A transmissão do jogo era da TV Bandeirantes/Minas, narração do José Lino Souza Barros, que apresenta diariamente o Rádio Vivo, pela Rádio Itatiaia. Comentários do Flávio Anselmo e reportagens do Flávio Carvalho. Quatro anos depois os “Flávios” me levaram para lá.
Este foi um dos gols mais bonitos que já vi e eu estava lá, no Mineirão, em 1984, dia cinco de fevereiro, no início do Campeonato Brasileiro. De acordo com o Lélio Gustavo foi o “Gol do Fantástico”, na noite do domingo. Na hora não tive a noção da beleza do lance, porque era repórter e estava atrás do gol. Mas fiquei impressionado pelos gritos do Vilibaldo Alves, que “esguelou” mais do que o normal para dizer aos ouvintes da hoje saudosa Rádio Capital, que o Éverton tinha marcado um gol que merecia placa no estádio. E que passe do Éder, hein!? Hoje, os “modernos“ chamam de “assistência”.
Foi o terceiro gol dos 4 a 1 que o Galo enfiou no Treze de Campina Grande/PB. Éverton fez mais um, Reinaldo e Catatau completaram a goleada.
O time jogava bonito demais, certamente o futebol mais avançado e veloz do país naquela época. Candidato absoluto ao título. Pelo que as senhoras e os senhores poderão ver nas jogadas dos outros gols, naquele distante 1984 o ritmo fazia lembrar a correria e inversão de lados das jogadas praticadas atualmente. Com o detalhe fundamental que naqueles anos 1980 havia mais craques e talentos nos gramados brasileiros. A Europa estava apenas iniciando a importação dos nossos melhores.
Na época, a revista Placar publicava uma edição especial que apresentava todos os times do campeonato, por ordem de favoritismo. O Atlético estava na capa, sob o título: “Pintou o Campeão?”.
Mas, o técnico Rubens Minelli, então disparado o melhor do país, bi-campeão com o Internacional (1975/1976) e campeão com o São Paulo (1977), chegou a Belo Horizonte cheio de pompa, senhor de si, fechado e um tanto arrogante nas entrevistas, para mostrar que quem mandava era ele, já que o time era uma “constelação”, com Éder, Nelinho, Luizinho, Reinaldo, Éverton …
Na estreia no Brasileiro fez 6 a 0 no Bahia. Mas Minelli usou uma expressão infeliz numa das entrevistas seguintes. Perguntado se ainda faltava algum jogador para o elenco ficar do jeito que ele queria, respondeu: “este time do Atlético é igual um ovo de páscoa; muito bonito por fora, mas oco por dentro. Ainda precisamos de várias peças…”
Daí a pouco veio uma série de derrotas “inexplicáveis” e o treinador foi demitido. Substituído por Mussula, que era supervisor de futebol, o time voltou a ganhar os jogos, facilmente. Mas já era tarde, não dava mais para aspirar título ou uma boa posição na tabela de classificação. Coisas da bola!
Nesta partida contra o Treze, o Galo jogou com: Pereira, Nelinho (Miranda), Fred, Luizinho e Valença; Murilo, Heleno e Éverton; Catatau, Reinaldo e Éder (Edvaldo). O Treze/PB: Hélio Show, Levi, Cláudio Oliveira, Aluisio e Bezerra; Edmar, Volnei (Lula) e Esquerdinha; Puma, Ricardo (Menon) e Tatá. O técnico era Lima.
O árbitro, de São Paulo, Ulisses da Silva Tavares. Público pagante: 14.246, renda Cr$ 16.415.300,00.
Éverton, naqueles tempos…
e em foto recente, quando dirigia o juvenil do Atlético, sempre de bem com a vida. Uma grande figura.
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