Foto: Bruno Cantini /Atletico
O lateral gravou seis minutos de despedida. A fala explica os motivos do carinho da torcida com ele. O futebol é limitado e durante quase dez anos no Galo foi assim. Porém, a garra e respeito à camisa foram sem limites e isso conquistou os atleticanos, que o adotaram e passaram a perdoar falhas e atuações sofríveis. Neste período, Patric foi e voltou cinco vezes, inclusive para o Sport Recife, para onde agora foi em definitivo. Foi emprestado também para a Ponte Preta, Avaí, Coritiba e Vitória.
Sucesso a ele na sequência da carreira e na vida pessoal. Na íntegra, a despedida do “Patricão”:
* “Dezembro de 2010. Chegava um menino, com sonhos, com muita garra, em um grande clube. O primeiro encontro com uma torcida gigantesca. Eu tive o privilégio, a oportunidade, de vestir essa camisa inigualável.
Fiquei por muitos anos nesse clube, de contrato foram quase 10 anos completos. Foram cinco anos na Cidade do Galo, quatro anos fiquei emprestado, mas sempre torcendo. Do primeiro ao último dia, tentei servir com excelência. Os gols, as assistências, quando fui convocado, quando também não fui convocado, quando também fui afastado, quando treinei atrás do gol, sempre me dediquei ao máximo para que pudesse deixar o meu melhor. Errei? Errei. Falhei? Falhei. Me alegrei? Não, não me alegrei. Chorei, e chorei muito. E prometi para mim mesmo que não gostaria de errar mais. Mas o futebol nunca foi fácil, nunca foi simples, e é movido por milhões de adeptos apaixonados.
Por isso, nesse momento de despedida, não é fácil falar, não é fácil expressar. Mas eu, minha esposa, meu filho Dominic, somos gratos. Minha esposa fazendo o caminho do Independência junto do meu filho. Meu filho gritando Galo, gritando “Galão da Massa”. Tudo isso valeu à pena.
Quero agradecer o funcionário que me recebe na entrada do portão, a tia da cozinha, o Giovani, que cuida do hotel, as cozinheiras que preparam nosso alimento. Aos roupeiros João, Luciano e Júlio. Aos funcionários que limpam, pegam os lixos recicláveis e por aí vai. Agradecer todos os fisioterapeutas, médicos, seguranças. A todo funcionário, do mais simples à maior hierarquia.
Eu vivi esses anos por um sonho, por um objetivo, mas eu tenho um chamado, e esse chamado foi cumprido. Foi cumprido porque deixei um legado, assim como disse nosso atual presidente Sérgio Sette Câmara. Onde o profissionalismo, o homem sincero, reto, o mais próximo do justo prevaleceu. Eu cheguei um menino e saí do Atlético, no ano de 2020, como um homem, um pai de família, com um filho cheio de vitalidade e com todo agradecimento a este grande clube e esta grande cidade. BH, muito obrigado por nos receber tão bem. Ao povo mineiro, fica aqui meu eterno agradecimento. Ao torcedor, meu sincero abraço. Que todos nós possamos desfrutar, depois da chuva, o arco-íris. Que nós possamos, juntos, fazer um país melhor, um mundo melhor e um futebol melhor. Que o Atlético siga vencendo, conquistando. Estarei sempre na torcida.
Mas preciso me despedir de vocês. Gostaria de deixar tudo que é de coração, lembrando a vocês que nunca perdemos, simplesmente aprendemos. Um grande abraço e um grande beijo do Patricão da Massa.
Lá vai Patricão da Massa, driblou o primeiro, bateu no canto: é gooool. A bola é cruzada, o zagueiro tira, que lindo chute: é goooool. O Patric ajuda o companheiro, também sai correndo do banco de reservas para comemorar com seus companheiros que ali estão jogando. Tudo isso eu fiz por amor, amor ao esporte, aos meus companheiros. Tudo isso foi de coração.
Cada dia que vesti as chuteiras, cada dia que coloquei o manto, cada dia que o meião, o calção, foi aquele sonho que se iniciou aos quatro anos de idade, junto do meu avô e do meu pai, que chutavam a bola para mim. Com seis anos, entrei na escolinha e saí da cidade mineira para o mundo. Esse mundo é feito de oportunidades, de entrega, de desafios. Ele é feito de muita luta para aqueles que querem, para aqueles que necessitam, para aqueles que acreditam. É preciso sonhar, é preciso fazer, e é preciso viver”.”
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