Comentei: @chicomaiablog Mais algumas colunas que você ler, e estará gritando Galo, como se o fosse desde criancinha, hehehe…
 E o Dr, Stefano Venuto Barbosa emendou: @StefanoVB “E assinando o Galo na Veia Black…”
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Resumindo: o Fred é bom demais da conta. Um dos melhores textos da história do jornalismo brasileiro. Como diz o Dr. Rodolfo Gropen, que foi um grande presidente do Conselho Deliberativo do Galo: “Não só por ser atleticano, mas porque é bom mesmo, sobre qualquer coisa que escreve”.
O Fred e a patroa Fabi, com o Fidel (esq.), na casa deles em Caraíva/BA, em visita que fiz a eles em 2018.
Confira a coluna de hoje no Estado de Minas:
https://www.em.com.br/app/colunistas/fred-melo-paiva/2021/11/13/interna_fred_melo_paiva,1322548/o-galo-nao-e-campeao-o-galo-esta-sendo-campeao.shtml
“Tá acontecendo”, disse um querido amigo, como se me beliscasse. E assim, no gerúndio, me pareceu tudo muito melhor. O Atlético ainda não é o campeão porque aqui só tem Galo escaldado. E o atleticano, carcomido pelas dores do passado, é o mais patológico dos torcedores em todo o mundo: doente, porque fanático ao ponto do débil mental. Mas também porque os anos de chumbo o fizeram completamente dodói.
Assim, inventamos dificuldades inexistentes. “Contra o Corinthians será duríssimo”; “Zero a zero é vitória, temos gordura pra queimar”; “Tenso”. Mas a realidade é um Zaracho a meter duas canetas na gente. Foi dia de acender luzinha na arquibancada, de chamar a ola pra rodar o Mineirão. Enquanto lá embaixo o passeio se apresentava um baile de proporções humilhantes. Time de casados da firma contra uma equipe de profissionais.
O Galo não é campeão – o Galo está sendo campeão. E o gerúndio é uma lição de vida, porque faz do momento presente um tempo elástico e infinito. O passado já era e o futuro é ficção, o que importa de fato é viver o aqui e o agora – eis o exercício que cura desde o arrependimento dilacerante até as doenças mais graves, cura a separação e a falta de um casamento.
O gerúndio é a maior viagem. Acredite, atleticano: melhor se entorpecer dele do que propriamente chegar ao destino. Engalfinhe-se na carnificina por um ingresso, mas vá ao Mineirão enquanto é tempo. “TIRA A CAMISÁ! TIRA A CAMISÁ”, cantávamos nos anos 90. Pois vá lá rodar a camisa em direção aos céus, cantar até o infarto iminente, beber tudo que puder e abraçar os desconhecidos na hora do gol, como se não houvesse a COVID e nem o amanhã. Porque, enquanto tiver o gerúndio, o amanhã terá de esperar. E, por ora, aproveite, porque vigora a lei: ao atleticano está proibido morrer.
Houve com um diretor de Redação, jornalista famoso, que detestava o gerúndio (não o dizia sequer em carta). Para ele, o governo nunca estava tirando dos pobres para dar aos ricos – estava a tirar. A Faria Lima não estava apoiando um miliciano – estava a apoiar. Trabalhava com a gente o Nirlando Beirão, corintiano e atleticano, infelizmente nessa ordem (que conflito de interesses deve ter-se estabelecido em seu coração no bailão de quarta). O gerúndio é tão perfeito que Nirlando morreu, mas Nirlando não morre, segue com a gente, bem, a nirlar.
Lá nas mesas redondas de São Paulo perguntam quando o atleticano vai se dizer campeão. O atleticano silencia, pois o mineiro que produz queijos e possui bancos sabe que aquele que fala por demais acaba dando bom dia a cavalo. “Sigamos confiantes e contidos”, rezou um amigo com sua barba de Maomé, uma vida inteira a esperar (quer dizer, esperando) o nosso título impossível. “Só uma tragédia tira esse campeonato do Atlético”, diz o paulista na televisão. Amigo, de tragédia temos mestrado, doutorado em Harvard, pós-doc e uma edição inteira da Lancet.
No gerúndio produzimos o silêncio que precede a explosão. Que ela chegue repleta do mais louco amor que se possa imaginar. Que a gente chore tudo que tiver pra chorar, porque o atleticano é uma pessoa tão maravilhosa que, diante de todo o sofrimento que viveu, em vez de ficar amargo ele desaprendeu a chorar nas derrotas e passou a chorar apenas nas vitórias. Que essa explosão acorde todos os atleticanos mortos, aquele seu tio, o meu primo, o Felipe, filho do Wagner, aquele outro que morreu no Independência. A gente era menino e achou que veria isso com nossos pais, escreveu o jornalista Victor Martins. Vamos ver com os nossos filhos. Que sorte eles têm!
Encontro no Twitter a imagem do meu menino no Mineirão lotado (foto). A camisa na mão, rodando. Os braços abertos pra Massa, a mão espalmada pro alto, a expressão da garra e da mais louca alegria. Ele tem o peito nu, tão menino, tão criança. Seu pai, eu, de costas do seu lado. Eu não sou velho, segundo a fotografia. Prova de que ele ainda é o meu menino. O gerúndio paralisado na fotografia. O retrato cuja legenda seria: “Está acontecendo”.
Tomara que dure para sempre, e que nunca chegue a hora em que ele, atleticano velho, vai olhar esse retrato na parede como a gente olha aquele outro – dos atleticanos girando as bandeiras sobre o teto de um ônibus parado na orla de Copacabana em dezembro de 1971. Nunca importou se era ou não era 71. O passado e o futuro não existem, a verdade mora é no gerúndio.
“Lutar, lutar, lutar”, o filme do Galo, chega aos cinemas neste fim de semana nos principais shoppings de BH e também no Belas Artes. Além de RJ, SP, Brasília, Porto Alegre, interior de Minas. Vá fornido de muito lenço, porque este Galo é uma máquina de fazer a gente chorar.

