Blog do Chico Maia

Acompanhe o Chico

E lá se foi o amigo Toninho Abaeté!

Arlan, Chico Maia, Caio, Amilton, Janjão, Alex Caixeta,
Zenner¸ Carlinhos Moreira, Dalton Andrade, Luciano¸Daniel Fraga, Carlinhos Volpi e Toninho Abaeté.

Ano danado este 2020. Pandemia e partida de tanta gente querida. Sexta-feira é o dia que mais gosto. Esta, foi uma das piores da minha vida.

Cedo, mensagem do amigo Zenner pelo whatsapp informando que o Toninho tinha morrido. PQP, que tristeza! Mas, uma morte que se enquadra naquela famosa e antiga expressão que, principalmente nós, do interior de Minas, utilizamos muito: “descansou”.

Desde julho/agosto de 2018 ele vinha lutando contra um câncer terrível, porém, motivado pela força, crença e presença inabaláveis da esposa Ada, e pela alegria e vontade de viver que ele sempre cultivou. Resistiu bravamente.

Quem teve o privilégio de conhecer o Toninho confirma o sentimento que tenho: um dos melhores seres humanos que conheci. O sepultamento será às 10 horas, deste sábado, em Abaeté. Dessas pessoas que só fazem o bem, que não falam mal e nem têm raiva de ninguém, que só vêm virtudes em tudo e em todos e todas. Que não quer ver ninguém se desentendendo. Enfim, tipo de gente que ainda nos faz acreditar que a humanidade tem jeito. Que algum dia o Brasil e o mundo serão o paraíso sonhado.

Apaixonado pela terra natal, Abaeté, Toninho viveu a maior parte da vida em Sete Lagoas, onde ficamos amigos desde a adolescência. O nome da cidade dele virou sobrenome, e nunca deixou de manifestar o amor por Abaeté. Escreveu até um livro em homenagem à cidade. E nela será sepultado neste sábado. O irmão mais velho dele, Rafael, foi prefeito de Cachoeira da Prata, que fica a 30 quilômetros de Sete Lagoas.

Também apaixonado por futebol, e com amigos na Faculdade de Direito de Sete Lagoas, resolveu montar o nosso time, que jogava todo sábado à tarde ou domingo de manhã, em alguma cidade da região ou Belo Horizonte. Depois do jogo, muito “chá com torradas”, sem hora pra parar. Ele quase não bebia, preocupado com todos. Ficava ligado.

Fala baixa, mansa e meio fanhosa, atacante que pouco incomodava as defesas adversárias, resolveu largar as chuteiras e se tornar treinador do time, além de eterno presidente. Com os amigos da Faculdade formados, resolveu mudar o nome do time. Na verdade, eram apenas dois amigos da Faculdade: eu e o Caio do Expedito. Como nos reuníamos antes e depois dos jogos no Bar do Jorge Colete, que ficava entre as praças Alexandre Lanza e Tiradentes, sugeriu, “Time da Praça”. Unanimemente aprovado, com o acréscimo de “Tiradentes”, em homenagem ao Alferes, que comandou a guarnição em um curto período em Sete Lagoas, dizem. Informação avalizada pelo Dalton Andrade, grande professor de história e meio campista, um dos melhores jogadores do nosso time. E, modéstias às favas, era um bom time. Rendíamos mais quando os jogos eram aos sábados à tarde. Nos domingos, a maioria estava de ressaca, e só quando o Vadinho (Sargento do Exército) e o Carlinhos, irmão dele, estavam em campo. Não bebiam e jogavam muito. Um meia de alto nível e um ponta direita de muita velocidade e dribles desmoralizantes. Na zaga, outro irmão deles, Hamilton, que resolvia, na “maciota” ou na “canhota”. E o Caio do Expedito, que ria de tudo e “limpava os trilhos”, do jeito que podia. Nas laterais, tínhamos o Carlinhos Volpi (que hoje reside em Palmas/TO) e Júlio, outro bom de papo e de copo. Quando iam para o ataque faziam a alegria dos pontas adversários, e davam trabalho aos nossos volantes que raramente conseguiam evitar que os adversários chegassem na minha cara, obrigando-me a me virar. Menos mal, porque assim, meus frangos ficavam disfarçados. E não eram poucos. Zenner era meu substituto, e também curinga do time. Se precisasse jogava na lateral ou nas pontas, além de braço direito do Toninho, vice-presidente, faz tudo, da marcação de jogos a organizar uniformes e logística das viagens e rateios das despesas. Outra figura muito especial.

O time tinha uma turma mais freqüente como o Daniel Fraga, Alex e Marquinhos Caixeta, Riane, Breno Valadares, Luciano, Bebeto, Alan e convidados. Do fim dos anos 1980 até meados dos 2000, jogamos quase todos os fins de semana, torneios e amistosos. Formamos um grupo cuja amizade permanece. Os afazeres profissionais e a vida familiar de cada um foram dificultando a assiduidade e o cumprimento dos compromissos, até que tivemos que dar uma parada. Quase dez anos depois, quando o Toninho achou que era hora de recomeçarmos, veio a doença dele, que abalou a todos. Mesmo diante da gravidade da situação, achávamos que daria tudo certo. Quase dois anos depois, não deu. E como está doendo essa partida dele!

É a vida! Curta-a e curta as pessoas de quem você gosta, seguindo a dica do Renato Russo: “como se não houvesse amanhã”.

Até um dia, caríssimo Toninho Abaeté! Qualquer dia a gente se encontra.

Marcando jogo com o Raposão, veteranos do Cruzeiro, com o então presidente César Masci. Da esquerda para a direita, Maurício, Toninho, César e Zenner.

Com o presidente do Atlético, Afonso Paulino, na Sede de Lourdes, em 1992.

Omar, Riani, Zenner, Caetano (AABB), Luizinho, Toninho Abaeté, Caio, Breno Valadares, Júlio, Cristiano Andrade, Denis e Guará (ponta campeão brasileiro com o Atlético em 1981). Comemorando título do Torneio da Associação dos Ferroviários em Sete Lagoas.


» Comentar

Comentários:
1
  • Cifinha disse:

    Chico vc foi muito perspecaz em descrever meu irmão igualzinho ele era. Era agragador, gostava de reunir conosco todos os domingos para os irmãos se reunir por qualquer desculpa. Acompanhei de perto desde a UTI até a despedida. Deixou saudade que dói, mas uma paz que difícil alguém ter. Passar por tudo o que passou até pintando cabaças e admirando a natureza é para poucos. Amo e o amarei para sempre.