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“O sono do atleticano”. Mais duas ótimas crônicas do Dr. Gerardo Figueiredo Jr.

Foto: www.atletico.com.br

Mineiro da gema, grande advogado, residente em São Paulo, Dr. Gerardo andou sumido com suas crônicas, mas felizmente retornou. Incentivado por muita gente, em especial, dois amigos comuns: o meu conterrâneo, médico Ricardo Godinho e o curvelano, Delegado de Polícia Civil, André Pelli.

Vale pena curtir até a justificativa dele por ter voltado a escrever:

* “Meus Queridos, saudações atleticanas!”

Há muito tempo deixei de escrever sobre o Galo.

Aconteceu um pouco de tudo nos nos últimos anos, perdas e conquistas que me fizeram perder um pouco a vontade de escrever. Durante algum tempo, tive a sorte de contar com a bons amigos que circularam meus e-mails e fizeram crescer o número de torcedores que puderam conhecer um pouco dessa paixão que nos une, descrita por um humilde escriba que nunca quis mais do que manter por perto os amigos espalhados por este mundo.

E se ao menos uma pessoa pudesse ler o que escrevo e responder, já seria o suficiente!

Recentemente, um novo amigo me fez escrever novamente e a vontade começou a brotar, ainda que timidamente.

Pois, acordei hoje pensando no momento atleticano e, antes que digam que só escrevo quando estamos por cima, aos que me acompanham eu gostaria de lembrar que meu primeiro texto foi enviado um dia após o fatídico 6×1 para um rival que quase nem existe mais.

Espero que gostem!

Abraços.

Gerardo Figueiredo Jr

* “Um grito entalado na garganta!”

Um turbilhão de sentimentos está passando por mim neste momento. Aquele grito preso, inflando os pulmões há décadas, e que parece cada dia mais próximo de explodir! Por outro lado, uma cautela que me impede de completar a frase “é campe…”.
Preciso aprender a lidar com isso, mas confesso que não está sendo nada fácil. O atleticano não foi forjado para abraçar a vitória antes da hora e, muitas vezes, nem temos certeza se ela aconteceu. Precisamos assistir ao replay para confirmar se o Victor realmente defendeu aquele pênalti em 2013!
Certa vez, estava conversando com o campeão do mundo Mauro Silva e disse a ele que torci muito para aquele chute entrar na final de 1994, contra a Itália. Ele me respondeu que torce até hoje!
O atleticano é assim! Cada vez que a partida contra o Tijuana está na TV, olhamos tensos para a tela apenas para ter certeza de que, desta vez, a bola não entrou! Somos assim, fazer o quê?
Difícil não pensar nos jogadores de 1977, encarando o catimbeiro Waldir Peres e vendo o sonho do título invicto se esvair naquela fatídica cobrança de pênaltis ou, ainda, cada vez que o apito “amigo”, mas amigo dos outros, nos tirou a chance de decidir um campeonato apenas na bola.
A decepção de cada um desses jogadores pode estar perto de ser vingada, como bem cabe à figura do Galo Vingador que inspirou o artista Mangabeira a traçar as linhas de uma mascote que praticamente rebatizou o Clube Atlético Mineiro.
Quanto ao grito preso, melhor segurar só mais um pouquinho! Afinal, o mineiro sabe como ninguém que é preciso ter paciência, prudência! Em todo caso, CBF, anote aí certinho o CEP da sede de Lourdes para não se confundir na hora de empacotar e enviar a taça, ok?”

***
* “Está difícil para o atleticano acordar ou se deitar sem pensar no tão sonhado título!
Somos cautelosos por natureza, ou melhor, por obra e graça de uma história que mistura injustiças, má-fé e, precisamos admitir, incompetência.
Quantas vezes assistimos ao título escapando entre os dedos?
E por que seria diferente agora? Esse Galo passa uma extrema confiança. Conseguimos formar um grupo de jogadores que sabem o que é vencer e com experiência para não se abalar nos tropeços.
Dá gosto de ver o Diego Costa protegendo a bola quando é preciso ou brigando com zagueiro quando a partida pede um pouco mais de provocação! Assim como a vontade do Hulk supera os dias nos quais o melhor futebol não aparece.
E o que dizer do Everson? Quantos atletas suportariam a pressão dos primeiros erros?
Vargas, questionado, mas sempre disposto a buscar a superação. O gol não sai? Tudo bem, vamos contribuir taticamente, com um passe preciso, com luta.
O próprio Guga, marcado mais por torcer para o time errado do que do que propriamente pela qualidade (ou falta dela). Podemos criticá-lo por algumas jogadas,
mas jamais pela omissão, por não deixar de buscar o apoio do torcedor.
Estamos cada dia mais próximos do que muitos nem viveram, o título brasileiro. E pode vir acompanhado da segunda Copa do Brasil, ou seja, aquela idiotice de time sem bicampeonato (uma inverdade, por sinal), precisará passar por uma revisão, mas
convenhamos que está difícil para quem não é Galo criar algo convincente.
Enquanto isso, tentarei dormir, mesmo sabendo que será cada vez mais difícil pegar no sono sem assistir à reprise dos últimos cinquenta anos como torcedor, no meu caso, toda uma vida!”

* Gerardo Figueiredo Jr.

***

Pois é, texto da melhor qualidade. Só discordo quando ele dá moral demais pro Guga. Dizem que é uma ótima pessoa, mas como lateral do Galo; para mim, um enganador!


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Comentários:
1
  • Silvio Torres disse:

    Espero, com todas as minhas forças, que quem dirige o Atlético não esteja caindo como um pato no discurso do já ganhou que tomou conta da mídia e de grande parte da torcida. Se isso contaminou o ambiente dos jogadores, o palco de mais uma tragédia está armado a partir de hoje. Vou morrer repetindo para os bobos alegres: textões como esses aí, SÓ COM A TAÇA NA MÃO!