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O bairrismo interesseiro no futebol e até apaixonado, turbinado pela modernidade tecnológica

Bairrismo na imprensa sempre existiu e nunca deixará de existir, porém, em muitas situações, alguns passam da conta. Em Minas, Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul, Nordeste, Centro Oeste, Norte, enfim… Brasil inteiro, cada um à sua maneira. Como a mídia nacional é dominada por cariocas e paulistas, eles têm mais eco, e consequentemente mais troco, quando exageram.

Antigamente, na maioria dos casos, era só paixão pelo clube do coração ou pelo estado/cidade natal mesmo. Nas últimas décadas, normalmente, motivado por interesses comerciais. Quanto maior a audiência nas praças financeiras mais fortes, maior o faturamento em publicidade. E dá-lhe bairrismo, planejado e encomendado pelo departamento comercial. Com a chegada da internet e tantas mídias atreladas a ela, houve uma explosão do tema. De manifestações bairristas e, em compensação, de controle da prática. O sujeito que abusa toma porrada a torto e a direito, imediata e diretamente, o que era impossível, antes da força da tecnologia.

O bairrismo, passado e presente

Até meados dos anos 1990 as rádios, TVs, jornais e revistas exerciam uma comunicação de via única, espécie de ditadura. O comentarista ou repórter impunha a opinião dele, que virava “lei”. O ofendido, injustiçado ou não, não tinha voz e quando tinha, a única opção era por meio de cartas/correios ou telefonemas para as redações, tudo bem demorado. Acabava caindo no esquecimento. Hoje o sujeito recebe uma twittada de troco, na hora, ou mensagem pelo Instagram, Facebook, etecetera e tal. Se não lê as mensagens que lhe são dirigidas, alguém dirá a ele, quase que imediatamente, que ele está tomando cacete de tudo quanto é lugar, normalmente, com palavras nada gentis.

Os bairrismos desta semana

Esta semana, tivemos dois exemplos dessa nova relação imprensa/consumidor de notícia, nos dois jogos iniciais do Atlético no campeonato brasileiro. O consagrado Gerson, o “Canhotinha de Ouro”, campeão do mundo no México em 1970, hoje comentarista da Rádio Tupi do Rio, detonou com o Galo, dizendo que tinha apostado que seria 4 a 0 para o Flamengo, que o time mineiro é ruim demais e essas coisas. Neto, ex-meia do Corinthians e do próprio Atlético, em seu comentário na Band, falou coisas parecidas, desprezando os jogadores que seriam adversários do “Timão” à noite. Ambos tomaram “contra ataques” pesados, não só de atleticanos, mas torcedores de clubes do país inteiro, que em algum momento passaram raiva com eles e com outros ocupantes de microfones da mídia nacional.

Bairrismo e ejaculação precoce

Durante e depois do jogo Atlético 3 x 2 Corinthians, outros ótimos exemplos dessa nova relação jornalista/público. O veterano Renato Maurício Prato, ex-Globo e Fox Sports, escreveu no twitter dele, depois do segundo gol corinthiano: “Sampaoli é assim. Uma grande vitória muitas vezes é seguida de um vexame. Já está levando de 2 a 0 do Corinthians, em pleno Mineirão”. Minutos depois, tomou a resposta, direta no twitter, do afiado advogado sete-lagoano Stefano Venuto Barbosa: “Ejaculação precoce, na sua idade avançada, não é comum…”

Bairrismo e troco dentro da própria casa

Ficou feio também para o recém promovido ao primeiro escalão das telas da Globo, Gustavo Villani, que tomou uma direta do colega de emissora, Chico Pinheiro, que usou a sua ironia fina. Em duas twittadas seguidas, o Chico não perdoou. @chico_pinheiro: “Galo 3, Corinthians 2. O Atlético chutou mais de 40 vezes ao gol, contra 7 do Coríntians. Além de mandar 2 bolas na trave e de 3 defesas milagrosas de Cássio. Sem falar de 2 gols anulados. E o Gustavo Villani encerra sua transmissão dizendo: “acabou o sofrimento dos atleticanos”

@chico_pinheiro: “Quero viver sofrendo assim !!!”

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Uai, e eu também!


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Comentários:
13
  • Alisson Sol disse:

    Acho que algumas análises certamente tem algum bairrismo. Mas há também de se ver “além da análise” e verificar se não há algo de verdade no que dizem. Por exemplo: no futebol atual, este negócio de “cada dia um time” e “vamos atacar” é um risco extremo. Veja que o Sampaoli, com o time da Argentina, não teve sucesso. Fizeram 3 gols contra a França. O detalhe é que levaram 4. Eu até acho bom um time atacar, mas não no estilo “vamos todo mundo”.

