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Notícias dos “Hermanos”: o peso lá embaixo, Boca aguardando o River  e La Bombonera por dentro

Direto de Buenos Aires, o jornalista Fernando Rocha fala de futebol e dos encantos da capital argentina, que está boa para visitar, nestes tempos de peso desvalorizado. A coluna dele que vai circular no Diário do Aço, de Ipatinga:

“El Tiemplo”

Esta coluna foi escrita em Buenos Aires, onde estou desde a última segunda-feira, pela primeira vez como turista, uma experiência nova e  muito agradável, ainda mais por ser hóspede e ter como guia minha filha, Ana Luiza, que estuda Cinema e aqui reside há um ano e meio.

É sempre muito agradável visitar a capital portenha, mas a trabalho nunca tive tempo suficiente para apreciar suas belezas e particularidades, usar o sistema de transporte publico que funciona,  como   metrô e ônibus, circular por onde normalmente o turista comum não vai ou é levado.

Já conhecia o Estádio Monumental de Nuñes do River Plate, e o Avellaneda, do Racing, e desta vez pude vivenciar uma experiência  surpreendente e emocionante, de pisar pela primeira vez no lendário La Bombonera, chamado pelos boquenses de “El Tiemplo del fútbol”.

Pagando um preço razoável, – R$ 50 em média por pessoa-, todo turista poderá fazer esta visita, que inclui um tour guiado pelo Museu do Boca Juniors, bem como todas as instalações do lendário estádio, como vestiários, gramado, arquibancadas, locais sagrados para os torcedores boquenses.

Paixão exacerbada

Os argentinos, assim como nós brasileiros, são  apaixonados por futebol, mas admito que são bem mais intensos e  sabem como externar melhor este sentimento, seja pelo clube do coração ou pela seleção de seu país.

No caso específico do Boca, que diz ter 193 mil sócios-torcedores ativos, sua torcida faz mesmo a diferença na Bombonera, cujas instalações são modestas para a fama que possui, mas se torna um grande desafio à nossa imaginação, supor o grau de sua influência pela algazarra dos 55 mil torcedores que se comprimem nas arquibancadas vibrando e cantando o tempo inteiro.

Encontrei um clima de decisão no ar, já que na próxima terça-feira, o Boca Juniores tentará reviver alí mais uma dessas façanhas épicas, que o levaram a conquistar seis Libertadores e dezenas de títulos nacionais e internacionais.

Como perdeu o jogo de ida para o maior rival, River Plate, por 2 x 0, terá que fazer três gols ou mais de diferença, para chegar à mais uma final de Libertadores, contra o Flamengo ou Grêmio, que fazem o outro confronto brasileiro.

  • Por medida de segurança, a polícia só permite torcida única nos clássicos entre Boca x Ríver, que dividem a preferência de 70% dos cidadãos do país. Todos os ingressos foram esgotados pelos sócios-torcedores do Boca Juniores, mas como acontece em todo lugar do mundo,  cambistas agem livremente em torno do Bombonera, que fica no bairro Caminito, com fácil acesso por ônibus ou metrô. Quem estiver disposto a pagar R$ 2 mil, por uma entrada que custa em média R$ 50, conseguirá  ver e sentir as emoções do maior clássico argentino, um dos mais importantes do futebol mundial.
  • Com a economia em péssima situação, o peso argentino está muito desvalorizado em relação ao Real (1 x 14) e Dólar (1 x 60). A inflação de setembro fechou em 5,9%,  índice superior ao previsto para  este ano no Brasil (4,25%). A taxa de desemprego é 10,61%, a maior desde 2006, que significa 1.961.840 pessoas sem ocupação, aumentando consideravelmente a miséria, constatada pela quantidade de argentinos morando nas ruas. No próximo dia 27, simultâneamente com eleições gerais, será realizado o primeiro turno da eleição presidencial, onde o favorito é o candidato da oposição, o peronista Alberto Fernandez.
  • Tem sentido a fama da torcida “xeneize” (Boca) quando o time joga em La Bombonera. Desde a chegada ao estádio, a equipe visitante é submetida a uma pressão fenomenal, passando pela escolha estratégica da localização do vestiário, atrás de um dos gols e vizinho ao setor de arquibancada sem cadeiras, onde se alojam 6 mil “barra bravas”, que desde três horas antes da partida cantam e pulam sem parar.
  • No interior do vestiário estão expostas fotografias de ex-craques de vários países que lá jogaram, entre eles  apenas quatro brasileiros: Pelé, Ronaldo Fenômeno, Roberto Carlos e Neymar. Nas paredes, algumas frases antológicas em letras bem grandes exaltando a força da Bombonera  para o Boca,  com o claro objetivo de intimidar os adversários.
  • De Zico, a frase “La verdadera caldera es La Bombonera” (Um verdadeiro caldeirão é La Bombonera); Hernán Crespo: “Cuando dicen que tiembla, es verdad” (Quando dizem que treme, é verdade”;  Lionel Messi: “Jugar en La Bombonera fue una experiencia hermosa” (Jogar em La Bombonera foi uma experiência maravilhosa”;  Pelé: “Jamás sentí que sucediera un terremoto así” (Nunca sentí um terremoto como esse). A frase que mais chamou minha atenção foi a do baixinho Romário, que teria dito  “La Bombonera es lo más cercano al infierno” ( La Bombonera é o mais próximo do inferno”. (Fecha o pano!).”

* Por Fernando Rocha

Fotos: @LaBomboneraAR e @River Plate


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Comentários:
2
  • Salvador Andrade disse:

    Bela reportagem, mas vamos ao Boca x Ríver das Gerais.
    No Galo, Luan disse que os salários estão atrasados mas não vai mudar nada dentro do campo. Como assim cara pálida? De uns 10 jogos para cá, o time entra sonolento e preguiçoso, a defesa se reveza nas entregas e de 11 partidas ganhamos apenas uma. Mentira sua Luan!
    NO crucru, Zezé Perrela substitui conselheiro opositor de Wagner que ele havia indicado para gestor sob alegação, é um conselheiro inexpressivo e sem força nenhuma. Perrela que denunciou arbitrariedades na gestão de Wagner, hoje são aliados. Perrela anunciou novo patrocinador master, que seria o Pai do crucru, Salvador da Pátria do BH; agora anuncia que o banco continua. Moral da história: lá, a verdade que anoitece é mentira que amanhece.

  • Marcão de Varginha disse:

    Acaso dê Flamengo na final, que qualquer time hermano o vença; se for contra o Grêmio, que os gaúchos sejam tetra!
    – #benecyeternomito