24 Responses

  1. Meu sonho é o Galo carimbar o título no Mineirão, contra um time qualquer e, faltando 5 minutos para o fim, a torcida cantar: Ai Ai Ai, Ai está chegando a hora, o dia já vem raiando, meu bem, e eu tenho que ir embora. PutaMerda.

  2. Meu sonho é o Galo carimbar o título no Mineirão, contra um time qualquer e, faltando 5 minutos para o fim, a torcida cantar: Ai Ai Ai, Ai está chegando a hora, o dia já vem raiando, meu bem, e eu tenho que ir embora.

  3. Fred é dos bons, mas só uma coisita sai gaciba então Alicio pena júnior, persona no grata, abra o olho diretoria nada é por acaso, vão mover céus e terra para nós atrapalhar.

  4. Acho que não existe maneira de comparar dois atleticanos brilhantes, mas o Fred me lembra o Roberto Drumond, sem comparações, só uma lembrança!
    Parabens Fred!!

  5. Em verdade, eu noto um certo pânico em certos amigos atleticanos. É o famoso “E agora? Se quando o time realmente é melhor que os outros vence o campeonato, como fica a velha desculpa de que não vence devido ao juiz?? Vamos reclamar como?

    O problema do fim da desculpa é que não tem volta… É como título: para sempre!

  6. Texto maravilhoso!
    Estou aqui dividido em dois extremos de emoções. De um lado o Galo quase nos dando um bicampeonato depois de meio século de suores e lágrimas por roubos ou derrotas, e que eu espero seja dessa vez. De outro meu irmão, vivendo através das máquinas preso aos tubos, oxigênios, sedado e inconsciente há muitos dias no CTI do Biocor, esperando a vontade de Deus, que eu espero não seja dessa vez. Queria muito dividir esse abraço campeão com ele, em vida! Amém.

