O português vazou na braquiária, cascou fora, escafedeu-se, depois de um mistério que virou novela na imprensa de Portugal e do Brasil.
Nada de anormal no mundo do futebol. Não foi o primeiro e nem será o último a fazer isso, muito pelo contrário. No mundo globalizado, cada dia mais capitalista, bola pra frente, a fila anda.
Toda situação semelhante só provoca “comoção” quando o treinador é vitorioso e mete o pé no traseiro do patrão. Quando o sujeito vai mal e é demitido, mesmo depois de poucos jogos, a voz geral, da imprensa e torcida, é: “já vai tarde”, e, “quem será o substituto”? Costuma nem virar manchete, já que o foco se volta para as especulações em torno do futuro dono do cargo.
Jorge Jesus foi extremamente útil ao Flamengo e ao futebol brasileiro, em todos os aspectos. Começando pelo profissionalismo que impôs na Gávea, só aceitando trabalhar com jogadores que se dedicassem 100% aos treinos e jogos. Antes dele, mesmo com contratações de grandes nomes o time não rendia. Taticamente, resgatou o futebol ofensivo, com liberdade para os talentosos criarem, que os treinadores brasileiros tinham deixado de lado, em nome do medo de tomar gols. Com seus métodos rígidos, a condição física do grupo ficou muito acima dos concorrentes nacionais e Sul-americanos, ingrediente do futebol europeu, que fez a diferença fundamental: enquanto o Flamengo voava em campo, os adversários penavam para terminar os jogos sem por a língua pra fora. As viradas e vitórias conquistadas na segunda metade do segundo tempo se tornaram comuns. A final da Libertadores, contra o River Plate, é um bom exemplo.
Dito isso, foi ótimo ter Jorge Jesus no futebol brasileiro. Grande profissional que é, vai dar sequência à carreira e ganhar o dinheiro que fez por merecer. O Flamengo, que assim como qualquer clube do país, é useiro e vezeiro em demitir treinadores sem cumprir o contrato, que tente acertar de novo na contratação de um sucessor, já que dinheiro para isso não lhe falta. Se optar por um brasileiro, que respeite-o, na chegada e na saída, como está respeitando o português. E não repita a covardia cometida recentemente por um de seus vice-presidentes com o Abel Braga: “Houve um momento, que a gente achava e discutia internamente, que ele devia estar de sacanagem; tem alguma coisa que não estamos entendendo. Ou ele bebeu, ou ele está drogado. Não é possível ele estar falando o que ele está falando”.
Na vida, quem não respeita, não merece ser respeitado!
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