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O dia em que acabou o sonho do goleiro e começou a vida do repórter

Em tempos de quarentena, vasculho gavetas, encontro e revejo antigas e queridas fotos. Ou não encontro algumas que imaginava estarem em minhas gavetas, mas as recebo via internet, essa santa tecnologia, que recupera nossa memória.

Esta semana o vice-presidente do Atlético, Dr. Lásaro Cunha tirou sarro em “ex-craques” que apareceram ao lado dele em fotos postadas por mim, sobre os três anos sem Eduardo Maluf, dizendo que, de todos, o único “federado” seria ele, os demais, “peladeiros”.

@lasaroccunha: “Únicos federados entre todos dessa foto: Malufão e Lásaro Cândido. Os demais são peladeiros e “ex-jogadores” em sonhos … RS”

O ex-presidente da FMF, Castellar Neto, retrucou:

@castellarneto: “Dr. Lásaro deve ter sido federado em outro estado. Na Mineira, nunca achei registros!”

Thiago Reis (Itatiaia), que foi um grande atacante e chegou a jogar mesmo na base do Galo, reagiu. Victor Martins, do Yahoo Esportes, outro atacante de “peso”, engoliu seco, e eu prometi a mim mesmo que encontraria documentos para mostrar ao Dr. Lásaro.

Aí me enviaram o link da página Retalhos do Passado, do facebook, que mostra pessoas e cenas antigas de Sete Lagoas, com a foto do alto deste post, que se encontra na sede do Ideal Sport Clube, tradicional clube amador da minha cidade, um grande “papa-títulos” regional. Estou lá, goleiro, campeão infanto-juvenil em 1975, com um time inesquecível. Companheiro de Ideal, também nesta foto, o ponta direita Catatau, também sete-lagoano, o único que fez sucesso no profissionalismo. Do Ideal ele foi para o Guarani de Divinópolis e de lá para o Atlético. Ficou conhecido como o “Secretário do Nelinho”, pois além de atacar, voltava para cobrir as avançadas do maior lateral direito que vi jogar. Coisa do Procópio Cardozo, o treinador que conseguia extrair tudo do potencial de um jogador em prol dos times que dirigia.

Depois o Catatau foi para o Guarani de Campinas e por lá se casou, se tornou um empresário do ramo de tintas e caixas de papelão, bem sucedido e vive lá com a família. Só aparece nos fins de ano em Sete Lagoas para rever os parentes e amigos.

Depois do Ideal, goleiro “chama-gol”, 1,76m de altura, fui levado ao Galo para um teste, pelo então vereador Paulinho Maciel, que era amigo de pescarias do Toninho Cerezo, o grande nome do Atlético na época. O diretor era o Wolnei Andrade; o técnico, Dawson Laviola. Ao fim do treino, no campo B da Vila Olímpica, me chamaram, junto com os meus “padrinhos” e o Wolnei, disse, gentil e polidamente, que eu tinha “potencial”, mas que deveria voltar no “ano que vem”, pois era “muito novo” e etecetera e tal. Na verdade, só fui aceito para o teste, porque ninguém recusaria um pedido desses do Cerezo. Naquele tempo, já nem aceitavam goleiros com menos de 1,80m, para teste. Captei a mensagem, foquei na oportunidade que tive na Rádio Cultura de Sete Lagoas e quatro anos depois estava de volta à Vila Olímpica, aí, como repórter, da Rádio Capital, que acabava de se instalar em Belo Horizonte. Comecei cobrindo o América e três meses depois o chefe de esportes da rádio, Flávio Anselmo, me escalara para cobrir o Galo. Foi como jogar o sapo n’água.

Dois anos depois o Atlético buscava o Catatau, no Guarani de Divinópolis e passamos a conviver nos treinos, jogos e viagens, como nessa foto, junto com o Éder, no aeroporto de Barcelona, em 1982, a caminho da França, onde o Galo seria campeão do Torneio de Paris.

Procópio era o técnico e o time era este, porém, com o Palhinha (ex-Cruzeiro e Corinthians) no lugar do Renato Dramático:

João Leite, Nelinho, Osmar Guarneli, Luizinho, Cerezo e Jorge Valença; Catatau, Heleno, Reinaldo, Renato e Éder.

Que prazer e honra cobrir este time e conviver com estas grandes figuras humanas.


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Comentários:
4
  • Luiz disse:

    Grande Chico Maia.
    De quarentena absoluta aqui em casa, mas te acompanhado de perto.
    Que bela história. Então você poderia ter sido um goleiro! Talvez reserva …do reserva… do reserva do João Leite! rsrsrs Não deu né! Se fosse seu sonho, uma pena…mas ganhamos um belíssimo repórter esportivo….dos melhores, como você mesmo diz, da prateleira de cima.
    Eu também tive um sonho, como toda criança tem, ser piloto de avião…até que em 1980, numa viagem de Salvador para BH, o velho boeing balançou tanto que tivemos que fazer um pouso de emergência em Montes Claros..suei igual chaleira.Há anos já tinha abandonado esse ideia e, depois desse fato,nunca mais..rsrsr, acabei indo para o lado da prancheta ( hoje computador) com meus projetos …sou feliz assim, gosto muito do que faço. Avião só em absoluta necessidade!!!
    Achei meio estranho, você falar que o Thiago Reis era “um grande atacante”…será???? Rsss
    Entendo que ele, como você, é um grande repórter…e um danado de um serrote…kkkkkk Sou fã demais desse cara.
    Esse time da foto que vc é goleiro é a pura essência do futebol amador…a começar pelos nomes
    Tonho da Lua, Gangão. Quindanga, Zola…eita. Jogador hoje , tem dois nomes, são ótimos de microfone, staff, muita ” cintura e pernas” e pouquíssimo futebol. Bons tempos esses que você viveu.
    Vida que segue.
    Grande abraço…precisamos marcar uma cerveja quando essa crise passar.
    Chega de tristeza né?!

  • DUDU GALOMAIO BH disse:

    Saudações Chico, grande goleiro dos microfones.
    Essa camisa do Galo fabricada pela Rainha era Top hein?

    Ps.: Nesse final de semana aconteceria o grande clássico da SEGUNDA DIVISÃO, América x Bruzeiro, cancelado devido à pandemia. Que pena hein? rsrsrs.

    Abraço!