    1. Prezado Luiz,

      Que Deus em sua infinita misericórdia conceda a seu irmão uma pronta recuperação. Tive um amigo que foi hospitaizado, entubado e conseguiu sair do hospital, vencendo a Covid.

      Grande abraço!

    2. Caro Luiz, a família sempre sofre muito também, espero que ele se recupere, é possível sim, se ele está lutando sempre há chance. Lutar, lutar, lutar … a vida da gente é isto … com um pouco de sorte, se recupera a tempo para a festa do título !! Estou na torcida, abraços.

    3. Luiz, aguarde com paciência o tempo de Deus: infalível como é, Ele lhes concederá mais essa graça! “Peça â Mãe que o Filho atende”.. Força, acredite!

  7. É isso aí, está acontecendo, estamos participando da jornada, que é o mais importante. É uma história que é nossa. Não consigo entender torcedor de sala de troféus.

  8. Ler as colunas do Fred sempre foi um grande prazer. Algumas pessoas tem o dom prá música, outras prá determinada coisa e o Fred tem o dom das palavras, de saber traduzir o sentimento de atleticanidade de cada um de nós. Porque, já se disse, não sei quem ser torcedor é uma coisa, ser atleticano é algo muito diferente. E só o Fred consegue expressar esse sentimento, que jã nasce, que está no DNA de quem torce prá esse clube. E que momento estamos vivendo. Eu, que com 63, ví muitos momento ruins do Galo, inclusive numa série B, hoje estou com o peito cheio de alegria e quase explodindo, esprando apenas a cofirmação de um título que ei ví, quando tinha 13 anos. E que bom que, demorou, mas vai chegar o dia de soltar esse grito preso, entalado na garganta. E ainda pode acontecer de comemorar outro grande título logo depois. Haja coração. Mas, eu sempre disse, que o atleticano morre de tudo. Menos de coração. O nosso é muito forte. Valeu Fred. Valeu Galo. Ahhh… E o Galo??? O Galo ganhou. O Galo ganhou. O Galo ganhou.

  9. Desde que começou à “acrescentar” política em sua coluna, parei de “seguir” o Fred e hoje por indicação do grande CM abri exceção e li mais essa… continua com a inteligência de sempre sabendo traduzir o sentimento alvinegro nas veias, porém, ainda mantém sua linha de politiqueiro. Se não fosse esse detalhe, continuaria sendo seu leitor.

  10. A história está aí e só não vê quem realmente não quer: estamos calejados de sermos prejudicados pela arbitragem. Entra e sai campeonato, o Galo e outros clubes estão lá sendo descaradamente prejudicados pelos sopradores. Quem nunca foi prejudicado pela arbitragem que atire sua pedra e devolva títulos via fax, abandonando de vez a conivência retirando a mordaça no caso das falas daquele dirigente.
    #benecyeternomito

  11. Chico, boa noite,

    E o grande decacampeão de minas meteu 3a1 no imortal que mais morre, o Grêmio de Foot-Ball Porto Alegrense, ou seja, enfiou a faca e torceu até o cabo lá dentro, sem sangrar.

    Destaque para a grande torcida que compareceu ao Horto. Como diria o Tião das rendas: _Emanuel, óia o púbico e renda do jogo, púbico de 3.157 pagantes para uma espetacular renda de R$43.347,50, essa torcida é diferenciada e presente mesmo, Emanuel. Com essa fortuna o Alencarzim vai pagar a… o…a… deixa pra lá…

    Estou torcendo agora pra essa segunda força de minas o Cuei rumo a Libertadores em sua primeira participação. E o Mancini, hein? Tô só esperando a notícia de sua demissão e ele vai abraçar o Lisca Doido, aquele “profissional” que faz chacotas dos times que ganha como fez com Curintias, Cruzeiro e outros…. É assim mesmo, o técnico sai de um time pequeno para ganhar mais dinheiro no grande, mas o resultado em campo não é o mesmo e acaba demitido.

