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Vale a pena ler de novo: “O Brasil jamais produzirá um técnico como Jürgen Klopp”

Foto: Globoesporte.com

Desde os tempos do Borússia Dortmund admiro o trabalho desse técnico. Foi um jogador razoável, tornou-se comentarista de TV depois que parou até encarar a vida de treinador de futebol. E construiu uma carreira de forma brilhante, absolutamente o “sustentável”, sem padrinhos e sem enganação, situações bem típicas no mundo da bola, principalmente no Brasil.

O jornalista Martin Fernandez escreveu no dia 14 de dezembro, coluna n’O Globo que revela detalhes da personalidade dele. Vale a pena ler, demais da conta:

* “O duro caminho de Jürgen Klopp ao topo”

Técnico do Liverpool chegou ao auge porque nunca transformou derrotas em crises

O Brasil jamais produzirá um técnico como Jürgen Klopp. Não se trata de crítica, mas de constatação após ler as quase 350 páginas de “Klopp”, biografia do treinador do Liverpool escrita pelo jornalista alemão Raphael Honigstein e lançada neste ano no Brasil pela editora Grande Área.

A começar pelo fato de que, em quase 20 anos à beira do campo, Klopp está apenas no terceiro emprego. O Liverpool acaba de anunciar a renovação de seu contrato até 2024. Antes disso, o treinador esteve sete anos no Borussia Dortmund e outros sete no modesto Mainz — onde também fora jogador; primeiro um atacante limitado, depois um lateral direito mais inteligente do que talentoso. Ao longo desses períodos, não faltaram convites para Klopp aceitar outros trabalhos e nem oportunidades para seus chefes se livrarem dele.

Lançada em 2017 na Europa, a biografia não cobre as duas últimas temporadas, justamente as duas em que o Liverpool de Klopp chegou à final da Liga dos Campeões. Por um lado é uma pena. Teria sido saboroso conhecer os bastidores da máquina de jogar futebol em que se transformou o clube inglês nas mãos do técnico alemão. Por outro, é um mérito. Assim fica mais claro que sua carreira foi forjada sob “muita lama, dívidas e medo” na segundona alemã do que graças às facilidades oferecidas pelo vasto orçamento de um gigante da Premier League.

O caminho rumo ao topo não teve os atalhos proporcionados por títulos no início da carreira, como aconteceu com Mourinho ou Guardiola. A trajetória de Klopp é marcada por uma quantidade razoável de rebaixamentos, não-acessos, vice-campeonatos. O tipo de relação estabelecida com empregadores, jogadores e torcedores sempre impediu que as derrotas se transformassem em crise ou rompimento. Ao contrário.

Há uma sequência especialmente dolorosa com o Mainz, que por dois anos seguidos (e por muito, muito pouco) não conseguiu subir para a primeira divisão da Alemanha. A reação de Klopp foi declarar: “Qualquer um que nos descartar estará cometendo um erro enorme”. Na temporada seguinte, com campanha pior do que as duas anteriores, o Mainz finalmente chegou lá.

Não era só palavrório para agradar torcida sofrida de time pequeno. Houve frustrações semelhantes com os gigantes Borussia e Liverpool, com respostas parecidas do treinador. A maneira quase desdenhosa como trata as derrotas contrasta (mas também combina) com o comportamento irascível e a exigência brutal nos treinamentos. “Era insano”, resume um de seus ex-jogadores.

O livro de Honigstein disseca os aspectos táticos dos times de Klopp, detalha sua bem sucedida passagem como comentarista de TV e descreve tanto a saudade de quem trabalhou com ele quanto o arrependimento de quem não o contratou quando teve oportunidade.

Há passagens hilárias e frases de antologia, que provavelmente deixariam contrariados muitos de seus colegas brasileiros. “Uma vitória por si só não é necessariamente emocionante”, é uma. Outra: “Futebol é teatro. Se não apresentarmos um desempenho soberbo, só duas pessoas estarão sentadas ali no final”.

É tão divertido ler “Klopp” quanto ver seus times em ação.