    De forma semelhante, apesar das duas vitórias, estou com dos dois pés atrás em relação ao time do Cruzeiro. Até agora, simplesmente não mostrou ter meio-de-campo. Os jogadores jovens estão correndo bem, mas isto não pode ser uma estratégia para campeonato. Gol de zagueiro no futebol gera sempre a preocupação: e se houvesse um contra-ataque? Vamos aguardar…

  • Sérgio Lopes disse:

    O bairrismo é lamentável na imprensa do eixo Rio-São Paulo. O jornalismo esportivo do Brasil chegou ao fundo do poço. Infelizmente, os meios de comunicação abrem espaço para ex-jogadores de futebol que jamais tiveram acesso à educação escolar. Nunca sentaram no banco de uma Universidade. A adoração exagerada dos novos “jornalistas” sem diploma como Neto, Gerson, Edilson, Roger Flores, Ricardinho, Pedrinho, Denilson, Ronaldo, Grafite, Veloso dentre outros causam antipatia e ojeriza.

  • Marcelo Satch disse:

    Oi Chico….. Essa questão de bairrismo é relativa….. relativa ao lugar onde voce está….. Paises mais desenvolvidos olham pra gente como zebras nos esportes em geral ( futebol e volei fora dessa ) e, se despontamos em alguma coisa, somos uma aberração que momentaneamente deu certo. Vindo mais pra perto, Rio e SP fazem isso com o resto do pais….. Vindo mais pra perto ainda, fazemos o mesmo com clubes do interior…. Se uma URT ou Uberaba da vida, tiver alguns jogos dignos de campeões da Champions, nossa midia da “capitarrr” vai lançar mão do termo “cavalo paraguaio”, pra dizer o minimo… E vida que segue……. Quanto ao Neto…. esse é mais uma aberração como tantas outras da TV, não limitada ao esporte. E não estão lá porque conhecem futebol ( ainda que até possam conhecer ) mas sim porque dão audiência … e audiência significa anunciantes……. Se quem os assiste e gosta tem neurônios capengas, pouco importa…… desde que lhes batam as portas das emissoras que os abrigam, empresas interessadas em divulgar seus produtos nos poucos segundos de seus intervalos….. Não é jornalismo…. são apenas negócios. Não perco meu tempo com eles, nem com RMP, Chico Lang, e outros assumidamente, mais que bairristas, clubistas

  • Raws disse:

    Gerson é um caso à parte, além de meio gago, está “gagá”. Sempre foi péssimo comentarista.
    Neto, já é um problema cultural. Um sujeito com o nível dele, jamais poderia ter acesso a um microfone, mas os torcedores dão audiência, então fazer o quê…
    “Os outros são os outros”. Muitos conseguem sobreviver graças a essas “macaquices”.
    Um exemplo fora do Tema é o tal do Felipe Neto. Nunca tinha ouvido falar, aí o cara rumina um monte de “M” e graças as mídias, eu acabo tendo o desprazer de perceber que ele existe.

  • Léo Braz disse:

    Vixi!!!! Depois dessa goleada que o Barça tomou estou morrendo de medo deles mandarem o técnico embora e virem tirar o Sampaoli do nosso Galão da Massa!!!!

  • Wagner Neves disse:

    Excelente Chico Maia, quem dera todos fossem ponderados como você que durante anos na TV teve classe para responder comentários sem base dos rivais. Aquela frase de que “a melhor resposta é em campo” deve ser um mantra para o Galo, pois na libertadores 2013 foi assim com Paulo Morsa falando besteiras e tendo de engolir as palavras depois, e na copa do Brasil 2014 não foi diferente com a mídia carioca e paulista praticamente queimando a língua, como o Luiz Penido. Que o Galo possa mais uma vez calar a voz de quem fala sem se dar ao trabalho de ao menos se informar. Abraço e parabéns pelo blog.

