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Crime contra a Serra do Curral: as mineradoras mandam no Brasil desde os tempos da colônia, mas agora com ganância e força avassaladoras

Até hoje empurram com a barriga as vítimas dos crimes mais pesados e recentes, de Mariana e Brumadinho. Compram consciências públicas e privadas; legislativas, executivas, judiciárias, midiáticas e de entidades de classe. Atropelam sem dó quem se atreve a entrar no caminho delas.

Meses atrás, em suas participações no Bom Dia Minas, da Globo, o Chico Pinheiro passou a bater forte e protestar na devastação das montanhas das margens da BR-040 e o estrago que elas promovem impunemente. Tomara que o anúncio da saída dele da emissora, esta semana, tenha sido mera coincidência. Ele inclusive lembrava uma frase muito falada pela juventude dos anos 1970: “Olhem bem as montanhas”.

Pois as mineradoras continuam levando o ouro e o diamante delas, dizendo que é só minério de ferro, como se essas riquezas tivessem se esgotado no alegado “fim do ciclo”, nos séculos XIX e XX. Nos engane; pois gostamos!

Agora partem na cara dura para cima das montanhas que cercam a capital do estado. E se a mobilização da população não for gigante, adeus! Já já os efeitos dessa perversidade serão sentidos diretamente, na pele, por todos. A essa altura já deve ter sujeito até gastando o dinheiro que ganhou para autorizar a exploração da Serra do Curral.

Hoje de manhã, o Junior Moreira comentou com o Eduardo Costa, na “Conversa de Redação”, da Rádio Itatiaia, que nunca viu uma reação tão forte da sociedade em geral, contra a liberação pelo Copam – Conselho Estadual de Política Ambiental -, para que uma mineradora acabe de arrebentar com o que resta da Serra do Curral, quase no centro da capital de Minas Gerais.

É verdade. Menos mal. Alguns minutos depois de ouvir o Moreira, abri o jornal Zero Hora de Porto Alegre e estava lá, na capa:

“Prefeitura de BH vai à Justiça contra aval a mineração na Serra do Curral”

Reportagem a Agência Estado, assinada excelente jornalista, Aline Reskalla, moradora de Belo Horizonte.

* “ESTADÃO CONTEÚDO Aline Reskalla, especial para o Estadão”

A liberação de um projeto de exploração mineral na Serra do Curral, na Grande Belo Horizonte, na madrugada do último sábado, 30, tem motivado a reação de ambientalistas, especialistas e comunidades próximas ao empreendimento. Em apenas dois dias, já são pelo menos quatro ações judiciais contra a votação ocorrida no Conselho de Política Ambiental (Copam), órgão estadual – um dos processos é movido pela prefeitura da capital mineira, que pede a suspensão da licença à Justiça Federal.

O projeto prevê o desmatamento de 41 hectares de vegetação nativa remanescente de Mata Atlântica – o dobro da área construída do Estádio do Mineirão. Desse total, seis hectares estão em uma Área de Preservação Permanente (APP). O processo de exploração, da empresa Tamisa, está previsto para duas etapas: na primeira, espera-se extrair 31 milhões de toneladas de minério de ferro ao longo de 13 anos. Na segunda fase, está prevista a extração de 3 milhões de toneladas de itabirito (um tipo de rocha) friável rico, com dois anos de implementação e nove de operação. A mineradora diz que o empreendimento segue as normas.

BH argumenta que ação foi protocolada no âmbito federal porque o conjunto paisagístico da Serra do Curral é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1960. “A atividade de mineração provocará a alteração do perfil do alinhamento montanhoso objeto do tombamento”, diz.

A prefeitura também argumenta que o Estudo de Impacto Ambiental excluiu da área demarcada o território de Belo Horizonte, apesar de o empreendimento de mineração ficar na área limítrofe entre a capital, Sabará e Nova Lima, sendo a última a única consultada no processo.

O governo ressalta ainda, na ação, que o empreendimento está perto de parques municipais, especialmente o das Mangabeiras, inserido da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço e vê risco grave ao abastecimento de água da região – o Rio das Velhas, que passa pela região da Grande BH, é um dos principais afluentes do Rio São Francisco. Outras ameaças apontadas pela prefeitura, e também por especialistas, são à fauna e à atmosfera.

Desde março, a prefeitura é ocupada por Fuad Noman, que assumiu o lugar de Alexandre Kalil (PSD), que vai disputar o governo do Estado nas eleições de outubro. O principal adversário de Kalil é o governador Romeu Zema (Novo).