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Comentários:
9
  • Victor Maia disse:

    Na reunião do Cru cru, a ordem vinha por detrás das cortinas… Quem manda é Perrelinha e Thiago Neves.
    Se confirmar Dudamel, como ele vai definir o elenco se ele não sabe nada do Galo? Uma coisa é certa, Otero será titular. Vamos aguardar!
    Se os empresários iriam fazer 3 ou 4 contratações de peso para Sampaoli, porque não podem fazer pra outro técnico?

  • Audisio disse:

    Alguém por favor lembre ao Emmanuel Carneiro que o Cruzeiro está na série B e o Atlético está na série A.
    O Cruzeiro não tem estádio, o Atlético está iniciando a construção de sua arena.
    O Atlético terá cotas da Sul Americana e da série A. O Cruzeiro não terá nem as da série B.
    O Atlético está mal mas não dá para comparar as perspectivas de cada um. O Cruzeiro terá no mínimo 10 mandos de campo caçados. O Atlético volta ao Mineirão.
    A dívida do Cruzeiro está maior do que a do Atlético e os horizontes diferentes. Não adianta vir na turma do Bate Bola e tentar colocar os dois no mesmo patamar. Simplesmente estão em Divisões diferentes. São dois clubes grandes, Gigantes do futebol brasileiro mas está no momento para os cruzeirenses ficarem calados e trabalharem. Penso que existe melhor possibilidade de classificação para a Séria para o América do que para o Cruzeiro. O Bangu já foi grande, O Guaraní de Campinas já foi campeão brasileiro.

  • Audisio disse:

    “Os resultados de Dudamel na Seleção Venezuelana são interessantes. Com a Seleção Sub-20, foi vice-campeão mundial em 2017 na Coreia do Sul. Hoje, ele dirige a Seleção Olímpica e a equipe principal da Venezuela.” Site Super Esportes.
    Esse argumento que o Presidente Sete Camara está utilizando para trazer o Eduardo Dudamel para ser o próximo treinador é completamente falido. Se seguirmos essa mesma lógica, traríamos de volta o campeão olímpico Rogério Micalli.

  • Cristiano Marques disse:

    Eis a Síndrome do Cachorro-Vira-lata brasileiro.
    A grama do vizinho sempre é melhor que a nossa.

  • Audisio disse:

    Os atributos necessários para compor um líder são raros. Um grande técnico é uma raridade. Foram poucos os verdadeiramente grandes. Oswaldo Brandão, Tele Santana, Mário Travagline, Dorival Knipell (Yustrich). São fruto de anos de derrota e vitórias, grande experiência no futebol, estudos táticos e profundo conhecimento e intuição psicológica. Acrescentaria Jorge Jesus nessa lista mas não Sanpaoli.
    Fico muito desanimado quando menciono esses nomes e ouço rumores de que O venezuelano Eduardo Dudamel, funcionário público da seleção venezuelana sem qualquer experiência em clubes de grande renome no continente ou na Europa praticamente será o treinador do Atlético
    Empiricamente vamos para outra aventura provavelmente com muitas decepções em pouco tempo. A diretoria está sendo ingênua mais uma vez. Sinceramente preferiria o Marcelo Oliveira ou Cuca e até mesmo Wagner Mancine. Pasmem vocês!

  • Bernardo Montalvão disse:

    Até antes da Champions e ontem era um ilustre desconhecido, mas, lendo essas reportagens, daqui a pouco 7 Câmara chama ele aqui em BH pra conversar, mesmo sabendo que já renovou com o Liverpool.

    • Alisson Sol disse:

      O Klopp era um “desconhecido” antes da Champions é o mesmo que Telê Santana era um desconhecido antes da Libertadores…

      • Bernardo Montalvão disse:

        Telê Santana ficou famoso após 82, mesmo sem levar a Copa do Mundo. Antes da Libertas já tinha títulos nacionais, depois veio a Libertas, foi quando no início da gestão Perrela, meados da década de 90, ele deu a chave da Toca para que Telê comandasse em tudo da portaria para dentro. Telê não aceitou! Informação do Flávio Carvalho na época do seu programa na Band, foi quando ao seu lado, nosso Chico Maia tripudiou, ressaltando que Telê não nutria amores pelo Crucru. Abraços e Feliz Natal!!!

      • Bernardo Montalvão disse:

        Me referi a ele em termos de Brasil… Pelo menos no Brasil, Klopp era desconhecido sim!!