  • Luiz disse:

    Prezados amigos,
    Difícil mesmo é o profissionalismo, seja ele em qual esfera for. As ” derrapadas” são inevitáveis, se não forem tomados os devidos cuidados. Se eu sou engenheiro, não vou me atrever a fazer uma cirurgia em uma pessoa. Cada um na sua! Infelizmente o jornalismo esportivo está cheio dessa gente que ” acha que sabe”.Morro de preguiça! Já passou da hora do sindicato dos jornalistas enfrentar essa situação.Gente como o tal do Neto, sequer sabe escrever direito, tomando o lugar de quem sentou num banco de faculdade e ralou muito. Futebol é paixão sem razão e cada um tem um ponto de vista.Nós mesmos, os atleticanos, somos muito passionais Sinceramente desconsidero o que esses comentaristas falam. As redes sociais , também são um terror e eu não as vejo. Único lugar que frequento é esse Blog do Chico, pois aqui temos companheiros sensatos e respeitosos. Enfim, posso ser um arcaico, mas preservo minha biles.
    Abraços a todos.

  • Pedro Vitor disse:

    Parabéns ao nobre atleticano setelagoano, Stéfano Venuto Barbosa,,essa enrabada no Renato Maurício Prado, fo8 espetácular

  • Lucas H. Nobre disse:

    Normalmente, esses comentaristas com raríssimas exceções, mas a maioria que tentaram ser técnicos de futebol fracassaram, principalmente os ex jogadores de futebol. Sempre tentam comparar uma conjuntura totalmente diferente de sua época e sempre enaltecendo seus feitos. A mídia opta por falastrões na ânsia de ganhar audiência. Me lembro do Mário Sérgio, rigoroso no momento de criticar técnicos e indisciplina de atletas, aspectos que ele fracassou. E normalmente, os comentaristas falam bobagens para atrair seguidores já que falta de cultura dá Ibope no cenário atual. Falem bem ou mal, mas falem de mim.

  • Maurício Almeida disse:

    Chico, graças as redes sociais, ninguém engole absurdos de uma imprensa bairrista e seus comentaristas boçais (Caso da Band e Rede Globo em rede nacional). Quem não lembra do Paulo Morsa desprezando o Galo em 2013 e teve de engolir o mesmo campeão da Libertadores com o belo futebol de Ronaldinho Gaúcho? Perdeu o emprego, quase banido da TV. E em 2014? O senhor Denílson no mesmo Jogo Aberto fez pouco caso, só por causa da vantagem nos primeiros jogos das quartas e semifinais da Copa do Brasil? Resultado, o Atlético fez 4×1 de virada nos queridinhos da imprensa (Flamengo e Corinthians) e assim a twitada comeu solta a esses caras que fala imbecilidades na hora errada: “Chupa Band, Chupa Globo”, entre outros trocos!
    Isso sem citar o bicampeonato da Copa do Brasil 2017/18 do Cruzeiro, também em cima dos dois! Vitória dos mineiros em cima desses times, o gosto é inesquecível, marcante! E que continue assim, torcedor defende na internet, time dá o troco também em campo! Abraço, Chico.

  • Julio Cesar disse:

    Poisé Chico ! Isso é falta de profissionalismo ! Por aqui, onde às vezes ouço programas sobre futebol, os repórteres dão a ficha dos jogadores. Onde nasceram, onde começaram a jogar, por onde passaram, idade. Dos times daqui e qdo citados os de clubes de outros estados também. Me estranha as emissoras permitirem uma imbecilidade como a do Neto. O sujeito tá lá pra comentar e sequer se dá ao trabalho de pesquisar sobre os jogadores adversários. Penso que esta pesquisa já esteja disponível para a equipe porque se não estiver, a falta de profissionalismo é ainda mais gritante e inadmissível. Outra hipótese é que ele quer fazer tipo e tem até incentivo dos diretores do programa pra fazer isso. Nesse caso só ele não percebe que está fazendo papel de idiota. E como dizem ” e está crente que está abafando”.

  • Paulo César disse:

    E teve gente que apontava este tal Villani (fraquíssimo) como a grande aposta da Globo no futuro para substituir Galvão Bueno. Pensando bem… tem sentido. Aliás, dá para contar nos dedos de uma mão os bons e (relativamente) imparciais narradores dos canais ditos nacionais. Deixei de levar a Fox Sports a sério quando este canal contratou Nivaldo Prieto, Téo José, Fábio Sormani, Flávio Gomes, Benja, Mano e Osvaldo Paschoal para narrar, debater e comentar futebol nacional (?!). Pensei que estivesse assistindo a TV Gazeta de SP.

    No SporTV (canal atual do Villani), a coisa é menos pior. Mas o bairrismo é presente. Já deram microfone para, por exemplo, o ex zagueiro Edinho (pasme!).