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CBF pode ter presidente mineiro nas próximas horas: atual vice, Castellar Neto deverá assumir lugar de Rogério Caboclo

Em foto do Globoesporte.com, Castellar Modesto Guimarães Neto, que foi presidente da Federação Mineira de Futebol de 2014 a 2018. Quando assumiu, tinha 31 anos de idade, sendo o mais jovem presidente da história das federações do país.

Historicamente, nos momentos de crises nacionais, na política ou no esporte, sempre surge um mineiro para resolver situações. Isso deverá se repetir agora na Confederação Brasileira de Futebol, com o ex-presidente da Federação Mineira de Futebol, Castellar Neto, responsável pela modernização e reforma completa da entidade. Notícia do Globoesporte.com e ESPN:

* “Crise interna ameaça derrubar Rogério Caboclo da presidência da CBF”

Dirigente atravessa momento delicado desde afastamento de funcionária há três semanas; Castellar Neto é visto como possível sucessor

Por Gabriela Moreira, Martín Fernandez, Paulo Vinicius Coelho e Sérgio Rangel — Rio de Janeiro

A CBF atravessa uma crise grave há pelo menos três semanas, quando uma funcionária da entidade se licenciou por motivo de saúde. Pessoas com conhecimento da situação afirmam que ela tem provas de desvios de comportamento do presidente Rogério Caboclo, que corre risco de ter seu mandato interrompido.

A ameaça à conclusão do mandato de Caboclo foi publicada inicialmente nesta quarta-feira pela ESPN. O ge procurou formalmente a CBF no último domingo para comentar o caso. As respostas às perguntas feitas pela reportagem seriam inicialmente dadas na segunda-feira, mas a confederação adiou o envio primeiro para terça-feira, depois para esta quarta. Até a publicação desta reportagem, a CBF não respondeu.

ge ouviu críticas à conduta de Rogério Caboclo por parte de presidentes de clubes, presidentes de federações estaduais e de dirigentes da própria CBF, além de outras pessoas com acesso frequente à cúpula da entidade. A postura do presidente da CBF é descrita por seus próprios interlocutores como “errática” e “inapropriada para o cargo”.

A quem pede um exemplo prático, essas pessoas citam uma reunião realizada no dia 10 de março com presidentes de clubes. No encontro, realizado de maneira virtual para discutir a continuidade dos jogos de futebol em meio à pandemia, Caboclo se exaltou, bateu na mesa e usou um palavrão para pressionar os clubes: “Vocês estão fodidos se não tiver [campeonatos]”.

De acordo com diversos relatos feitos à reportagem, uma conduta mais grave teria provocado o pedido de afastamento, há cerca de três semanas, de uma funcionária que lidava diretamente com Caboclo na CBF. A licença teria sido solicitada por problemas de saúde. Desde então, ela está incomunicável.

Na mesma semana do afastamento da funcionária, o próprio Caboclo também se afastou da CBF. Oficialmente se tratou de uma semana de férias, previamente programadas. Mas diversas fontes ouvidas pela reportagem, de dentro e de fora da confederação, afirmam que a saída de cena foi abrupta.

No dia 4 de maio, uma terça-feira, Rogério Caboclo voltou a trabalhar presencialmente no prédio da entidade, na Barra da Tijuca. Seria um esforço, segundo interlocutores do próprio presidente, para demonstrar aos funcionários da CBF que a situação estaria sob controle. Um dia depois, o site da CBF publicou uma nota sobre a visita do técnico do Vasco, Marcelo Cabo, à entidade.

Ao longo da semana passada, a crise na CBF era tema de conversas até em círculos distantes do futebol. O que pôde ser comprovado por três notas publicadas no jornal “O Globo” no último fim de semana. No sábado, o colunista Ancelmo Gois escreveu:

– É dura a vida do presidente da CBF, Rogério Caboclo. Seu segundo problema é que alguns clubes grandes estão insatisfeitos com o modelo de organização de algumas competições.

No domingo, o colunista Lauro Jardim acrescentou mais um personagem à história:

– Para tentar estancar uma crise de muitos megatons que o assola há quase dois meses na CBF, o presidente Rogério Caboclo recorreu na terça-feira passada a Ricardo Teixeira, que nem seu aliado é. Bateu no apartamento de Teixeira para pedir ajuda.

Na segunda-feira, Lauro Jardim também informou uma reaproximação entre Rogério Caboclo e Marco Polo Del Nero, seu padrinho político, presidente da CBF entre 2015 e 2018, quando foi banido pela Fifa de todas as atividades relacionadas a futebol.

Nas últimas semanas, tanto Teixeira quanto Marco Polo Del Nero passaram a discutir a sucessão de Rogério Caboclo. O nome que aparece com mais força nessas articulações é o de Castellar Modesto Guimarães Neto, um dos oito vice-presidentes da CBF e ex-presidente da Federação Mineira de Futebol.