As outras três ações foram protocoladas pela Rede Sustentabilidade, pelo deputado Rafael Martins (PSD) e pelo mestre em Direito Thales Freire. Ele pede que a Justiça suspenda a autorização dada pelo Copam à mineradora e estabeleça multa de R$ 1 milhão caso haja dano ao patrimônio e ao meio ambiente.

Empresa diz que empreendimento é regular

Oito conselheiros do Copam votaram a favor da licença, e quatro se manifestaram contrários. Todos os representantes do governo estadual se posicionaram pela aprovação do projeto. Procurados, o Estado e a mineradora Tamisa não retornaram aos pedidos de esclarecimento do Estadão. A Prefeitura de Nova Lima também foi procurada e ainda não se pronunciou.

Em nota divulgada à imprensa no último sábado, a Tamisa afirmou que o licenciamento foi aprovado “democraticamente” e um grupo organizado de pessoas tentou “inviabilizar a reunião virtual inscrevendo mais de 200 participantes para falar”. “A Tamisa considera que a opinião de um grupo organizado, com interesses pessoais e políticos, que vem divulgando informações distorcidas sobre o projeto, não deve inviabilizar um empreendimento regular, em conformidade com a legislação, que beneficia toda a sociedade”, diz trecho da nota.

Pedido de CPI

Os questionamentos à licença concedida pelo Copam ocorrem também na Assembleia Legislativa de Minas. Na tarde de segunda-feira, 2, a deputada estadual Ana Paula Siqueira (Rede) protocolou um pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a concessão da licença “tendo em vista as circunstâncias que envolvem o projeto e o tempo recorde de análise do processo”.

https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2022/05/prefeitura-de-bh-vai-a-justica-contra-aval-a-mineracao-na-serra-do-curral-cl2q8kbcs002y01ghxe9mexg2.html

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Comentários:
6
  • Carlos Henrique disse:

    Absurdo, a tagedia de Mariana, naoseviu de liçao
    a Vale e a empresa australiana, demorarama recuperar o rio Doce
    a construir a vila soterrada, bento Rodrigues
    a tv Horizonte fala todo dia do perigo das mineradoras
    que país é esse
    a vida Humana neste país de M… nao vale nada
    essa D.so pensa no lucro, indigenas dizimados como os Yanomanis
    india de 10 anos mora e estrupada, por ggarimpeiros
    e o Presidente, a favor de mineraçao em terras indigenas
    a vida humana nao vale nada para esse pessoal, so o lucro
    se esse cara ganhar a proxima eleiçao
    os indios serao dizimados, nao existira , comunidade de quilombolas
    agricultura familiar, vai tem fome , mais gente dormindo na rua
    é o Lucro, trabalho ganho meu dinheiro e pago bem meus funcionarios
    ma minha pequena propriedade
    mas nao penso como esses abutres

  • Jerônimo disse:

    Com uma federação das indústrias que pensa e age assim, Minas Gerais está na rota da destruição: https://www.hojeemdia.com.br/minas/fiemg-defende-minerac-o-na-serra-do-curral-e-diz-que-comoc-o-e-resultado-de-fake-news-1.897503

    Nunca a FIEMG teve um presidente tão irascível, pedante, prepotente, desumano, hipócrita, sombrio. Não a toa…esse Roscoe é bolsopata de carteirinha.

    Essa atuação deletéria do COPAM, aliás, vem de um bom tempo: https://conflitosambientaismg.lcc.ufmg.br/noticias/suppri-e-copam-utilizam-estrategias-arbitrarias-para-beneficiar-mega-mineradoras-que-colocam-em-risco-populacao-e-meio-ambiente/

  • Raws disse:

    Depois que construíram o maior mineroduto do mundo aqui em Minas, Levando nossa água para jogar no mar, nada que as mineradoras façam me causarão surpresa.
    Com tanta projeção de falta de água doce no mundo, chega a ser um crime contra a humanidade. O pior é que não são só os políticos e responsáveis para fiscalizar que aprovam essas aberrações, a população local fica bem feliz com o “faz me rir”.

  • Ives Souza disse:

    É aquele trem: Minas “começou” e vai “acabar” por conta da mineração.

    Salvemos-nos todos ou salvemos-nos ninguém?

    Perdoai-os, pai. Eles só sabem o que fazem.

  • Raul Otávio Pereira disse:

    Tá dominado. Farão o que quiserem, onde e quando quiserem.

    Fodam-se o clima, os índios, a mata atlântica, a fauna, os rios e tudo mais.

    O dinheiro é mais importante.

  • João Cavalieri disse:

    Caro Chico, caso isso ocorra será a pá de cal em nossa cidade e irei acelerar meu projeto para mudar de BH, ir para uma rocinha por ai.