Inaceitável que alguém use de sua condição social ou formação escolar para tentar desmerecer a outra pessoa. Coisa de ser humano menor. Mas, acontece, até com frequência maior do que imaginamos. Quando há flagrante, felizmente, a indignação é grande. Foi o que ocorreu domingo, no Rio, quando um casal agrediu verbalmente a um fiscal da Vigilância Sanitária. Ao se referir ao marido da mulher, como “cidadão”, o fiscal ouviu dela: “Cidadão não, engenheiro civil, formado, melhor do que você”.
Pois é! Ontem ela foi demitida da Taesa, empresa onde era funcionária. O marido, “engenheiro”, não estava tão melhor assim que o fiscal, já que estava recebendo os R$ 600 do auxílio emergencial do governo. Agora, diz que está com medo de sair de casa, por causa da reação das pessoas à grosseria dele e da mulher, registrada pela reportagem do Fantástico, domingo.
Reportagem do jornal Extra, do Rio:
* “Estamos hoje com medo da nossa integridade física. Desde o momento em que a reportagem foi ao ar as pessoas na internet começaram a nos ameaçar. Há 24 horas não dormimos, não comemos e só bebemos água. Estamos apavorados com tudo isso”. A declaração é do engenheiro que foi flagrado pela reportagem do Fantástico, da TV Globo, durante inspeção da Vigilância Sanitária, em bar da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Ele e sua mulher questionaram a atuação da equipe da prefeitura, com ataques ao superintendente de educação e projetos da Vigilância Sanitária, Flávio Graça.
“Estamos recebendo ameaças por telefone. Estão nos xingando, nos ameaçando, estamos apavorados. Eu não esperava essa repercussão. Estamos com medo de sair na rua. Não queremos nem pensar em sair às ruas”, contou o engenheiro, que pediu para não ter seu nome revelado.
Auxílio emergencial
Questionado se ele havia solicitado o auxílio emergencial do governo federal, o engenheiro confirmou o pedido e disse que até alguns dias estava desempregado e não viu problema pedir o beneficio. “Eu recebei, sim, os R$ 600 porque estava desempregado. Consegui emprego no meio da pandemia. Se for necessário, eu devolvo. Entendo que essa medida emergencial se aplica a pessoa que precisa. Naquele momento era o meu caso”, revelou. Em nenhum momento, o engenheiro pediu desculpas para o fiscal da Vigilância Sanitária.
Ele afirma que não intimidou os servidores do munícipio. ” Em nenhum momento houve agressão ou intimidação. Eu não tinha essa intenção. Como a mídia estava lá gravando, estávamos cansados (depois de um dia de trabalho) e havíamos acabado de ser expulsos do restaurante, ficamos exaltados. Volto a dizer: em nenhum momento houve agressão”, disse. “Classifiquei que eu tinha direito de falar com ele (superintendente) porque sou pagador dos meus impostos. Quis questionar a metodologia da medição e o fiscal disse que era para eu procurar a superintendência para ver como era o método estabelecido”, disse. “Então, eu me exaltei e disse que eu era o chefe dele, porque pagava meus impostos”, contou
Segundo ele, sua conversa foi gravada pelo seu telefone. Além disso, o homem afirmou que todo o tempo havia policiais militares acompanhando todo o caso. “Tinham dois PMs à minha direita. Eu nunca vou agredir alguém. Ele não me fez nada. Agressão é uma resposta a uma agressão”, defendeu o homem. Ao EXTRA, o engenheiro, que tem filho pequeno, disse que pretende fazer boletim de ocorrência e até cogita pedir proteção para o estado, no programa de proteção à testemunha.
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