Marco Polo Del Nero foi indiciado pela Justiça dos EUA de cometer vários crimes de corrupção relacionados a futebol – os mesmos pelos quais José Maria Marin, presidente da CBF entre 2012 e 2015, foi condenado pelo Tribunal Federal do Brooklyn. Del Nero nega as acusações.

Ricardo Teixeira renunciou a todos os cargos que ocupava no futebol em março de 2012, quando também era investigado dentro e fora do Brasil. Ele também nega todas as acusações. Apesar de estarem formalmente afastados do futebol, Teixeira e Del Nero continuam exercendo grande influência sobre o futebol brasileiro, como foi possível observar ao longo das últimas três semanas.

O estatuto da CBF prevê que em caso de vacância do cargo de presidente, seu vice mais velho deve assumir e convocar uma nova eleição dentro do prazo de trinta dias. Dessa eleição só podem participar os vice-presidentes. O eleito comandaria a CBF até o fim do mandato atual, que termina em abril de 2023.

Ou seja, caso Caboclo deixe o cargo, Antonio Carlos Nunes teria que convocar uma eleição entre Antônio Aquino (Acre), Ednaldo Rodrigues (Bahia), Castellar Guimarães (Minas Gerais), Fernando Sarney (Maranhão), Francisco Noveletto (Rio Grande do Sul), Marcus Vicente (Espírito Santo) e Gustavo Feijó (Alagoas), além do próprio Nunes.

https://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/crise-interna-ameaca-derrubar-rogerio-caboclo-da-presidencia-da-cbf.ghtml

* “Desgaste com funcionária da CBF ligada a Del Nero faz Rogério Caboclo ‘sangrar’ e ter mandato ameaçado”

Eleito em 2018 para um mandato de 2019 a 2023, o presidente da CBF, Rogério Caboclo, vive o momento mais desgastante de sua gestão à frente da confederação. Em meio a desafios com a pandemia de COVID-19, críticas pelo seu temperamento e acalorados debates em função de um apertado calendário, outro fato faz a imagem do cartola ‘sangrar’ nos bastidores do futebol brasileiro: uma desgastada relação com uma funcionária ligada ao ex-presidente da casa Marco Polo Del Nero.

Por mais trivial que um desentendimento no ambiente profissional possa parecer, o abalo em tal relação fez desmoronar também seu prestígio no tabuleiro político ainda controlado por antigos e importantes cardeais da cena futebolística no Brasil. A situação entre Caboclo e a funcionária deixou de ser tratada como uma crise e passou a ser chamada de “bomba” nos corredores da entidade e nos encontros – virtuais ou não – da cartolagem. Entre gente da alta cúpula e dirigentes dos mais influentes no cenário nacional com trânsito diário no badalado prédio na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, mais de dez pessoas ouvidas pelo ESPN.com.br confirmaram a história e detalharam o desgaste nos bastidores.

O tamanho do caso é diretamente proporcional à ligação da mulher com Del Nero. Indicada pelo ex-presidente, ela iniciou sua trajetória como recepcionista na antiga sede da Confederação Brasileira de Futebol, em 2012, ao mesmo tempo em que Marco Polo subia degraus na escalada até o poder, na esteira da renúncia de Ricardo Teixeira. Tão logo Del Nero foi eleito, em 2014, a funcionária foi promovida e chegou a ser secretária executiva do cartola que deixou a Federação Paulista para dar as cartas na CBF. Entre escândalos e prisão de José Maria Marin, fugas e banimento de Marco Polo do futebol, ela foi mantida por Caboclo na casa, num movimento que evitaria qualquer desagrado ao ex-presidente.

Sem a presença do banido Del Nero, no entanto, o atual presidente esboçou uma independência política no comando da confederação. Enquanto a maioria de seus diretores ainda “pedia a benção” ao ex-chefe nos encontros semanais em rodas de carteado, Caboclo ignorava certas recomendações. E não se curvava a funcionários ligados a ele, como a mulher envolvida na polêmica.

O desgaste passou a ser evidente. As conversas entre o presidente e a mulher não seguiam, digamos, o tom mais adequado para uma relação. A crise explodiu de vez na primeira quinzena de abril, quando a secretária levou o caso ao conhecimento de seu ex-chefe. Marco Polo se deparou com evidências da situação e se irritou de vez com Rogério. O rompimento dos dois já vinha se desenhando há alguns anos.

Licença médica em meio à polêmica

No meio tempo da disputa entre Del Nero e Caboclo, a funcionária pediu licença da CBF. Apresentando um laudo médico, ela se afastou por 15 dias (pedido renovado por mais 30 dias) do dia a dia da confederação para cuidar de um desgaste mental causado pelo estresse das perdas de mãe e avô pela COVID-19. O afastamento foi o tempo que Del Nero precisava para tentar resolver o caso.

Com a situação em mãos, informou a seus muitos aliados que não iria tolerar mais um questionável comportamento de Caboclo. Ou o atual presidente se retrataria, diminuiria o tom e faria as suas vontades ou o ex-chefe da CBF prepararia um movimento de bastidores para tirar Rogério da cadeira que está sentado hoje.

