiros e cabeludos de calça de tergal de cores berrantes apertadas na bunda e de enormes bocas de sino varrendo a avenida. Como se não bastassem os da cidade, tinha até Holanda. Ninguém questionava se os umbigos deixados a mostra por blusinhas de malha apertadinhas eram bonitos ou feios. Mas eram rapazes, e não moças. E o doutor Reinaldinho se exibindo indecentemente de sunguinha cor de vinho no Pocinho de Água quente, imagina se fosse moça. Naquele tempo  ficávamos na pedra torcendo pra água jorrando do cano arrancar um sutien pra gente desfrutar um top less. Tamanha devassidão de rapazes e rapazinhos foi engolida a sêco pela puritana Conceição do Mato Dentro. E hoje, quarenta e cinco anos depois, as moças não podem mostrar os seios em show musical às onze da noite? Tão brincando, né gente?”

Meus caros amigos do blog, vale a pena demais conhecer Conceição, conceicionenses e adjacências!


» Comentar

Comentários:
1