No Brasil as histórias se repetem e apesar de tudo continuam se repetindo porque os exemplos não são assimilados pelas pessoas para que os problemas não se repitam no futuro. No futebol, então, é impressionante. Quando criticamos ou denunciamos abusos e ou erros de dirigentes e jogadores, grande parte dos torcedores, seja de qual clube for, nos ataca e diz que estamos a serviço do clube rival ou em defesa de algum interesse inconfessável. O analfabetismo funcional de muitos prefere que o seu clube do coração seja cercado só de bajuladores e elogios. Os problemas que sejam varridos pra debaixo do tapete.
O Cruzeiro está vivendo os piores momentos da sua história recente, dentro e fora de campo, não por falta de alertas e denúncias. A verdade é que o acúmulo de problemas se juntou, como se fosse uma represa e pode-se dizer que, agora, ela está se rompendo; a conta chegou, dentro e fora das quatro linhas. Mas ao longo dos anos muitas reportagens foram feitas em vários veículos denunciando fatos que eram rechaçados pelas sucessivas diretorias, que contavam com o respaldo de torcedores, encomendados ou não, que pressionavam jornalistas na tentativa de intimidá-los. Como os resultados dentro de campo sempre falam mais alto, essas reportagens, por mais sérias que fossem, eram esquecidas ou desacreditadas pelos dirigentes e a vida seguia.
Se o clube se endivida, mas ganha títulos, os dirigentes são tratados como “deuses”, acima do bem e do mal, intocáveis. Mesmo que a capacidade de endividamento tenha ultrapassado todos os limites. Se os cartolas estiverem enfiando o dinheiro no próprio bolso e enchendo o clube de funcionários em todos os departamentos, nenhum problema, desde que o time esteja vencendo ou disputando títulos. A verdade é que o Cruzeiro e grande parte dos grandes clubes brasileiros são administrados como as maiores estatais da nossa história. Só que um dia a “casa cai”. Aí vem outro problema: quem é que vai pagar por isso? Qual diretoria? A atual ou uma das antecessoras? Quem foi o maior culpado? O presidente, o responsável pelo futebol ou o homem das finanças? E assim como nas estatais, a legislação nacional facilita a vida dos (ir) responsáveis e no frigir dos ovos, aqueles que provocaram os rombos e caos vão-se embora, cuidar das suas vidas e as instituições que se virem. O torcedor fica com a sua dor e a sua raiva.
Essa reportagem do Superesportes mostra a cronologia da atual crise cruzeirense:
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