Diante de tão delicado cenário, a funcionária que se tornou pivô da briga entre o antigo e o atual mandatário do futebol nacional optou por deixar o Rio de Janeiro e se isolar em outro estado antes de pensar em um retorno ao trabalho.

Ajuda de Ricardo Teixeira para evitar “explosões”

Avesso a rituais políticos, Caboclo se viu diante da tal bomba e teve que ceder a movimentos no tabuleiro para evitar uma possível “explosão”. O atual presidente da CBF correu, então, para o lado de Ricardo Teixeira. Na guerra, entendeu que era melhor se consultar com alguém que também tivesse Del Nero como inimigo no momento. Após uma primeira conversa com Teixeira na última semana, um novo papo com o antigo manda-chuva do futebol brasileiro deve se repetir nos próximos dias.

Como uma espécie de ouvidor da briga, Teixeira conversa com Caboclo e outros agentes da política da confederação. Na sua visão, o momento pede uma solução pacífica, sem traumas ou afastamentos de dirigentes. Assim concordam presidentes de federações mais moderados. Outros, incomodados há tempos com a direção atual, defendem um rompimento total e um movimento que possa tirar Caboclo do poder.

Barganhas políticas e até uma ação do Ministério Público – parada na Justiça desde 2018 – que questiona a legitimidade das últimas eleições, com federações tendo peso maior de votos que clubes nas assembleias, são consideradas cartas na manga para uma mudança na principal cadeira do futebol brasileiro.

Vices de olho no caso

De olho em uma possível saída de Caboclo da presidência, os oito vice-presidentes da CBF (Antônio Aquino Lopes, Antônio Carlos Nunes – o Coronel Nunes -, Castellar Neto, Ednaldo Rodrigues, Fernando Sarney, Francisco Noveletto, Gustavo Feijó e Marcus Vicente) acompanham atentamente os desdobramentos da crise vivida pelo ainda chefe.

Ele teria até 30 dias para convocar eleições em que, de acordo com o estatuto da entidade, um dos vices seria escolhido para assumir a presidência. Representante de Minas Gerais, Castellar Neto é um dos preferidos de Marco Polo Del Nero para uma eventual sucessão.

Del Nero nega. Caboclo, Teixeira e funcionária não respondem

Todos os envolvidos no caso foram procurados pela reportagem.

Banido do esporte desde abril de 2018, Marco Polo Del Nero negou o envolvimento conhecido por todos nos bastidores e foi sucinto em uma mensagem de texto: “Estou fora da administração do futebol até que meu recurso junto à CAS (Corte Arbitral do Esporte) seja julgado”.

A funcionária de licença e Ricardo Teixeira não responderam nenhum dos contatos.

A Rogério Caboclo, a reportagem enviou na última segunda-feira (10) um e-mail com seis perguntas visando ter o seu lado sobre o caso da funcionária, o desgaste interno e também as relações com Ricardo Teixeira e Del Nero. O presidente não respondeu até à publicação desta matéria.

https://www.espn.com.br/futebol/artigo/_/id/8621778/desgaste-com-funcionaria-da-cbf-ligada-a-del-nero-faz-rogerio-caboclo-sangrar-e-ter-mandato-ameacado


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Comentários:
4
  • Renato César disse:

    Esta notícia para o Galo é péssima! Quando o “atleticano” Ricardo Teixeira estava lá, ele roubou tudo que pode e que não pode. E incluiu o Galo entre seus maiores crimes cometidos (período que o Galo foi mais roubado no futebol nacional).

    A família Guilherme, também toda atleticana, ajudou a agremiação celeste a subir na vida. Também na mão grande, eram comparsas da turma celeste que o torcedor hoje está vendo o que fez com o clube.

    Vamos aguardar…

  • Alisson Sol disse:

    Presidente da CBF parece ser um cargo amaldiçoado, tipo “Governador do Rio de Janeiro”. Ninguém honesto almeja no CV…

    Pior é pular nesta cadeira tendo ex-Presidente da Federação Mineira no Curriculum. Ele era o presidente da federação que, supostamente, deveria “federar” seus clubes membros e os manter independentes mas saudáveis…
    Os clubes do interior de Minas estão quebrados.
    Os da capital: são os maiores devedores do país.
    O Campeonato Rural: é uma piada pronta em todas as divisões.
    A analogia seria a de um administrador de hospital onde todo mundo vai para a UTI e ninguém se recupera.
    É como dizia Kafunga… vai ser promovido!

  • Luís Cláudio disse:

    Desvio de conduta…Novidade nenhuma, mas o texto é vago quanto a um motivo para tamanho incêndio na toda poderosa. A rede bobo sempre que está no vermelho faz denúncias em busca de algum cala boca. O que mais me impressiona no Brasil é a força que “otoridades”, velhos caciques da política e do futebol processados e condenados, não são presos e tem muita força para tomar decisões com a maior cara de pau.

  • Rui Pereira disse:

    Esse presidente já estava na hora de mudança temos quê pessoas que não está trabalhando certo e trocar se não fazer um trabalho honesto trocar também !