    Vem cá Grêmio, vem fazer companhia ao Cabuloso na segundona de 2022.

    E viva o Coelhoooo….viva o mequinhaaaaaaa….

  12. Fred Melo Paiva é o comentarista político que melhor escreve sobre futebol.
    Certeiro, sagaz e romântico…um excelente jornalista nos dois ramos.
    Para a nossa sorte ele está do lado bom e certo nos dois assuntos.
    Essa semana irei assistir ao filme que ele é um dos roteiristas e produtor, sobre a história do Atlético e da sua torcida: “Lutar, lutar, lutar – O filme do Galo”
    https://youtu.be/VIXde4pmLRk

    Vida longa ao Fred e ao Galo.

  13. Chico, vc pode não acreditar, mas eu assino o EM só pra poder ler a coluna do Fred. Às outras, confesso, eu nem “tchum”, kkk.
    O cara é foda mesmo. Desde que não ponha o raio da ideologia política no meio (ele tem essa mania); aí eu fico puto, pois só me interessa ler sobre o GALO, já que a coluna dele se chama “Da Arquibancada”.

    Vida longa ao nosso “infiltrado”.

  14. De chorar!
    Fred Melo Paiva é sensacional. É um artista da palavra, da construção das frases
    Ainda recorro aos vídeos no YouTube para rever O infiltrado.
    Off topic: Quem não recebeu edição do vídeo do Rica Perrone, está disponível no canal no YouTube.

  15. Esse aí, como poucos, exprime em palavras a essência do atleticano, viva de geração a geração. Como perdi o costume de comprar o jornal impresso e tampouco assino o digital, não tive mais contato com seus textos.

  16. ATLETICANO DE VERDADE !!!..
    Torcedor Fervoroso que sou do CRUZEIRO ESPORTE CLUBE, desde 1.900,,, e KAFUNGA, não posso deixar de Parabenizar a este Irmão de arquibancada (mesmo sendo adversário no esporte), por ( uma DECLARAÇÃO DE AMOR EXPLÍCITA A SEU TIME DE CORAÇÃO)…
    Me fez ¨¨viajar¨¨ nos velhos tempos de ouro do futebol nas décadas 50,60,70 e 80; quando se praticava
    o futebol de VERDADE, de AMOR A CAMISA do TORCEDOR E DO JOGADOR..
    Tempos de Colunistas-torcedores Fanáticos por seus Clubes: ROBERTO DRUMONND, Atleticano, MIGUEL SANTIAGO, Americano e J.A.FERRARI de LIMA: Cruzeirense…
    Assinante do ESTADO DE MINAS E DIÁRIO da TARDE, meu Avô SEBASTIAN todos os dias acompanhava o¨ duelo¨ dos comentaristas em suas colunas…
    Particularmente eu gostava de ler pela Ordem: ROBERTO DRUMONND, J.A.FERRARI e MIGUEL SANTIAGO…O Detalhe de Ler primeiro o ROBERTO, era que as suas Gozações sobre CRUZEIRO E AMÉRICA eram Respeitosas; e quando falava sobre galo, desmanchava-se em elogios e sempre minimizava as derrotas, sem criticar o técnico e os jogadores( Seus Comentários pareciam POESIAS) ; é dele o **slogan** *CHINA AZUL* à Torcida do CRUZEIRO, Reconhecendo o Crescimento da Torcida AZUL-CELESTE com o Advento do MINEIRÃO, mesmos nossos colegas Atleticanos não vendo com ¨bons Olhos¨¨ o Elogio à torcida Adversária…
    Como dizia meu AVÔ: Eu Gosto do ROBERTO DRUMONND, porquê ELE é Torcedor de VERDADE; (Igual a mim)..
    RESPEITO é BOM A QUEM MERECE RESPEITO !!.. Até no futebol,,,,,,,,,,,
    Boa SORTE Á TODOS !!!…
    CRUZEIRO SEMPRE !!!..

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